Os sargentos Wolff Noé e Ailton Sanford começaram uma nova rotina há cerca de seis meses, em Florianópolis. Eles foram destacados para o projeto Bike Patrulha na Praia de Daniela, no Norte da Ilha. Em vez de carros, no entanto, eles fazem rondas pelo bairro de bicicleta. Um guarda sobre duas rodas, porém, não é novidade. A diferença é que desta vez foi a comunidade que comprou as bikes. Com o apoio da própria Polícia Militar (PM), um dos objetivos do programa é tornar mais presente a figura do policial no bairro.
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A ideia do Bike Patrulha veio de um dos moradores em reunião do Conselho de Segurança (Conseg) 32, que compreende os bairros de Daniela, Jurerê, Forte e Ratones. A reunião ocorreu ainda no ano passado. O presidente do conselho, Ivânio Alves da Luz, explicou que a proposta surgiu para priorizar as rondas na Daniela. Já o presidente do Conselho Comunitário Pontal de Jurerê, Antônio Carlos de Borja, disse que a PM sustentou a ideia colocando efetivo à disposição.
— Então conversamos com empresários e pessoas da comunidade, e nós mesmos compramos as bicicletas. A polícia especificou todos os detalhes da bike e a equipamos. Foi um investimento de cerca de R$ 4 mil — explicou Antônio Carlos.
O Conselho Comunitário cedeu o uso das bikes para a PM, mas com algumas condições. Ou seja, quando o serviço não for mais prestado, as bicicletas voltam para a entidade localizada na Daniela.
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Agora, os policiais rondam todas as ruas do bairro, um dia sim e outro não, pedalando. A comunidade aprovou, como é o caso do comerciante Vilmar Tasca, de 50 anos, que mora no local há 25 anos. Ele, inclusive, foi um dos apoiadores da ideia.
— É bom ver os policiais passando em frente ao comércio. Seria melhor se fosse diariamente, mas entendemos as necessidades — explicou o comerciante.

Vizinho Solidário
Outra atividade que complementa a patrulha é o chamado Vizinho Solidário, uma ação que a PM tem implantado em vários bairros da cidade através de um grupo de WhatsApp. Os moradores avisam de pessoas suspeitas, de casos de furtos e roubos. No grupo ainda há policiais, que, em emergências, acionam viaturas e avisam a bike patrulha para averiguar. A iniciativa, comemora Antônio Carlos, tem tudo para dar certo e se expandir para mais ruas do bairro. Atualmente, duas quadras se juntaram na ação de prevenção.
— Tivemos uma onda de arrombamentos há algum tempo, e notamos que com a bike patrulha isso diminuiu. Ocorreu um esta semana, mas registramos que não era em uma rua onde o Vizinho Solidário funcionava — adiciona o presidente do Conseg, Ivânio, determinando a importância de expandir o projeto.
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Proximidade com a polícia
O comandante do 21º Batalhão da PM, que atende o Norte da Ilha, tenente-coronel José Nunes Vieira, conta que a bike patrulha, junto do Vizinho Solidário, são estratégias da polícia comunitária. A corporação chegou a fazer uma reengenharia no efetivo para deslocar os policiais para pedalar e patrulhar pela Daniela.
— A própria dinâmica da bike patrulha permite o contato olho no olho do policial com a comunidade. Ele não está enclausurado numa viatura. Permite que ele interaja com as pessoas — observou o comandante.
Para o tenente-coronel, a iniciativa resgata o que a Polícia Militar era há 20 anos, por exemplo, quando o policial conhecia as pessoas do bairro e os membros da comunidade.