Novos contornos, sensibilidade à flor da pele, hormônios em ebulição. Os nove meses de gravidez são repletos de transformações que podem chegar acompanhadas de uma sensação nada desejável: a dor nas costas.

Continua depois da publicidade

O momento é sublime, mas a coluna fica sobrecarregada. O conjunto de músculos, articulações e ligamentos que apoiam essa estrutura precisam ser ajustados para acomodar o bebê. Com a barriga, o eixo corporal se desloca. Nos primeiros meses, para frente. Depois, para trás, e, no fim da gestação, para os dois lados. É natural que o corpo sinta desconforto com tantas mudanças. A dor, no entanto, pode ser amenizada e até evitada.

O ortopedista Denys Aragão observa que entre 50% e 80% das grávidas apresentam dores lombares em algum momento dessa jornada, geralmente entre o quinto e o sétimo mês.

– O crescimento do feto, com o aumento dos hormônios que o acompanha, promovem a frouxidão dos ligamentos. Quando a barriga cresce, ocorre a anteversão da pelve, ou seja, o bumbum fica empinado, aumentando a lordose fisiológica, que é a curva lombar.

O centro de gravidade e o eixo de equilíbrio sofrem mudanças drásticas. A bacia precisa abrir para o feto encontrar uma posição confortável. Todas essas mudanças contribuem para o surgimento da dor – explica.

Continua depois da publicidade

O médico alerta, porém, que alguns fatores de risco maximizam as chances de desconforto. As mulheres que apresentam dor lombar antes da gravidez ficam mais expostas a essa desagradável sensação, assim como as que já tiveram vários filhos, aquelas que carregam peso, as que não dispensam o salto alto e as que engordam mais de 12kg na gestação.

O ideal é que a mulher esteja bem fisicamente e prepare o corpo para suportar as transformações. No entanto, se o resultado positivo foi uma surpresa e a futura mamãe não era lá muito fã de exercícios, ainda há tempo para melhorar o condicionamento. A atividade física, seja ela ao ar livre ou em academias, reduz o risco de dor, desde que seja bem orientada e moderada.

– O alongamento, a reeducação postural, a hidroterapia e a ioga podem tanto prevenir quanto tratar a dor nas costas. Uma dica importante vale para as horas de repouso. As grávidas devem dormir de lado, com o travesseiro debaixo da barriga, e jamais de barriga para cima, porque o peso do bebê pode comprimir a veia cava e provocar edemas – alerta o ortopedista.

Depois da quarentena

Especialista em atividade física na gestação e no pós-parto, a professora Daniela Rico pondera que, depois da autorização do obstetra, os exercícios devem ser elaborados de acordo com o trimestre gestacional. A rotina é adaptada e direcionada às mudanças fisiológicas e às necessidades de cada mulher.

Continua depois da publicidade

– Se não há restrições devido a problemas crônicos, trabalhamos o controle do peso, fortalecemos a musculatura com ginástica localizada, musculação, hidroginástica e natação. Essas modalidades evitam as dores e ajudam a equilibrar a postura – avalia.

O crescimento da barriga acaba contribuindo para o encurtamento de músculos ligados à região lombar e, em alguns casos, para a compressão do nervo ciático. Daniela acrescenta que é fundamental fortalecer o assoalho pélvico, além do trapézio e da região toráxica, que ficam sobrecarregados pelo aumento das mamas e também padecem com dores se não forem fortalecidos.

A atividade física ainda ameniza e evita doenças como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, tromboses e hemorroidas. Também traz benefícios quando feita depois do nascimento do bebê.

– Após os 40 dias do resguardo, é hora de retomar a rotina de exercícios. A ginástica, o alongamento e o trabalho cardiorrespiratório no pós-parto devolvem à mulher a sua melhor condição física e estética, além de prepará-la para a sobrecarga das atividades de cuidado do bebê – diz.

Continua depois da publicidade

DICAS

Para proteger as costas

:: Tente manter uma postura ereta

:: Controle o peso

:: Faça exercícios que relaxem e fortaleçam a musculatura das costas

:: Evite saltos altos

:: Não levante peso

:: Não fique em pé ou sentada por períodos prolongados

:: Apoie os pés quando estiver sentada

:: Faça caminhadas (elas ajudam a fortalecer a musculatura lombar)

:: Durante a amamentação, evite ficar muito tempo com a cabeça inclinada para baixo

:: Coloque um apoio no braço para sustentar o bebê