Assim que soube da tragédia em Santa Maria, a paulista Hagar Fernandes, 58 anos sentiu que precisava fazer alguma coisa. Moradora de Santos, a depiladora acompanhava pelo noticiário da televisão as novidades sobre o que havia acontecido até que, na segunda-feira, após o Jornal Nacional compartilhou a angústia de querer ajudar com a sogra, Tereza Marchi.

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Quase três meses depois, a vontade de ajudar foi convertida em pequenos anjos de porcelana produzidos pelas hábeis mãos da sogra artesã. Mentora financeira do projeto Meu Filho, Meu Anjo, Hagar acredita que a iniciativa nasceu da dor.

– Assistindo o noticiário na televisão, vi uma moça que falou ‘eu não tenho nada para fazer aqui, vim catar copinho no chão’, e isso mexeu comigo, sabe? Ela foi lá para catar copinhos no chão, e eu? O que eu ia fazer? – contou.

A primeira ideia foi de produzir corações com os nomes dos jovens mortos para entregá-los no Natal, mas a entrevista de uma mãe dizendo que ‘o filho tinha virado um anjo’ direcionou o projeto. Compartilhando da vontade de ajudar de Hagar, a sogra se dispôs produzir os anjos de porcelana e sugeriu que a entrega fosse antecipada para o dia das mães.

Neste momento, a falta de dinheiro foi o grande empecilho encontrado. O custo de R$ 20,80 para enviar cada boneco por pouco não derrubou a iniciativa.

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– Seriam R$ 5 mil somente para enviar os anjos. É muito dinheiro. Daí uma amiga me falou ‘por que você não vai até lá?’. Então eu disse, ‘vou nada. Nem sei onde fica Santa Maria’. Foi aí que falei com outras amigas mais o meu marido e começamos a juntar dinheiro – explica Hagar.

Ao todo, serão 125 anjos meninas e 116 anjos meninos, todos com a oração de ‘A morte não é nada’, de Santo Agostinho, e um terço nas mãos. Hagar escolheu a oração recebida de uma cliente após perder o irmão no ano passado.

Para dar conta da produção, a sogra Tereza organizou uma linha de produção de uma pessoa só e uma meta: produzir cinco anjos por dia. Em média, a artesã leva três horas para finalizar uma peça. Pelos cálculos da nora, ainda falta Tereza produzir em torno de 100 peças para que a carga esteja completa.

Para Santa Maria

Em uma passagem de Ogier Rosado, pai de Vinícius Rosado, jovem que salvou 14 pessoas na fatídica noite mas acabou morrendo, Hagar aproveitou para contar da sua iniciativa.

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– Quando o vi, comecei a chorar. O que se vai falar para um pai que perdeu o filho depois dele salvar 14 pessoas? É uma coisa tão complicada… eu disse ‘Ogier, eu não tenho o que falar para você’, daí ele disse ‘então me abraça’. depois de chorarmos muito, contei para ele da nossa ideia – falou Hagar.

Após o encontro, ambos mantiveram contato e se organizaram para que dia 11 de maio pela manhã Hagar, duas amigas e o marido cheguem a Porto Alegre, de onde seguem para Santa Maria de van, devido ao volume dos bonecos.

Gerente financeira do projeto, Hagar calculou que precisava de 250 doações de R$ 50 cada para cobrir os custos da iniciativa. Para não sair no vermelho, a família da depiladora necessita ainda de mais 150 doações.

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