Com o trabalho e o estudo a distância, muitas pessoas estão passando grande parte dos seus dias dentro das residências. Isso, inevitavelmente, as fez olhar mais para esses ambientes e procurar deixá-los mais aconchegantes e funcionais para esse novo momento de suas vidas. Na área da arquitetura, os espaços destinados para home office e as áreas abertas, como sacadas e jardins, por exemplo, foram mais valorizados neste período e a adaptação desses ambientes tem sido objeto de grande demanda para os arquitetos.

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áreas abertas, como sacadas e jardins, por exemplo, foram mais valorizados neste período
áreas abertas, como sacadas e jardins, por exemplo, foram mais valorizados neste período (Foto: Freepik)

— Necessidade de adaptação dos espaços residenciais para acolherem as atividades que antes eram exercidas fora de casa, tais como trabalho, estudo e, até mesmo, atividades físicas. Por outro lado, os ambientes de trabalho e de estudo também precisaram ser adaptados para atender os requisitos mínimos de distanciamento social — destaca o especialista em desenvolvimento urbano, o arquiteto e urbanista Marcel Virmond Vieira.

Adaptações das residências à nova realidade

Entre as principais demandas geradas pelos novos hábitos, está a necessidade de ter áreas abertas, jardins e sacadas nas residências, pois as pessoas passaram a valorizar mais o ato de respirar ao ar livre e de tomar aquele solzinho pela manhã. Além disso, um espaço adequado para home office tem sido uma das maiores procuras durante a pandemia. Já para o lazer, os ambientes destinados à interação familiar, como as salas de jantar e estar e as cozinhas, também ganharam valor e destaque nas residências.

verde
(Foto: Pixabay)

— Muitas pessoas promoveram mudanças nos ambientes de suas casas. A mesa de jantar ganhou novas funções. Sacadas viraram estúdios. Um canto ao lado da cômoda virou o escritório. Nunca se sentiu tanta falta do verde e as salas dos apartamentos viram uma profusão de folhagens povoar pequenas florestas nas alturas. Os jardins das casas foram importantes aliados no abastecimento e as hortas urbanas também aumentaram — aponta o mestre em infraestrutura e gerência viária e professor de arquitetura e urbanismo da UniSociesc, Vladimir Tavares Constante.

Valorização da saúde e adequações às medidas sanitárias

Sem dúvida,s umas das maiores preocupações das pessoas passou a ser a saúde e os diversos procedimentos de proteção de limpeza, para evitar ou desacelerar a contaminação viral. Todo esse movimento também impactou a arquitetura. Com isso, intensificou-se a necessidade de iluminação e ventilação natural dos ambientes e a utilização de materiais de acabamento e revestimento mais propensos à higiene.

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Segundo o arquiteto e urbanista Marcel, os ambientes fechados, como shopping centers, que ficam na dependência de condicionamento térmico e iluminação artificial, podem ser vistos como problemáticos.

— Nesses casos, é necessário prever sistemas de ventilação e renovação forçada do ar com filtros — sugere.

Tendência de que os ambientes públicos sejam mais destinados ao lazer

Muitas das mudanças causadas nesse período devem ser mantidas mesmo no cenário pós-pandemia. Dessa forma, a tendência é que algumas das atividades de trabalho e estudo continuem a ser realizadas remotamente e, cada vez mais, os espaços públicos serão destinados ao lazer e ao encontro e confraternização das pessoas.

— A harmonia ambiental gera satisfação e, em tempos de pandemia e pós-pandemia, todas as ações que possibilitem momentos felizes e experiências agradáveis às pessoas são cada vez mais valorizados — afirma o professor Ricardo Floriani, que é coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da UniSociesc.

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Quebra de paradigmas com o home office

O home office trouxe uma vantagem econômica para as empresas e essa situação atual também trouxe uma quebra de paradigmas para diversos setores. A expectativa é que as corporações repensem seus espaços, especialmente em relação à necessidade de manutenção de grandes ambientes corporativos capazes de receber todos os funcionários para trabalhos síncronos.

— Acredito que é a antecipação de uma grande tendência mundial de relacionamento entre pessoas, ambientes, espaços. Os espaços devem passar a ser pensados para possibilitar a realização de atividades que não possam ser realizadas de forma remota e, por algum motivo, exigem a interação e proximidade pessoal — destaca Ricardo.

O papel dos arquitetos e urbanistas

Os arquitetos e urbanistas têm papel fundamental para tornar os ambientes adequados para as novas demandas sociais, tornando-os mais utilitários e aconchegantes. Para isso, é necessário pesquisas sobre exemplos de cidades que já estão se adaptando ao pós-pandemia para tomar como parâmetro na hora de executarem seus trabalhos.

— Mostrar que bons projetos de edificações públicas podem permitir a retomada de serviços com menos risco de contaminações. Propor o desenho urbano de forma a receber com mais espaço as atividades coletivas. Mostrar que o espaço urbano é o espaço da vida na cidade e que convívio das pessoas pode ser feito com mais qualidade. Mostrar que as alternativas de deslocamentos ativos, como o caminhar e andar de bicicleta, são sustentáveis e eficientes e que o transporte coletivo deve ser valorizado, qualificado e universalizado — finaliza Vladimir.

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