Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou uma alternativa para a regeneração da pele após casos de queimaduras. Desenvolvido pelo Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética, o estudo analisou células presentes em sobras de pele de cirurgias plásticas que podem promover uma cicatrização mais rápida de lesões profundas.
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O projeto é desenvolvido pela professora Andrea Trentin, junto com a sua equipe, e pretende acelerar o processo de casos graves de tecidos queimados que ocasionam alto custo financeiro ao SUS, como o procedimento de autoenxerto, que retira tecido de uma área sadia do paciente e o aplica na camada mais fina da pele, a epiderme.
O processo, entretanto, não elimina a necessidade do autoenxerto, mas promove uma regeneração mais rápida e de melhor qualidade, explica a professora. A alternativa também é útil para quadros nos quais a lesão é muito extensa e profunda.
— Visamos ao desenvolvimento de um produto de terapia celular avançada que não existe no SUS — afirma a cientista.
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Um problema de saúde pública do Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, de 2015 a 2020, o Brasil registrou 19.772 óbitos por queimadura. A maior taxa de mortalidade se concentra na região Sul, “parcialmente explicada pelo clima, que requer uso de fontes de calor durante o inverno”.
Acidentes domiciliares e manuseio de substâncias quentes são as ocorrências mais comuns, informa o documento.
Nos hospitais públicos de Santa Catarina houve aumento de quase 30% dos casos entre 2008 e 2018. De janeiro a abril deste ano, o Hospital Universitário da UFSC autorizou 16 internações por queimadura, em 2022, o total chegou a 43. Nestes números, contudo, é preciso considerar que um paciente pode internar mais de uma vez. O tempo varia conforme o grau da lesão, podendo levar, em casos de alta complexidade, até 20 dias ou mais.
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No SUS, gasta-se uma média de R$ 3.583,65 por hospitalização, segundo dados da tese de doutorado Perfil epidemiológico e estimativas de custos hospitalares de vítimas de queimaduras, defendida em 2021 pela pesquisadora Pamela Saavedra, na Universidade de Brasília.
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Casos mais graves, no entanto, podem chegar a até R$ 152.440,37 para internados em unidades de cuidados intensivos, concluiu outro estudo de pesquisadores brasileiros.
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É uma diferença que pode ser explicada pela dificuldade de avaliar todos os custos envolvidos no SUS, afirma o cirurgião plástico e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno. Há gastos diretos, como medicamentos e infraestrutura hospitalar, e despesas “intangíveis” – a perda de qualidade de vida, por exemplo.
— Qualquer dia de internação que se reduza é um avanço tanto para o SUS quanto para o paciente — resume Trentin.
A longo prazo, a recuperação ocasionada pelas células estromais mesenquimais também auxilia na reintegração do paciente, minimizando suas sequelas funcionais e estéticas.
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