A morte de Ayrton Senna é a notícia que nenhum jornalista gostaria de informar. Ao mesmo tempo, participar da cobertura sobre a perda de um grande ídolo é sempre um evento marcante na carreira de quem trabalha levando informação ao público.
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Fotos recontam a trajetória de Ayrton Senna
No dia 1º de maio de 1994, quando Senna bateu o carro contra o muro na curva Tamburello, no GP de San Marino, em Ímola, na Itália, o Brasil assistiu ao vivo, pela Globo, a morte do seu ídolo.
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Em 1994, a televisão, o rádio e os jornais impressos eram os veículos que dominavam a produção de notícias. Sem a velocidade da internet, os milhões de brasileiros que viram o acidente de Senna, permaneceram diante da televisão para saber como estava Senna.
A notícia da morte de Ayrton Senna
Segundo o Memória Globo, a emissora além de estar transmitindo a corrida e mostrar o acidente ao vivo, enviou no mesmo momento o repórter Roberto Cabrini, que estava em Ìmola, para o hospital para onde Senna foi levado.
Cabrini começou a enviar através de um telefone celular, diversos boletins sobre o estado de saúde do piloto. Às 13h40min do domingo de 1º de maio de 1994, ele anunciou na TV Globo a morte de Ayrton Senna.
— Eu sabia que era como anunciar a morte de um parente próximo de cada um dos brasileiros. Era preciso manter a precisão das informações e, ao mesmo tempo, passar emoção. Esta era a forma de se demonstrar todo o apreço e respeito que o Brasil tinha pelo Senna – disse ao Memória Globo.
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O jornalista e escritor Ernesto Rodrigues, que escreveu a biografia de Senna, era editor do Jornal Nacional na época. Ele lembra que, assim como diversos colegas, quando viu o que tinha acontecido com o piloto, correu para a redação.
— Eu fiz o que muitos jornalistas fizeram naquele dia, mesmo os que não eram de esportes, correram para as suas redações. Eu fui muito útil naquele dia, naquela correria. Eu participei de um dia histórico do Fantástico.
Ernesto chama de histórico, pois a edição do Fantástico daquele domingo, que já estava pronta, precisou ser totalmente refeita. Quem também foi para a redação naquele dia foi William Bonner. O apresentador também falou ao Memória Globo sobre o momento.
— Quando o Senna morreu, em 1994, eu não estava trabalhando. Era um domingo, mas fui para a redação. Precisava fazer um texto sobre o Senna naquele dia — explica Bonner.
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Senna antes de correr em 1º de maio de 1994
Comoção nas redações
Um dos momentos mais marcantes para Ernesto Rodrigues, foi quando o Fantástico do dia 1º de maio de 1994 acabou.
— Foi um dia em que vi uma redação inteira desabar em lágrimas no final do Fantástico. Jornalistas geralmente são endurecidos pela profissão, acostumados a ver muitas coisas tristes e agressivas. Mas naquele dia, quando o Fantástico terminou com um clipe final ao som da Música da Vitória, foi algo sem precedentes. Vi pessoas chorando por todos os lados, muito emocionadas — relembra Rodrigues.
O diretor de jornalismo da NSC, César Seabra, era editor de esporte do jornal O Globo na época. Sua experiência no dia da morte de Ayrton Senna está descrita na biografia do piloto escrita por Ernesto Rodrigues.
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Ele conta que as pessoas na redação estavam mais doces, solidárias e cordiais naquele domingo. Seabra lembra que não havia piadas e até as cobranças eram suaves. Trabalharam das onze da manhã às cinco da madrugada de segunda-feira.
Como era de esperar, a morte de Ayrton Senna, foi o assunto principal por vários dias no país. O traslado do corpo, o velório, a repercussão, o cortejo fúnebre, o enterro e as causas do acidente foram pautas nos dias seguintes à morte do piloto.
O velório de Senna foi transmitido ao vivo pela Globo, com narração de William Bonner. Grandes nomes do jornalismo participaram daquela cobertura. Carlos Nascimento apresentou o Jornal Nacional de São Paulo. Glória Maria e Caco Barcellos cobriram o cortejo.
No dia 6 de maio, o Globo Repórter exibiu um programa especial em homenagem a Ayrton Senna. Com roteiro do jornalista Ernesto Rodrigues, mostrou imagens de treinos e vitórias de Senna na Fórmula 1, conduzidas pelo depoimento emocionante de Galvão Bueno.
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— Lembro que Galvão estava vestido com um terno, que estava coberto de poeira levantada pelos helicópteros que cobriam o sepultamento no cemitério do Morumbi, em São Paulo. Foi um momento muito tocante para quem era jornalista e para quem estava na Globo, como eu — finaliza.
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*Pablo Brito é estagiário sob supervisão de Diogo Maçaneiro