No pequeno município de São João da Urtiga, no interior do Estado, um menino de três anos tem se transformado em uma pequena celebridade regional. É que João Gabriel Belusso, que até pouco tempo aprendia a caminhar e usava fraldas, lê tudo o que passa por sua frente.
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O menino nunca foi à escola nem recebeu acompanhamento pedagógico para desenvolver a habilidade. Mas, aos dois anos, começou a se interessar pelas letras, quando ele começou a reconhecer as primeiras palavras. Hoje, o guri já tem intimidade com livros, jornais e revistas, e, devido ao gosto pela literatura, parte das brincadeiras e dos jogos cederam lugar para a leitura infantil.
– Do nada ele começou a ler, sem ajuda de ninguém. Vendo ele assim pensamos que terá um futuro ótimo – diz Gorete Albuquerque, avó de João, que garante que o pequeno aprendeu a ler sozinho.
De acordo com a pedagoga Elisabete Cerutti, professora da Universidade Regional Integrada (URI), de Frederico Westphalen, nessa faixa etária, a criança está propensa a desenvolver outras habilidades que precisam ser estimuladas para que ela aprenda no seu tempo, o que futuramente será muito saudável. Se os pais ou professores estimularem muito a leitura neste momento, isso poderá se transformar em algo sem sentido mais tarde.
Aprender a ler com três anos é possível, porém, não é tão comum. No momento em que a criança estiver no ambiente escolar para “aprender a ler” talvez seu interesse fique debilitado e sem prazer. É importante ter o cuidado para não tratar a leitura como algo mecânico e sem sentido, mas brincadeiras e ludicidade nesta idade nunca poderão faltar, alerta Elisabete.
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A pedagoga responde a algumas perguntas que podem ajudar as famílias que descobrem que suas crianças têm essa habilidade.
Perguntas e respostas:
Ele pode perder o interesse pela escola?
“Sabemos que uma criança saudável tem esse potencial, mas nessa faixa etária temos outros aspectos psicomotores, sociais, afetivos a desenvolver na criança, o que vai desde a construção de sua autonomia até o domínio da linguagem nos aspectos socioculturais. Obviamente, se entendida como processo natural, essa leitura não significa que deixará a criança com pouco interesse pela escola. Entretanto, alguns cuidados precisam ser tomados para que ela não canse de ler e para que isso não se torne algo mecânico e sem sentido.”
Como os pais devem lidar com esta habilidade da criança?
“Eles certamente ficarão orgulhosos em ver a criança sendo capaz de desempenhar uma função social que faz parte do cotidiano do ser humano. Porém, deve-se cuidar para não estimular demais a ponto de fazer com que a criança sinta desgosto pela leitura. Nessa faixa etária ela está propensa a desenvolver outras habilidades, que precisam ser estimuladas para que ela aprenda no seu tempo, o que futuramente, será muito saudável.”
Como os professores devem lidar com esta habilidade?
“Sabemos que as crianças em idade escolar já chegam até a escola letradas, conhecem os signos linguísticos, leem o mundo do seu jeito e criam suas hipóteses, seus conhecimentos prévios. O professor, de forma dinâmica, alia toda essa experiência e, de forma pedagógica, propõe atividades capazes de estimular a criança a pensar e a aprender. Por isso, é importante conhecer bem criança, o que ela domina dos conhecimentos de leitura e escrita, dialogar com a família e entender em que estágio de leitura o educando se encontra para depois planejar as aulas.”
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