Moradores, trabalhadores, visitantes e empresários. Juntos, eles têm um só desejo: a duplicação da BR-280. A promessa é antiga, e o desejo ainda mais. A rodovia duplicada minimizaria as tragédias no trânsito, facilitaria o tráfego de caminhões ao Porto de São Francisco do Sul, o deslocamento de cargas do Planalto Norte ao Litoral, o acesso aos que vivem na região e o lazer dos turistas. E, claro, evitaria o estresse de quem precisa encarar o congestionamento. Continua depois da publicidade A presidente Dilma Rousseff visita Santa Catarina nesta quarta-feira e estará em São Francisco do Sul na cerimônia de ampliação de um dos berços do porto e de entrega de máquinas do PAC 2 para cidades da região. A expectativa é de que ela assine a ordem de serviço para o início das sonhadas obras na rodovia. Por enquanto, nada foi confirmado. Se o Ibama liberar a autorização ambiental a tempo, é possível que a promessa saia do papel e das burocracias da licitação para finalmente começar a virar realidade. Enquanto isso não ocorre, o Norte faz um novo apelo à presidente, que prometeu a obra há cinco anos, quando ainda era ministra da Casa Civil. A dor de luto de mãe Continua depois da publicidade Foi em 20 de setembro de 2009 que recebi a notícia mais triste de minha vida. Era aniversário do meu irmão, um domingo. Às 11 horas, minha filha, Quetlin de Lima, ainda estava em casa comigo. Ela foi na casa dos familiares do namorado e perguntou se eu não ficaria chateada se ela saísse. Parecia que estava se despedindo de mim. Ela tinha sido naquele ano a rainha da Festa do Maracujá de Araquari. Era linda, tranquila. Faria 16 anos nove dias depois. Ela foi para Guaramirim, num encontro de carros, com o namorado (Maycon Rodrigues de Andrade, 21) e amigos. Ainda era de tarde quando me avisaram que ela sofrera um acidente na BR-280 e estava internada em Jaraguá do Sul. Me falaram que ela estava bem. Mas meu irmão não me deixou ir junto. Mais tarde, quando já havia dezenas de pessoas em minha casa e eu estava estranhando tudo – já chorando – uma tia me contou que a Quetlin já não estava mais entre nós. O namorado dela e o amigo, Paulo Alves, de 17, também morreram no local. Três famílias despedaçadas. Eles estavam em um Chevette e bateram de frente com uma caminhonete. Foi horrível. O que me ajuda é a religião. Sou católica e rezo todos os dias. Continua depois da publicidade Acredito que se a rodovia estivesse duplicada, minha Quetlin e tantos outros familiares de moradores de Araquari ainda estariam aqui. Peço que as obras comecem logo. Para outras pessoas não sentirem o que eu senti. Ainda em novembro, um primo se acidentou na BR-280 e está até hoje na UTI. Eu moro às margens da rodovia e levo até 15 minutos para atravessá-la. Toda vez sinto muito medo, mas não tem jeito. Presidente, contamos com seu apoio.
*Rosemar de Lima Machado, 40 anos, mãe de Quetlin de Lima, que morreu em um acidente na BR-280 Senhora presidente Dilma: Santa Catarina lhe deseja boas-vindas. Que a senhora possa usufruir da hospitalidade de nosso povo. Compartilhamos de maneira especial a esperança que representa a inauguração da obra de infraestrutura no Porto de São Francisco do Sul, pela importância do terminal para o escoamento da produção industrial e agrícola. Continua depois da publicidade Para o Norte-Nordeste de nosso Estado, porém, outro projeto é aguardado com ansiedade: a duplicação da BR-280. Trata-se do corredor natural de entrada e saída de matéria prima e de bens manufaturados, responsável pela movimentação da economia e a geração de riquezas para o Brasil e necessário para o desenvolvimento desta região. A BR-280 constitui-se no principal eixo de ligação das cidades da região em direção à BR-101 e ao litoral, com intenso fluxo de automóveis, tornando a duplicação uma providência de inquestionável importância. Há alguns anos clamamos pela realização desta obra, já anunciada reiteradas vezes pelo governo federal, inclusive pela senhora, presidente. Entretanto, sua efetiva execução ainda não se concretizou, frustrando sobremaneira as expectativas desta comunidade. Nossa confiança se renova neste momento em que Santa Catarina experimenta a chegada de investimentos expressivos que vão ampliar sua capacidade produtiva, porém, colocados sob riscos diante do gargalo que representará a falta de solução para este antigo pleito representado pela duplicação da BR-280. Continua depois da publicidade Esperamos que vossa visita represente um marco nesta história, e que as obras iniciem imediatamente e, portanto, contando com o vosso dinamismo em favor do Brasil.
