Ano novo, vida nova? Para educadores financeiros, uma das frases mais populares do Réveillon não faz sentido sem planejamento e, principalmente, mudança de hábitos financeiros. Com a expetativa de um ano de juros altos, aumento de preços e arrocho salarial, o controle de gastos é a única saída para não passar aperto nos próximos 12 meses. De janeiro a dezembro, especialistas orientam sobre como organizar as finanças e aproveitar 2015.

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Para Reinaldo Domingo, presidente da DSOP Educação Financeira, é preciso planejar bem o ano para que um hábito do brasileiro não se repita no final deste ano: o uso do 13o para pagar dívidas.

– O endividamento é um problema que tem de ser resolvido com o próprio salário. Ou seja, com a redução nos gastos. É muito provável que pessoas que estejam nessa situação não estejam respeitando o próprio padrão de vida – afirma o especialista.

Reajustes em vários setores

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A previsão é que o ano seja de reajustes em diversos setores, pois o Governo Federal não deve controlar aumentos como fez em anos anteriores. Marcelo Monteiro, especialista no mercado de recuperação de crédito e diretor de novos negócios da PH3A, explica que os reajustes nacionais, como gasolina e energia, e regionais, como transporte público, vão pesar no bolso do cidadão.

– Para quem recebe salário, aumentar a renda é algo impossível, então o jeito é controlar os gastos. O primeiro passo é planejar bem o que comprar. Mas as vendas fracas no Natal já indicam que o brasileiro está mais atento – conta Marcelo.

A escolha da nova equipe econômica do governo Dilma já sinaliza que este ano será de ajustes no setor. Por isso, empresários e consumidores devem se preparar para uma perda de poder aquisitivo. Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC), Bruno Breithaupt, o país só deve voltar a crescer no próximo ano:

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– A tendência é que os juros e a carga tributária se mantenham elevados para ajustar a economia, o que constrange o crescimento do consumo das famílias e do PIB. Assim, esperamos um 2015 que praticamente reeditará o ano de 2014, porém, com forte possibilidade de retomada mais significativa a partir de 2016.

Entrevista | GRACIELLA MARTIGNAGO | Economista

“É um bom momento para se tornar investidor”

A economista Graciella Martignago prevê um ano difícil na economia brasileira. Mas é possível ganhar dinheiro. Para ela, não precisa ter alto poder aquisitivo para lucrar com as taxas de juros elevadas. E para quem souber postergar o consumo, há boas chances de lucrar.

Diário Catarinense – Como deve se comportar a inflação?

Graciella Martignago – Espera-se que os índices de inflação se mantenham elevados. O IPCA de janeiro, acumulado em 12 meses, deve estourar novamente o teto da meta de 6,5%. A inflação continuará pressionada pelos preços de energia, além da desvalorização cambial, que faz com que todos os produtos importados fiquem mais caros.

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DC – O que dizer de investimentos em aplicações com taxas de juros fixas?

Graciella – A resposta do Banco Central para conter a elevação dos preços é a aumentar as taxas de juros. Isso, com uma política fiscal restritiva, fará de 2015 um ano de baixo crescimento. Em 2014, o governo federal gastou além do esperado e terá que apertar os cintos. O aumento dos juros significa que o governo paga mais a quem empresta dinheiro a ele – quem aplica em títulos públicos. Quem poupar em 2015 terá remuneração maior. Como se espera que os juros aumentem, o investimento deve buscar a aplicação em títulos pós-fixados. Uma boa alternativa é aplicar no Tesouro Direto.

DC – Teremos um ano mais confortável ou será necessário apertar os cintos com gastos de grande investimento?

Graciella – 2015 será um ano de baixo crescimento, menor que 1%. Como as taxas de juros estão elevadas, é bom momento para tornar-se investidor, o que não é exclusivo de pessoas de alto poder aquisitivo. Existem fundos de investimento com valores de entrada de R$ 100,00. Os valores mínimos exigidos pelo Tesouro Direto também não são elevados. Comprar ou não? Toda compra tem um custo embutido que os economistas chamam de custo de oportunidade. Isto é: quanto você está deixando de ganhar ao realizar a compra. Se o mercado agora está pagando mais pelo seu dinheiro, todo consumo tem um custo de oportunidade maior.

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