Os moradores da região do Morro do Mocotó, em Florianópolis, há anos lutam por um espaço de esportes para a comunidade desde que as quadras onde a molecada jogava basquete e futebol, no Centro, viraram estacionamento. Até que ontem o morro recebeu uma boa notícia.

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Foi assinada a parceria entre prefeitura e a Casa de Eventos P12 para a construção de uma área de esportes e lazer na Prainha. As obras já iniciaram. São prometidos um campo de futebol e três quadras de esportes de praia (como beach tennis, futevôlei e vôlei de praia), além de playground, academia e uma horta comunitária.

O sonho só está começando a virar realidade graças ao trabalho de um voluntário: o Luiz Taffarel de Souza Lopes, que toca o Futebol Escola, projeto social que atende mais de 80 crianças e adolescentes das comunidades do Morro da Cruz. Mesmo desempregado, ele se dedica três vezes por semana às aulas e busca recursos batendo na porta dos vizinhos.

— Esse projeto é a única coisa que tem pras crianças aqui do morro. Tem pai que não está nem aí pros filhos, então o Taffarel está sempre aí — fala com orgulho o pai do professor, seu Gilberto Lopes, o Fatia, que já foi jogador de futebol profissional.

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LUTA PELO ESPORTE

Taffarel e o amigo líder comunitário do morro vizinho da Mariquinha, Alex Corrêa, pressionaram a Secretaria Municipal de Esportes ao longo dos últimos dois anos por essas quadras. O motivo é que os treinos estão acontecendo num gramado descampado na Prainha, próximo ao Túnel Antonieta de Barros, sem nenhuma proteção para a movimentada Avenida Gustavo Richard.

— Nós mobilizamos as comunidades, porque era perigoso demais para as crianças atravessar a rua sempre que a bola ia para fora — lembrou Alex.

Houve então uma série de levantamentos da prefeitura em parceria com o comando da Polícia Militar, que está ocupando o Mocotó há 45 dias. O novo espaço ficará mais próximo do morro, terá telas de proteção e uma faixa elevada para atravessar a avenida.

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Dois alunos do Taffarel, os gêmeos Wendel e Willian Bittencourt, lembram dos treinos no velho local.

— Já jogamos em gramados muito piores. A grama nossa era boa, mas faltava estrutura. Na chuva tinha muita lama e em vez de futebol, a galera tomava banho de piscina — brinca Wendel.

— Estava faltando um projeto que reconhecesse a nossa comunidade. O esporte é uma forma de mostrar os talentos que nós temos, eu sempre quis jogar futebol mas nós não tínhamos nada. Acho que o Taffarel faz isso que é pra dar pra nós a oportunidade que ele não teve — afirmou o Willian.

As quadras e o parque para as crianças devem ser liberados para o uso da população até o final do ano. Segundo a prefeitura, o P12 vai investir aproximadamente R$ 100 mil nas novas estruturas.

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— Acho que agora que vai ter essa estrutura a gente vai ter mais gente procurando o nosso projeto! — deseja, humildemente, o Taffarel.

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 FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL - 01/10/2018Construção de quadra de futebol para a comunidade do Mocotó. Na foto, Wendel Bitencourt
Wendel Bittencourt Foto: Marco Favero / Diário Catarinense
 FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL - 01/10/2018Construção de quadra de futebol para a comunidade do Mocotó. Na foto, Willian Bitencourt
Willian Bittencourt Foto: Marco Favero / Diário Catarinense