Um dos grandes vilões da boa forma é a falta de motivação para treinar. Depois que acaba o Verão, temporada mais propícia aos exercícios, muitos abandonam as atividades físicas. É comum acordar e não ter vontade de ir à academia, seja quais forem os motivos: cansaço, estresse, excesso de trabalho ou até mesmo preguiça. Ter altos e baixos na disposição é muito normal. Mas é a persistência que leva ao hábito.
Continua depois da publicidade
– Metade das pessoas acaba desistindo. Não por falta de informação, todo mundo já sabe que precisa se exercitar. Mas vem a frustração do início, a dor muscular, o fato de que não se emagrece rápido. Há um ganho de saúde que não se vê – diz o neurologista Leandro Teles.
É fácil convencer alguém a ir ao cinema, por exemplo. A gratificação é instantânea. Já a prática regular de um exercício físico, no começo, só traz prejuízos – financeiro, corporal e psíquico, pois a pessoa reserva um tempo, se veste, sai de casa, enfrenta o trânsito, malha e vê pouco os resultados. Então conseguir esse engajamento cerebral não é fácil. Para ajudar no processo, o neurologista sugere que o indivíduo trace uma meta. Cole na geladeira uma foto de como seu corpo está agora ao lado da imagem de outra pessoa em quem se espelhe.
– Faça metas pequenas e progressivas, seja no tempo da prática ou nos exercícios escolhidos. Aumente os esforços de maneira gradual. Cobrança sempre ajuda, seja de um amigo parceiro na malhação, do personal trainer ou do médico. Depois de seis meses, já vira um hábito – recomenda o neurologista.
Continua depois da publicidade
Foi assim que a atriz e blogueira Grazi Meyer incorporou a malhação à rotina. Sua carreira na maromba é recente, mas Grazi, 34 anos, fez a primeira dieta aos 10. Desde então, oscila entre o peso normal a até 12 kg de sobrepeso. Depois de uma temporada nos EUA, comendo muito cachorro-quente na rua e muito biscoito Oreo, voltou ao Brasil e não cabia mais em seus jeans. Decidiu ir pra academia todo dia, malhar pesado e suar muito. Emagreceu mais de 12 kg, voltando ao peso que tinha aos 20 anos.
– Meu maior incentivo foi meu corpo. Foi ver minha barriga encolher, as roupas caírem superbem, os bracinhos molengas tomarem forma. Não existe receita mágica, dieta milagrosa ou termogênico power que te deixe linda em um mês. É um processo lento, doloroso, cansativo e meio obsessivo. Tem que se levar ao limite todo dia – diz Grazi.
Em duas semanas, ela já sentia mais firmeza nos músculos dos braços e perdeu barriga. O hábito se criou. E Grazi não se esqueceu de investir no exercício aeróbico, para queimar ainda mais as gorduras que escondem os músculos tonificados que o exercício com pesos desenvolve.
Continua depois da publicidade
– Eu tive muita sorte, encontrei um instrutor superdisposto que viu potencial em mim e me tirou do treino ‘senhorinha adquirindo condicionamento físico’ e colocou no modo ‘quero ser panicat’. Isto foi crucial pra minha paixão por puxar ferro nascer – conta a atriz.
Em seu blog Ruiva, Magra e Rica, onde mantém uma seção para responder às perguntas das leitoras, Grazi demonstra otimisto na expectativa de que outras pessoas trilhem os passos que deu. Quando apareceu uma pergunta um pouco diferente no blog, ela não titubeou. Nas palavras da própria leitora, “O que te faz levantar a bunda da cadeira e ir suá-la na academia?”
– Essa fábula de que malhar vicia é pura verdade. A gente fica apaixonada pelo corpo saradinho, não existe emoção maior do que perceber que seu bumbum castigado por 34 primaveras fica menos caído e mais redondinho. No começo vai ser horrível, você vai se sentir gorda, flácida e humilhada por aquelas que malham de top e não têm celulite e levantam uma tonelada de peso enquanto você sua feito louca pra levantar meio quilo. Releve. Supere. Vai passar – garante.
Continua depois da publicidade
Para ajudar a despertar o gosto pelo exercício, Grazi, que também ataca de DJ, preparou uma lista com 12 músicas que se encaixam perfeitamente com aquela atividade na esteira: começa caminhando, acelera para uma corrida e depois acaba no relaxamento. Confira a playlist no final da matéria.
Estratégia para conter evasão
Vera Lúcia da Silva, aos 44 anos, tem uma história bem diferente. Ela começou a malhar há 10 anos, quando tinha a mesma idade que Grazi tem atualmente. Fazia um ano que havia tido o segundo filho, e se sentia péssima.
– Eu estava barriguda, gorda, com a autoestima lá embaixo. Sentia que todas as roupas ficavam horríveis, não queria mais acompanhar meu marido quando ele me convidava para um passeio. De nada adiantava cuidar do cabelo, fazer as unhas, passar maquiagem, pois a beleza não se constrói de fora pra dentro – relata Vera.
