Durante a visita à cozinha da Penitenciária do Vale do Itajaí, o juiz-corregedor de Itajaí, Pedro Carvalho, é abordado por um detento. Quase em suplica, o homem pede para não ser transferido. Quando chegou à unidade, pediu remoção para uma unidade do Paraná, de onde é natural. Agora, porém, mudou de ideia:
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– Estou trabalhando e minha família veio morar em Itajaí. Não quero mais ser transferido, por favor. O detento tem razões para este pedido.
Na unidade, que faz parte do Complexo Penitenciário da Canhanduba, presos trabalham, estudam, ocupam celas limpas e recebem refeições adequadas, feitas com alimentos bem acondicionados. O cenário é bem distinto do encontrado no Presídio Regional de Blumenau, onde apenados convivem com superlotação, falta de higiene e expostos a ratos, baratas e doenças. Com estrutura deficiente e sem investimentos do governo, a unidade de Blumenau virou terreno fértil para motins e fortalecimento de facções criminosas, como o PGC, que ordenou ataques ocorridos em novembro e fevereiro em Santa Catarina. O governo se comprometeu a desativar o presídio com a construção do Complexo Penitenciário do Médio Vale do Itajaí, que não tem data para sair do papel.
Em vídeo, veja como é a estrutura do Complexo Penitenciário da Canhanduba:
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Apontada como modelo para a construção que ficará em Blumenau – o terreno escolhido ainda é mantido em sigilo -, a estrutura de Itajaí comporta penitenciária, ala de regime semiaberto e presídio, que abriga 640 presos em espaço destinado a 360. O alívio virá com a ampliação do local, que aguarda a liberação ambiental para ser iniciada. Serão 320 novas vagas.
As três estrtuturas têm gestão compartilhada. Diretores e gerentes são do Departamento de Administração Prisional (Deap) e os vigilantes e funcionários administrativos trabalham para a empresa Montesinos. Ainda não há índices que comprovem o sucesso do modelo, mas, em Joinville, onde a penitenciária atua da mesma forma, a reincidência no crime é de apenas 11,53%.
– Precisa-se de um modelo prisional que seja pela educação, trabalho e disciplina. Eu não conheço outro que funcione – afirma o juiz-corregedor de Itajaí.
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Condenado por tráfico de drogas, Ademar Paulo Ribeiro, 34 anos, reconhece a oportunidade de mudança:
– O tratamento é de ressocialização. Nunca tive isso, mas estão mostrando que tenho como me recuperar.