Pauta de Anderson Cleiton da Silva

Cadeiras de visitantes vazias. No plenário da Câmara de Vereadores, essa é uma visão comum. São raros os exemplos em que o salão onde são votados todos os projetos de lei que alteram o rumo de Joinville esteja cheio.

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Para os vereadores, a culpa é do horário das sessões, que ocorrem às terças, quartas e quintas-feiras, às 17 horas. Mas, para acadêmicos, o principal vilão do baixo clero assistindo à tomada de decisões dos políticos é o descompasso entre os parlamentares e a população.

É isso o que pensa o professor Eduardo Guerini, que dá aulas de ciências políticas na Univalli.

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– O baixo público nas sessões é o exemplo da falta de qualidade de representação política e a dificuldade de parlamentares voltarem o mandato para a população e não para seus partidos ou para quem financiou suas campanhas – avalia.

Flávio Ramos, professor de ciências políticas e sociais da Univille, acredita que a única forma de mudança nesse cenário seria garantir a alternância política, com a renovação dos quadros.

– Renovar devia ser a palavra de ordem. Com isso, seriam deixados de lados aqueles representantes que querem fazer do cargo algo vitalício e que acabam não tendo vínculos com a sociedade – argumenta.

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Para o presidente do Legislativo, Odir Nunes (PSD), o horário da sessão até poderia afastar parte do público em outros tempos, mas hoje, devido ao uso da internet, as sessões têm grande número de espectadores.

– Twitter, Facebook, os canais que transmitem a sessão da Câmara, além do vídeo do site, trazem grande repercussão aos atos do Legislativo. Acredito que as ações estão bem divulgadas – diz.

Mesmo assim, para alguns vereadores, o grande entrave da questão é o horário da sessão.

– Às 17 horas, todos estão no trabalho. Isso complica para o trabalhador – diz Jucélio Girardi (PMDB). Manoel Bento (PT), líder do governo, também vê o horário como principal vilão, mas acredita que uma divulgação extra ajudaria.

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– Falta as pessoas saberem que haverá sessão – diz.

Já Maurício Peixer (PSDB) acredita que a solução seria passar o horário para mais tarde.

– Se começasse às 19 horas, daria tempo para as pessoas chegarem – comenta.

No ano passado, vereadores pensaram em mudar o horário para a manhã, entre 10 horas e meio-dia. A mudança estava dentro da votação do novo regimento interno. Mas decidiram manter as sessões entre 17 e 19 horas. Mas não são todos que culpam o horário pelo baixo público.

Para Dalila Leal (PSL), só haverá mais pessoas quando houver uma cultura diferente do processo político.

– As pessoas não entendem o que fazemos aqui e, por isso, não aparecem – diz.