Continua depois da publicidade
Para ela, a parte mais difícil foi enfrentar na academia a sensação de ser a gordinha, a envergonhada, a que todo mundo vai estar olhando. Mas graças a um instrutor que soube incentivá-la, ela insistiu na batalha e depois de dois anos atingiu o corpo que desejava. E aí se chega a um estágio crucial, quando surge a pergunta: agora que eu estou bonita, satisfeita, qual a razão para continuar treinando da mesma forma?
– Ficou gostoso! Na minha idade, hoje estou contente com o meu corpo, não busco a beleza, mas sim a saúde e o bem-estar. Fico três horas por dia treinando, em especial na bike, que eu adoro. E também construí um círculo de amizades, foi o que me fez continuar – diz.
Vera frequenta a academia Twit, da educadora física Rafaela Tabalipa. Quando lançou o empreendimento, Rafaela procurou identificar falhas nas concorrentes, e viu que em muitas academias os alunos se sentiam largados, o que propiciava a evasão após um curto período de comparecimento aos treinos. Ela juntou sua equipe em encontros periódicos – que ainda ocorrem – com a meta de envolver desde a recepcionista, a faxineira, os treinadores, em uma experiência mais gratificante para o cliente.
Continua depois da publicidade
– Quando a pessoa nos procura, fazemos uma avaliação funcional diferente. Utilizamos uma abordagem mais ampla, os nossos programas incluem aspectos da vida deste indivíduo como quais atividades pratica a céu aberto, seus hábitos alimentares, atividades de sua preferência. Cada um recebe um programa único, engajado, mas que ao mesmo tempo faz a pessoa sentir-se à vontade, e quem não está em boa forma pode ir sem grilos na cabeça. Nosso segredo está em como a pessoa é acolhida – conta a educadora.
Segundo Rafaela, há casos difíceis. Entre eles os mais típicos: ‘quero entrar na minha roupa’ e ‘estou aqui porque meu médico mandou’. São pessoas que também estão motivadas, mas talvez não pelo motivo certo. Raramente transformam a atividade física em um hábito. Um bom exemplo do primeiro caso é aquela mulher que tem um casamento para ir e quer entrar no vestido de sua preferência. Ela quer perder 4 kg. Em dois meses, consegue cumprir seu plano e depois não encontra uma razão para continuar. Acaba largando.
– Pior ainda é o ‘eu odeio isso tudo’, o sujeito que chegou por indicação médica, que nunca gostou de fazer exercícios. Aí nossa função, e digo de toda a equipe da academia, é estimular essa pessoa, seja com um bom dia, seja enviando um SMS quando ela falta. Geralmente essa aversão vem de uma experiência ruim, possivelmente na escola, onde era a última a ser escolhida. Ou do exemplo de uma pessoa próxima que não se exercita – explica Rafaela.
Continua depois da publicidade
O coordenador geral da academia World Gym, David Cobra, revela alguns dos métodos que foram implementados para garantir que o aluno não desista do treino por falta de estímulo. Um deles é dividir os programas em grupos para estimular a competição.
– Fizemos um projeto de emagrecimento com cinco grupos por dois meses. Os integrantes do grupo que, combinados, perdessem mais peso, ganharam um dia em um spa. Isso cria um vínculo com os companheiros, todos querem ganhar e não desapontar o grupo – conta.
A tática faz ainda o cliente chamar outros amigos para a academia. Outro método é trabalhar pequenos ciclos de metas e resultados. Segundo David, a mídia vende fórmulas milagrosas, mas o processo de alcançar e manter a boa forma é mais gradativo e aprofundado. Tem que ir saindo da parte estética, que pode ser um motivador inicial, e rumar para a busca do bem-estar. Conforme aparecem mais resultados, mais a pessoa fica estimulada, mais o hábito se enraiza na rotina diária. Por último, David usa um argumento que tem convencido muita gente.
Continua depois da publicidade
– Pense no retorno financeiro. O que se gasta hoje na academia, se economiza futuramente em consultas, tratamentos e remédios. Você vai faltar menos ao trabalho – finaliza.
Motive-se
? Dê uma recompensa a si mesmo a cada meta atingida.
? Combinar de ir com um amigo é um velho truque, você não vai querer desapontá-lo.
? Prepare a roupa da prática esportiva com antecedência.
? Não falte. Nem no frio, nem na chuva. Simplesmente não falte.
? Motivação é o que vai fazer você começar, o hábito é que leva você adiante.
? Monte um plano de metas de curto, médio e longo prazo. Seja persistente.
? Um nutricionista pode ajudar.
? Socialize. Brinque, faça amigos, paquere.
? Invista no look. Use um tênis apropriado. Por que não uma maquiagem suave?
? Lembre da melhora no humor, no sono, na redução do cansaço. Alô endorfina!
1. No Rain – Blind Melon
2. I See You Baby (Fatboy Slim Remix) – Groove Armada
3. Here’s To Las Vegas – Barry Manilow
4. No Scrubs – TLC
5. Suddenly I See – KT Tunstall
6. Richman – 3OH!3
7. SexyBack – Justin Timberlake
8. Icicle (live) – Tori Amos
9. Come Clean – Hilary Duff
10. Disappear – Beyoncè
11. Wait a Minute – The Pussycat Dolls
12. Don’t Look Back in Anger – Oasis