*Monika Conrads, presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul Promessas e esperanças Sou de Ponta Grossa, no Paraná, e pelo menos quatro vezes por semana viajo até São Francisco do Sul por causa do porto. Trabalho como caminhoneiro em uma transportadora. Levo farelo de soja, para ração de gado, do Paraná para o porto, e trago de São Francisco carga de trigo e levo a Ponta Grossa. Encaro a BR-280 pelo menos um dia sim e outro não. E posso garantir: este é o trecho da minha viagem, de cerca de 300 quilômetros e que leva quase cinco horas em dias normais, que é mais complicado. Nas demais rodovias a pista é duplicada. Aqui não. Há 20 anos trabalho com esta profissão e há 20 anos que percorro esta rodovia. Já trouxe até minha família junto para me acompanhar. Mas eles não gostaram. Durante a temporada precisamos trabalhar e as filas nos prejudicam muito. O sol é forte. Ainda bem que a climatização do caminhão ajuda. Se não, seria ainda mais terrível e desgastante. Num trecho que poderia levar trinta minutos, já levei mais de duas horas na estrada. Continua depois da publicidade Temos vontade de chegar logo em casa, de descansar, depois de dias fora e do cansaço do trabalho. Já cheguei a viajar por 30 dias corridos. Um trecho complicado atrasa a entrega no porto. Por sorte e graças a Deus, eu nunca sofri um acidente na BR-280 e em nenhuma outra rodovia. Mas muitos amigos meus já se acidentaram por aqui e até já perdi colegas de trabalho. Mesmo com as dificuldades, gosto do que faço e não penso em deixar de ser caminhoneiro. Quero me aposentar com esta profissão. Se tivesse a oportunidade de falar com a presidente, só pediria a duplicação o quanto antes.
*Railde Ticianelli, 49 anos, comerciante em Araquari De Dilma para Dilma Excelentíssima senhora presidente, Sou natural de São Francisco do Sul e há mais de 40 anos resido em Joinville com minha família. Tenho muitos parentes em São Francisco e por muitas vezes vamos até lá para visitá-los. Utilizamos a BR-280 para tal e há muito esta rodovia não atende mais ao fluxo de veículos que por ela circulam diariamente. São Francisco, por se tratar de uma cidade portuária, tem um fluxo de caminhões diário enorme, colidindo com o fluxo de veículos pequenos e o transporte intermunicipal de passageiros. Continua depois da publicidade São Francisco também é uma cidade balneária e, todos os anos, no período de verão, esse fluxo aumenta, o que torna o deslocamento de ida e vinda um verdadeiro calvário aos que procuram aquela cidade para ter um pouco de paz, descanso e lazer com os seus familiares. Um deslocamento que há pouco mais de sete ou oito anos se fazia em 40 minutos, hoje, fora da temporada de verão, leva em torno de 1h15 – em dias mais tranquilos. Na temporada de verão, chega a ser de até cinco horas, com tempo nunca inferior a três horas. Fora a insegurança que a rodovia traz para mim, meus familiares e toda a população da região, bem como turistas e veranistas que por lá se deslocam, visto que os acidentes têm sido cada vez mais frequentes. Assim, venho, através desta, apelar para o bom senso de Vossa Excelência para que tome ciência das condições em que se apresenta tal rodovia, bem como sobre o processo de licitação para a duplicação da mesma, que vem se arrastando sem que nada de prático aconteça. Enquanto isso, nós, reles mortais eleitores, continuamos à mercê deste transtorno em deslocamento e continuamos a arriscar nossas vidas por um pouco mais de convivência familiar.
