Apenas três dos 16 deputados federais de Santa Catarina votaram a favor do requerimento de urgência para apreciação do projeto de lei (PL) das Fake News nesta terça-feira (25). Mesmo assim, a Câmara dos Deputados aprovou o regime para agilizar a tramitação do texto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. O placar total foi de 238 votos favoráveis a 192 contrários.

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Além disso, seis parlamentares catarinenses votaram de forma contrária às orientações das lideranças da Casa. A maioria dos partidos indicava a aprovação do requerimento – as siglas que recomendaram o voto “não” ao projeto foram PL e do Novo, que, juntos, possuem sete representantes de Santa Catarina. Os três deputados favoráveis à urgência votaram junto dos blocos parlamentares. A única representante que não votou foi Daniela Reinehr (PL), que não estava presente.

A votação sobre a urgência para o PL foi antecipada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP), após acordos entre os líderes da Câmara. Para garantir mais tempo de negociação com relação às mudanças sugeridas pelos partidos, a análise de mérito do relator deputado Orlando Silva (PCdoB) ficou marcada para a próxima terça-feira (2).

O objetivo do texto em questão é combater a disseminação de conteúdo falso e perfis inautênticos nas redes com mais de 2 milhões de usuários. Isso impactaria o serviço oferecido por empresas como a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, a Google, além de outras grandes plataformas como Twitter e TikTok.

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Veja como cada deputado de SC votou:

  • Ana Paula Lima (PT-SC) – votou Sim
  • Carlos Chiodini (MDB-SC) – votou Não
  • Caroline de Toni (PL-SC) – votou Não
  • Cobalchini (MDB-SC) – votou Sim
  • Daniel Freitas (PL-SC) – votou Não
  • Fabio Schiochet (União-SC) – votou Não
  • Geovania de Sá (PSDB-SC) – votou Não
  • Gilson Marques (Novo-SC) – votou Não
  • Ismael (PSD-SC) – votou Não
  • Jorge Goetten (PL-SC) – votou Não
  • Julia Zanatta (PL-SC) – votou Não
  • Pedro Uczai (PT-SC) – votou Sim
  • Pezenti (MDB-SC) – votou Não
  • Ricardo Guidi (PSD-SC) – votou Não
  • Zé Trovão (PL-SC) – votou Não

Veja ponto a ponto do projeto

Qual projeto de combate às fake news deve ser votado?

O projeto de lei (PL) 2.630/2020 prevê a criação da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet e foi proposto originalmente pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE).
A versão a ser votada na Câmara deve incorporar sugestões do governo Lula (PT) e do grupo de trabalho instituído pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

Quais são os principais pontos do projeto original?

  • Dever das plataformas de vetar contas inautênticas
  • Obrigatoriedade de divulgação de relatórios trimestrais de transparência sobre moderação de conteúdos
  • Criação do Conselho de Transparência e Responsabilidade na Internet, responsável por medidas previstas na lei e por realizar estudos, pareceres e recomendações sobre liberdade, responsabilidade e transparência na internet;
  • Possibilidade de provedores criarem instituição de autorregulação, certificada pelo conselho;
  • Multa de até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil em caso de descumprimento na lei.

Que pontos devem ser incluídos na votação na Câmara?

  • Criação de órgão regulador para verificar se as plataformas cumprem a lei, com possibilidade de aplicar sanções;
  • Punição às big techs por conteúdos com violações à Lei do Estado Democrático, como incitação a golpe, e de direitos da criança e do adolescente; as penas podem ir de advertência a bloqueios;
  • Responsabilidade civil das plataformas por qualquer conteúdo impulsionado ou monetizado;
  • Transparência dos algoritmos de recomendação de conteúdo;
  • Remuneração de conteúdos jornalísticos pelas plataformas.

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O que dizem as plataformas?

Meta, Twitter, Google e Tik Tok pedem a rejeição da urgência do PL e a criação de uma comissão especial para tratar do tema.

Criticam a responsabilização das plataformas por conteúdos de terceiros, o que poderia, na visão das empresas, induzir a “censura privada”.

O Google também diz que o texto pode colocar em risco a busca por informações de qualidade e a liberdade de expressão.

Como funcionaria a remuneração de conteúdos jornalísticos?

As empresas jornalísticas negociariam diretamente com as big techs o pagamento pelo conteúdo e, caso não cheguem a acordo, haveria arbitragem. O modelo segue o News Media Bargaining Code, adotado na Austrália em 2021.

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Essa proposta de remuneração é consensual?

As plataformas se opõem à ideia, e entre os veículos há dissenso. Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais), que reúnem os principais veículos de mídia, defendem o PL; veículos menores temem perder financiamento por terem menor poder de barganha.

Quais são as outras controvérsias em torno da proposta?

Parte dos políticos de oposição ao governo Lula afirma que o órgão de supervisão da internet poderia praticar censura. A gestão petista diz que um órgão regulador garantiria transparência e o cumprimento da legislação em vez de deixar a decisão de remoção apenas a cargo das plataformas (ou, em casos pontuais, de decisões da Justiça).

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