O primeiro engenheiro ferroviário formado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de Joinville, Marcos Imhof, se surpreendeu ao saber que o curso em que ele se formou registrou apenas um inscrito para o vestibular de 2025. No entanto, o cenário há 11 anos já era semelhante.
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Engenheiro ferroviário foi formado na UFSC Joinville
Aos 35 anos, Marcos entrou com 19 na universidade, em 2009, para fazer Engenharia Ferroviária e Metroviária. Natural de Tijucas, o catarinense, na época, já gostava de ferrovias e tinha a intenção de trabalhar com a malha ferroviária.
— Antes, o modelo de vestibular era diferente, as inscrições eram para engenharia e só depois de aprovado poderia escolher a área. Eu fui o único que escolhi o caminho da ferrovia — conta Imhof.
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Durante o curso, Marcos teve aula com estudantes de outras engenharias. Em aulas de Ferroviária e Metroviária, chegou a estudar somente com outros três alunos. Em 2013, ele se formou, junto com outro aluno que tinha conseguido transferência para o curso.
Atualmente, Imhof trabalha em Curitiba (PR), na Loram South America, empresa que fornece serviços de manutenção de trilhos, como gerente comercial. No currículo, ele também destaca a atuação na empresa Knorr-Bremse, também do meio ferroviário, onde atuou por sete anos na assistência técnica de trens de passageiros e com montadoras de trens de carga.
— É uma ilusão morar em Joinville e achar que vai trabalhar com ferrovias. É uma carreira que você vai precisar trocar de cidade, em um mercado desafiador. No entanto, tem alta empregabilidade, é difícil se formar e não ter vaga — afirmou.
Segundo Marcos, o engenheiro ferroviário deve ganhar mais oportunidades ao longo dos próximos anos.
— Era um curso que deveria estar bombando. O mercado está crescendo tanto e precisa de tanta gente nova. Eu vejo que falta divulgação e parcerias com empresas privadas, falta conhecimento das pessoas sobre o curso. É uma universidade federal em uma boa cidade, são pequenas coisas que precisa fazer para sair desse cenário — disse.
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Diretor da UFSC Joinville avalia baixa procura pelo curso
O cenário, citado por Marcos, é desafiador. O curso, oferecido desde 2009 na UFSC Joinville, registrou apenas um inscrito como primeira opção para o vestibular do próximo ano, em um total de 28 vagas.
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Em entrevista ao NSC Total, o diretor da UFSC Joinville, Diego Santos Greff, avaliou a baixa procura pelo curso e afirmou que o problema é reflexo da falta de divulgação nacional.
— Ao meu ver, tem que ser uma reflexão nacional sobre o mercado ferroviário no Brasil. As pessoas pensam: ‘Eu vou fazer um curso de engenharia ferroviária e no que eu vou trabalhar depois?’. Essa é uma visão errada que nós vamos ter um trabalho para desmistificar — disse o diretor.
No Brasil, outra opção para o curso, além da UFSC de Joinville, é a Universidade Federal do Pará (UFPA), que oferece Bacharelado em Engenharia Ferroviária e Logística. Para Greff, um trabalho de repercussão, além da universidade, precisa ser feito pelos profissionais para ajudar o curso a voltar a crescer.
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— A repercussão do mercado afeta a pouca procura do curso. É muito difícil um engenheiro ferroviário da UFSC não ter uma boa colocação no mercado depois. Como sociedade, precisamos atrair esses jovens. É um curso estratégico para o Brasil, vamos ter investimento pesado no país nos próximos anos e vamos ter demanda de engenheiros — avaliou o diretor da UFSC.
Segundo a UFSC, o engenheiro ferroviário e metroviário pode atuar em diversas áreas, incluindo dinâmica ferroviária e metroviária, projeto e manutenção de material rodante, materiais para sistemas de transporte, sistemas de comunicação, sinalização e operação ferroviária e metroviária, via permanente, prevenção e investigação de acidentes, além de legislação e gestão de empreendimentos metroferroviários.
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