A BR-470 nasceu do desejo de negociar, da vontade de acelerar o desenvolvimento das colônias de imigrantes e de transitar da Serra ao Litoral catarinense. As primeiras expedições começaram em 1863, lideradas pelo engenheiro Emílio Odebrecht.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Blumenau e do Vale por WhatsApp. Clique aqui

O fundador de Blumenau, Hermann Otto Blumenau, suplicava ao governo da província recursos para que fossem feitos estudos de possíveis caminhos. Depois de alguns anos, com as explorações de Odebrecht, surgiram os traçados, que possibilitaram o deslocamento de mulas carregadas de produtos para intercâmbio comercial.

Registros históricos contam que as viagens de Blumenau a Lages eram repletas de aventuras. Confrontos com índios ocorriam durante o trajeto, resultando em mortes. Apesar das dificuldades e dos longos dias necessários para chegar ao destino, o Dr. Blumenau sabia e repetia exaustivamente a importância de haver uma estrada para expansão e enriquecimento da colônia.

> Leia todas as reportagem do especial “Os dois lados da BR-470”

Continua depois da publicidade

Após anos de trabalho, as medições e picadas em meio à floresta foram feitas. Para derrubar o matagal, o engenheiro da colônia Blumenau e os colonos acampavam e por vezes passavam fome quando as caçadas não eram exitosas. Tanto esforço valeu a pena. As picadas levavam a Curitibanos e Lages, possibilitando as trocas entre os povoados. Décadas depois, esses trajetos foram transformados em rodovia federal.

Pressão do Santa pela duplicação da BR-470 começou em 1997.
Pressão do Santa pela duplicação da BR-470 começou em 1997. (Foto: Arquivo JSC)

As mulas que levavam mercadorias deram lugar aos veículos motorizados, que forçaram o alargamento e macadamização das ruas. Boa parte da rodovia foi pavimentada nas décadas de 1960 e 1970. Em 1973, quando a região comemorava 110 anos das primeiras expedições de Odebrecht, começou a discussão para a construção de um trecho novo, entre Gaspar e Navegantes.

> Leia também: BR-470 à noite desafia motoristas e esconde os perigos enfrentados por quem trafega na rodovia

> E mais: Má condição da BR-470 atrasa crescimento de cidades às margens da rodovia, mostra estudo

Continua depois da publicidade

O serviço, porém, ficou pronto apenas mais de duas décadas depois, em 1995. O trabalho foi interrompido diversas vezes por causa do solo arenoso e da falta de recursos. Os investimentos foram tão altos que a obra ficou conhecida como uma das mais caras do país. Apesar de federal, quase 90% dela foi paga com dinheiro dos cofres estaduais. Qualquer semelhança com os tempos atuais pode não ser mera coincidência.

Antes mesmo do último trecho asfaltado ser entregue, a necessidade de reforma já pautava a imprensa. Em 1995, uma reportagem do Santa mostrou que alguns pontos da BR-470 precisavam ser restaurados com urgência. 

Preterida pela União, os recursos destinados à maior rodovia do Vale eram escassos. Os debates sobre a duplicação surgem em seguida, e o enredo novamente se repete. Lentidão, aumento da frota, falta de dinheiro, sucateamento e impasses entre governo federal e estadual marcaram diversos capítulos dessa história.

Assista: “Os dois lados da BR-470”