Ao contrário do que se poderia imaginar diante do anúncio de corte dos juros no crédito imobiliário, os catarinenses reagiram suspendendo os contratos de financiamento.
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Isto porque a Caixa Econômica começa a trabalhar com as novas taxas somente no dia 4 de maio.
A previsão do mercado imobiliário para os próximos 20 dias, na Grande Florianópolis, é de uma queda de 30% no número de contratos.
Marcos Alcauza, diretor comercial da Brognoli Negócios Imobiliários, empresa líder de mercado em Santa Catarina, explica que os consumidores estão postergando a compra financiada de imóveis. Segundo ele, em apenas três dias, desde a quarta-feira, quando a Caixa anunciou a redução das taxas, 10 clientes já suspenderam contratos de financiamento praticamente fechados.
– Quem está pensando em comprar um imóvel usando o crédito imobiliário vai esperar pelos juros mais baixos. E quem já havia fechado contratos está protelando a assinatura – afirma Marcos, acrescentando que, além da queda nas taxas, os consumidores estão esperando pela reação dos outros bancos.
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O gerente regional da Caixa, Marcelo Moser, fala em diminuição no ritmo de contratações para os próximos dias, mas aposta no aquecimento do mercado imobiliário após a entrada dos novos juros. Depois do anúncio de redução das taxas, a estimativa para o valor dos financiamentos do banco em 2012 aumentou em 5%.
De acordo com o gerente, o crédito imobiliário vai significar 11% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2014. Hoje, representa 5%. O avanço deve ser ainda maior em SC, que, segundo ele, tem uma capacidade de absorção dos financiamentos o triplo maior do que a do Brasil.
O diretor comercial da Brognoli espera que o aquecimento das vendas, no médio prazo _ em dois ou três meses _ seja de 10% a 15%.
Construtoras
estão otimistas
As construtoras catarinenses estão acreditando no governo federal e esperam um aquecimento do setor imobiliário por causa da redução do juro no financiamento da casa própria. Os clientes mais beneficiados devem ser aqueles com renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 2 mil e os imóveis estarão na faixa dos R$ 100 mil até R$ 200 mil, afirma Rogério Cizeski, presidente da Criciúma Construções, maior empresa do setor no Estado.
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Ele declara que com o anúncio do corte nos juros desengavetou três projetos. Um empreendimento fica em Tubarão, mas os mais significativos são os de Sombrio e Rio do Sul, porque marcam a entrada da construtora nestas cidades. Rogério revela que a medida também terá impacto nos resultados da empresa. Até o momento, o crescimento está em 17% em relação ao ano passado e a expectativa era terminar 2012 com ganho de 15%. Após a intervenção do governo, ele espera chegar aos 20%.
O diretor da AM Construções, de São José, Douglas Hillesheim, afirma que se os juros se mantiverem no novo patamar, os concorrentes serão obrigados a se adequarem a uma nova realidade. Hoje, as empresas do setor cobram INPC mais 0,8% (5,77%). Mas diferente da Criciúma Construções, Douglas não planeja colocar em prática projetos que estão na fase de análise. A decisão da AM Construções é aguardar como será a reação do mercado.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, também prefere aguardar. Argumenta que é preciso saber se as taxas menores chegarão aos clientes. Explica que a liberação de recursos da casa própria é mais criteriosa porque a margem de lucro é menor. Por isso, os bancos analisam bem para quem vai receber o crédito.