O autor do ataque que deixou cinco vítimas — entre elas três bebês — em uma creche de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, será julgado nesta quarta-feira (9). A sessão está marcada para as 8h30min, no Fórum de Pinhalzinho, município vizinho ao local onde ocorreu a tragédia, e deve durar ao menos dois dias, segundo a Justiça.
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O julgamento ocorre mais de dois anos após o crime, que ocorreu na manhã de 4 de maio de 2021. O homem, armado com um facão, invadiu a unidade e matou três crianças e duas mulheres que trabalhavam no local. Ele é acusado por cinco homicídios e 14 tentativas de homicídio contra crianças e funcionários.
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As vítimas são Anna Bela F. de Barros, de um ano e oito meses; Sarah Luiz Mahle Sehn, de um ano e sete meses; Murilo Massing, de um ano e nove meses; a assistente Mirla Renner, de 20 anos; e a professora Keli Anicevski, de 30 anos.
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Conforme o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), o júri será aberto ao público. As ruas da região foram fechadas, com forte esquema de segurança. O local possui espaço para 64 pessoas, sendo que 49 ficarão reservados para familiares das vítimas e do réu, representantes do município de Saudades, Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público e defesa do acusado.
Além disso, mais 20 cadeiras serão posicionadas com o objetivo de aumentar a capacidade do salão.
O autor do ataque deixou o presídio de Chapecó, onde estava detido, por volta das 6h30, escoltado com forte esquema de segurança.
A escola onde ocorreu o ataque teve as aulas suspensas nesta quarta-feira. Funcionários se reuniram e foram até Pinhalzinho para acompanhar a sessão, vestindo camisetas e com faixas pedindo por paz e justiça.
— É um momento aguardado há muito tempo e finalmente aconteceu. Estamos clamando por justiça e pela condenação do réu. Todos os funcionários estão acompanhando, em sinal de solidariedade — diz a secretária de educação de Saudades, Gisela Ivani Hermann.
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Vítimas serão as primeiras a serem ouvidas
O julgamento será presidido pelo juiz Caio Lemgruber Taborda. Segundo o TJ, as primeiras pessoas a serem ouvidas são as seis sobreviventes do ataque. Depois, será a vez de oito testemunhas de acusação e quatro de defesa.
Já na quinta-feira (10), o julgamento retorna às 8h30min com o interrogatório do réu e a explanação da acusação e defesa. Ambos também terão direito a réplica e tréplica.
Ao fim, os jurados se reúnem para a votação, que pode se estender por até três horas. A previsão é de que a sessão seja finalizada ainda na quinta, porém, dependendo o horário, o resultado pode ser divulgado só na sexta-feira (11).
O júri é formado por sete jurados, que serão sorteados no início da sessão. Todos moram na região de Pinhalzinho.
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Em julho, a defesa do acusado pelo ataque chegou a pedir ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) a mudança do local onde ocorrerá o júri. Ele alegou que Pinhalzinho é um município pequeno, onde os moradores se conhecem e sabem sobre o ataque. Também afirmou que boa parte da lista dos jurados tem a mesma profissão que algumas das vítimas, o que tornaria a equipe parcial.
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O pedido, no entanto, foi rejeitado pela Justiça. Na decisão, o relator desembargador Sérgio Rizelo alegou que todos conhecem o caso e a profissão em comum entre jurados e familiares também não se caracteriza, já que “a escolha é arbitrária”.
A defesa também solicitou que o homem não fosse julgado pelo Tribunal do Júri. O motivo, segundo o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia, é que o acusado seria incapaz mentalmente na época das mortes. No entanto, o pedido também foi negado pelo TJSC.
Segundo ele, a expectativa é de que o júri acolha as informações apresentadas, para que possa decidir pela condenação ou não do autor. Outros detalhes da estratégia, no entanto, não foram informados.
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Relembre o caso
O crime ocorreu em 4 de maio de 2021. Um jovem de 18 anos entrou na creche Pró-Infância Aquarela, em Saudades, armado com uma adaga. Ele invadiu uma sala onde as crianças dormiam e desferiu golpes contra uma professora, uma agente educacional e quatro crianças. Apenas um bebê de um ano e oito meses sobreviveu.
O homem foi preso em flagrante no dia do crime. Durante as investigações, policiais encontraram indícios de inspiração em outros ataques a escolas, como os massacres de Suzano, em São Paulo, e o de Columbine, nos Estados Unidos. Ele segue detido em um hospital psiquiátrico em Florianópolis
*Com informações de Andrielli Zambonin, da NSC TV Chapecó