*Dilma dos Reis Honotório, 62 anos, ex-moradora de São Francisco do Sul Prejuízos na estrada Sou de Ponta Grossa, no Paraná, e pelo menos quatro vezes por semana viajo até São Francisco do Sul por causa do porto. Trabalho como caminhoneiro em uma transportadora. Levo farelo de soja, para ração de gado, do Paraná para o porto, e trago de São Francisco carga de trigo e levo a Ponta Grossa. Encaro a BR-280 pelo menos um dia sim e outro não. E posso garantir: este é o trecho da minha viagem, de cerca de 300 quilômetros e que leva quase cinco horas em dias normais, que é mais complicado. Nas demais rodovias a pista é duplicada. Aqui não. Continua depois da publicidade Há 20 anos trabalho com esta profissão e há 20 anos que percorro esta rodovia. Já trouxe até minha família junto para me acompanhar. Mas eles não gostaram. Durante a temporada precisamos trabalhar e as filas nos prejudicam muito. O sol é forte. Ainda bem que a climatização do caminhão ajuda. Se não, seria ainda mais terrível e desgastante. Num trecho que poderia levar trinta minutos, já levei mais de duas horas na estrada. Temos vontade de chegar logo em casa, de descansar, depois de dias fora e do cansaço do trabalho. Já cheguei a viajar por 30 dias corridos. Um trecho complicado atrasa a entrega no porto. Por sorte e graças a Deus, eu nunca sofri um acidente na BR-280 e em nenhuma outra rodovia. Mas muitos amigos meus já se acidentaram por aqui e até já perdi colegas de trabalho. Mesmo com as dificuldades, gosto do que faço e não penso em deixar de ser caminhoneiro. Quero me aposentar com esta profissão. Continua depois da publicidade Se tivesse a oportunidade de falar com a presidente, só pediria a duplicação o quanto antes.
*Sebastião Altamir Soares, 56 anos, motorista de caminhão Lazer impossível A situação de tráfego pela BR-280 entre Araquari e São Francisco do Sul em fins de semana e feriados, em um percurso aproximado de 50 quilômetros, é tão caótica que está provocando alterações no comportamento das pessoas que frequentam as praias de São Francisco Sul, entre elas Ubatuba, Enseada, Prainha e Praia Grande – como é o meu caso. Os turistas de fim de semana, aqueles que para lá vão no sábado para voltar no domingo, sabem que vão ter que ter muita paciência para ir e para voltar. Com sorte, vão levar umas três horas para fazer um percurso que poderia levar menos de 30 minutos. Isso se não acontecer acidentes. Por outro lado, grande parte das residências daquelas praias são de pessoas que moram em Joinville, Guaramirim, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul etc. Esses estão desestimulados a continuarem com suas propriedades porque pouco podem usufruir delas. Tenho deixado de ir à praia por isso. A rodovia, além de ser estreita, com mão única para ir e voltar, não tem opção de escape. Os comerciantes, hoteleiros, prestadores serviços, as empresas lá instaladas e, em geral, todos aqueles que se valem do fluxo de turistas, vivem em um estado de expectativa pela ampliação da rodovia para que o progresso realmente chegue àquela região. Continua depois da publicidade Enquanto o executivo federal não autorizar a duplicação da rodovia com todos os equipamentos necessários para um fluxo normal de trânsito, estaremos com nosso direito de lazer caçado, impedido. Ou seja, aquele fim de semana na praia, tão esperado, já era.
*Nilton José Mauli, veranista em Ubatuba, praia de São Francisco do Sul