Um projeto com alarmes acústicos que protegem golfinhos foi testado e apresentou números positivos em mares de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A iniciativa é do Projeto Toninhas do Brasil, desenvolvido em São Francisco do Sul, Litoral Norte catarinense. O estudo contribuiu com a redução de 95% na presença de toninhas nas proximidades de redes com alarmes. Além disso, nenhuma captura acidental foi registrada nessas redes.

Continua depois da publicidade

Entre no canal do NSC Total e receba notícias por WhatsApp

De acordo com informações do Projeto Toninhas do Brasil, a iniciativa foca nas redes de pesca. O estudo, feito com o auxílio de pescadores artesanais, durou aproximadamente dois anos, desde o planejamento até os resultados, e testou os equipamentos em diferentes realidades da pesca nos três estados. Em Santa Catarina, a pesquisa é feita em Laguna.

Fotos do projeto de SC que usa alarmes para proteger golfinhos

As análises iniciais confirmam que esta pode ser uma estratégia eficaz para diminuição de capturas acidentais da espécie, e somado a outras medidas de conservação, representa um caminho promissor para o futuro da espécie. 

Continua depois da publicidade

Essa tecnologia, que pela primeira vez é colocada em atividades pesqueiras no Brasil, é o somatório de quase uma década de investigações. A fase recente, de dois anos, monitorou 223 lances de pesca com redes equipadas com alarmes e redes sem alarmes. A presença de toninhas nas proximidades das redes foi monitorada com detectores acústicos, totalizando mais de 4,7 mil horas de registros. 

Além da redução de golfinhos perto dos alarmes, os itens não afetaram a pesca. A quantidade, peso e tamanho dos peixes pescados não apresentaram diferenças estatísticas entre as redes com e sem alarmes acústicos. O projeto teve ainda a aprovação dos pescadores, nos quais relataram que os alarmes não atrapalharam e nem dificultaram o manuseio das redes e a pesca.

Para Renan Paitach, coordenador de pesquisa do projeto, os resultados ainda são preliminares e as análises precisam ser aprofundadas, mas avalia ser promissores e demonstram que a utilização dos alarmes acústicos podem auxiliar efetivamente na redução da captura acidental de toninhas, de forma rápida e sem prejuízo à pesca.

— Entendermos que as parcerias e o diálogo com todos os atores sociais envolvidos são essenciais para a efetividade das ações de conservação, por isso a participação dos pescadores é indispensável — avalia.

Continua depois da publicidade

Já Marta Cremer, coordenadora geral do Toninhas do Brasil, defende que quanto maior for a quantidade e qualidade dos dados, mais assertiva será a estratégia de conservação a ser proposta. 

— Somente assim poderemos propor um uso adequado desses alarmes. E nesse longo processo, o envolvimento das comunidades pesqueiras, gestores públicos e toda sociedade é fundamental — pontua. 

Como funcionam os alarmes

Os alarmes acústicos, tecnicamente chamados de pingers, são pequenos dispositivos que emitem sons ultrassônicos, acima de 50 kilohertz (kHz), que apenas os golfinhos escutam. Comparativamente, os humanos escutam apenas até 20 kHz. 

Eles são projetados especificamente para serem fixados às redes de pesca para reduzir a captura acidental de golfinhos, e são ativados automaticamente ao serem submersos, funcionando como um aviso sonoro, uma espécie de “apito”, que mantém os animais longe das redes. 

Continua depois da publicidade

Não se sabe ao certo o porquê das toninhas e outros golfinhos se enroscam nas redes, mas com a presença dos alarmes acústicos, o projeto espera que a toninha perceba algo anormal e evite se aproximar demais. 

Com um alcance aproximado de até 100 metros, se recomenda a utilização de um pinger a cada 200 metros de rede. No momento não existe fabricação nacional destes dispositivos. 

Leia também

Ponte de quase R$ 300 milhões tem instalação das primeiras estacas em Joinville

Reações, gestos e expressões: veja as fotos do 1º debate das Eleições 2024 em Joinville

VÍDEO: “É muita sacanagem”, diz biólogo revoltado após resgatar sapo com boca colada em SC