Uma ação terrorista que seria perpetrada por forças iranianas no Brasil, segundo informações da inteligência israelense, alterou a rotina da comunidade judaica e forçou o governo brasileiro a debater um assunto que é considerado tabu.

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O alerta gerou, ao mesmo tempo, um misto de estranheza e ceticismo, dada a boa relação entre Brasil e Irã.

O aviso de ataque foi repassado ao Consulado-Geral de Israel em São Paulo, que recebeu informações de uma suposta decisão estratégica do Irã de realizar um atentado terrorista na América do Sul. Bolívia e Colômbia também seriam alvos potenciais. Em entrevista a ZH na quarta-feira, o cônsul Ilan Sztulman disse que a reabertura da representação em 2010 chamou atenção do Irã. As informações foram publicadas também pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Israel se queixa de que terroristas podem entrar e agir de forma mais livre na América Latina. O Irã apoia oficialmente o grupo Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza, considerados organizações terroristas por EUA, União Europeia e Israel.

Em Porto Alegre, os representantes da comunidade judaica receberam o aviso com preocupação e reforçaram a segurança em clubes, sinagogas e colégios. As primeiras informações chegaram na semana passada, relata a Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs). O serviço consular dos Estados Unidos alertou os cidadãos do país para a possibilidade de atentado contra instituições americanas ou judaicas na América do Sul, relatou o presidente da Firs, Jarbas Milititsky:

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– O consulado de Israel confirmou, e informamos as entidades para que ficassem em um alerta maior do que o normal.

Para a Festa da Rua (evento judaico aberto na Rua João Telles, em Porto Alegre), no domingo passado, foi solicitado reforço de policiamento. Não é incomum que alertas de segurança sejam irradiados, mas esse tem intensidade máxima, diz o representante da Firs. A ZH, o Itamaraty disse que recebeu na quarta-feira nota da embaixada de Israel, pedindo reforço na proteção ao consulado em São Paulo.

Um ataque parece improvável para o juiz aposentado e especialista em terrorismo Walter Fanganiello Maierovitch. Ele acredita que o alerta faz parte de uma jogada geopolítica do Estado judeu e lembra que as relações entre o Brasil e o Irã são boas. Ao atacar uma nação considerada amiga, o país ampliaria seu isolamento internacional e cortaria os laços com o continente sul-americano, um dos poucos nos quais ainda tem uma presença forte.

Para analistas israelenses, no entanto, a república islâmica – cujo presidente já declarou que deseja “varrer Israel do mapa” – mescla de forma perigosa política e religião. Os atentados à embaixada israelense e à Associação Mutual Israelita Argentina, nos anos 1990, são citados como exemplos de que o risco existe.

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Blog do Rodrigo Lopes: O Hezbollah tem outras preocupações