“A dona Maria Aparecida dos Santos, de 58 anos, ainda é jovem e tem força nas pernas para subir e descer as ladeiras do Morro da Mariquinha, no Maciço do Morro da Cruz, onde mora há 20 anos. Mas para quem tem mais idade, descer e subir o morro se torna cada vez mais um desafio. O mesmo ocorre no caso de crianças pequenas e pessoas doentes. Para ter acesso aos serviços de saúde, os moradores da comunidade precisam se deslocar até o posto da Prainha, que fica perto do Morro do Mocotó.

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— Quando preciso vou a pé até lá, porque estou acostumada a caminhar. Mas é bem dificultoso para quem tem criança de colo, por exemplo. Eu sempre fui muito bem atendida lá na Prainha, mas se tivesse um postinho perto de casa, seria muito melhor — avaliou a moradora.

Maria faz tratamento de diabetes e precisar ir a cada seis meses ao posto fazer o controle, quando também aproveita para medir a pressão arterial, que oscila muito.

— Um postinho perto seria bom até para quem tem de fazer curativos, medir pressão com frequência. Mas acho bem difícil construírem um aqui na Mariquinha, porque vão dizer que já tem um bem perto — disse dona Maria.

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A moradora Solange da Silva Batista, de 57, também pede por saúde mais acessível aos moradores:

— Não custa pedir, né?

Ela tem artrose no joelho e certa dificuldade em subir e descer o morro. Quando consegue, se arrisca a ir a pé até a Prainha. Leva em torno de 30 minutos para chegar e pelo menos uns 40 para voltar. A subida é mais complicada.

— Fico pensando nas mulheres grávidas, nos idosos. Precisam chamar um táxi ou pedir ajuda para um vizinho que tem carro para ir até o posto. Ia ser muito interessante se tivesse uma unidade com um clínico-geral, um pediatra e um ginecologista aqui — observa a moradora.

O presidente da associação de moradores da comunidade, Alex Correia, explica que atualmente a Mariquinha não possui o número ideal de moradores para reivindicar um postinho — são duas mil pessoas. E deveriam ser ao menos cinco mil para correr atrás de uma unidade de saúde no local.

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O que diz a Secretaria de Saúde

A Secretaria de Saúde de Florianópolis confirma: não há previsão de projeto ou construção de uma unidade no local. “Com a melhoria na infraestrutura dos centros de saúde já existentes e com a chamada dos profissionais de saúde para completar o quadro atual da prefeitura, além da implantação do Alô, Saúde, atualmente em fase de busca de financiamento do Governo Federal, a intenção é aprimorar e ampliar o acesso à população dentro da estrutura já existente, com centros de saúde bem equipados e com equipes completas”, informou a secretaria.

“As últimas análises feitas na Secretaria de Saúde mostram que centros de saúde maiores, com maior número de profissionais, são mais custo-efetivos do que a capilarização da rede em pequenas unidades, com apenas uma equipe de Saúde da Família, que deixa a comunidade desassistida nos casos de falta de profissionais, por exemplo. Mais vale um centro de saúde com três equipes de profissionais do que uma unidade pequena, com apenas uma equipe – nos casos de férias ou doença, por exemplo, a população fica sem assistência”, informou ainda a prefeitura, em resposta à Hora.

A orientação é continuar procurando o posto da Prainha, que atende com três equipes de Saúde da Família e é considerado próximo da Mariquinha.

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Centro comunitário é outra demanda

O vice-presidente da associação de moradores, o líder comunitário Aurélio dos Santos, 51, lembra que hoje uma das grandes demandas da Mariquinha é a construção de um Centro Comunitário no espaço. O projeto já está pronto há pelo menos oito anos. E mesmo prometido pelas gestões municipais, ele nunca saiu do papel. Segundo Aurélio, o local até poderia abrigar uma unidade de saúde para a comunidade.

— O Centro Comunitário poderia agregar um posto, um espaço para os projetos sociais — como o de música, que hoje ocorre na igreja da comunidade — um espaço para serem realizadas capacitações e que crie uma fonte de renda aos moradores. Temos um projeto arquitetônico pronto, mas a verba nunca chegou — lamentou.

O presidente Alex complementa e lembra que todos os líderes comunitários da Mariquinha, desde a década de 70, tentam colocar o espaço social em pé. Segundo ele, a construção deve custar em torno de R$ 300 mil a R$ 400 mil.

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A prefeitura de Florianópolis explicou, em nota enviada à Hora, que o “Centro Comunitário da Mariquinha deve ser integrado aos investimentos voltados às obras do Maciço do Morro da Cruz. No momento, a Prefeitura aguarda a autorização da Caixa Econômica para liberação de R$5 milhões relativos ao PAC para dar continuidade no projeto”.

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