
O mais recente Índice de Cidades Empreendedoras da Endeavor, numa parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), aponta Florianópolis como a segunda melhor cidade para se empreender no Brasil, atrás somente de São Paulo, a segunda maior metrópole da América Latina.
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As condições de inovação e capital humano foram os destaques da cidade, que ocupou a primeira posição nos dois pilares, de um total de sete analisados. Santa Catarina ainda conta com mais dois representantes no top 20 do ranking geral: Joinville, em 16º, e Blumenau, em 17º.
Não por coincidência, estão nestas cidades os três maiores polos tecnológicos e de inovação do estado, evidenciando uma relação direta entre o desenvolvimento desses ecossistemas e o aumento da atratividade desses mesmos municípios para a criação de novos negócios.
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Desde que começou a ser publicado, em 2016, o Tech Report – estudo anual do setor de tecnologia com dados de todo o Brasil realizado pela ACATE e Neoway – demonstra o quanto a tecnologia e a inovação são fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade.
Atualmente, a tecnologia é a principal atividade econômica da capital catarinense, que também tem a maior taxa de empresas de tecnologia por habitante do país – cinco para cada mil habitantes. Além disso, as cidades catarinenses são destaque na produtividade (razão entre o faturamento médio e a média de colaboradores por empresa): Blumenau com R$ 88 mil; Florianópolis com R$ 78 mil; e Joinville com R$ 70 mil.
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No pilar inovação – em que no ranking nacional da Endeavor a cidade ocupa o primeiro lugar e Joinville, no norte catarinense, o quarto – foram examinados indicadores como proporção de mestres e doutores em ciência e tecnologia, número de funcionários nessa área, investimentos do BNDES e da Finep, número de patentes registradas, representatividade da indústria inovadora e da economia criativa, entre outros.
Porém, nem sempre as coisas foram dessa maneira. Um conjunto de ações contribuem para o desenvolvimento de Florianópolis e do estado como um ecossistema empreendedor. O movimento ganhou expressão na capital desde a década de 1990, quando houve um aumento do número de empresas de tecnologia e inovação se instalando e sendo criadas, o que rendeu a ela, mais recentemente, o apelido de “Ilha do Silício”. Segundo dados do ACATE Tech Report 2020, a região metropolitana possui 3,9 mil empresas do setor, com faturamento de R$ 9,9 bilhões. São mais de 7 mil empreendedores e cerca de 28 mil colaboradores.
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Uma outra ação que contribui para o desenvolvimento iniciou em 2018. Uma parceria entre a Prefeitura de Florianópolis e a ACATE criou a Rede de Inovação, uma iniciativa pioneira no país que reúne quatro centros de inovação com o objetivo de estimular a cultura de inovação e o empreendedorismo, ativar o ecossistema e gerar e escalar negócios inovadores no município.
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Florianópolis também ficou em primeiro lugar na dimensão Capital Humano. Fatores como alto desempenho dos alunos no Enem, alta proporção de adultos com ensino médio completo, de matriculados no ensino técnico e profissionalizante, de adultos com ensino superior completo e de alunos com formação superior em cursos avaliados como sendo de alta qualidade compõem o resultado. Sem dúvidas, o setor de tecnologia e inovação impulsionou este resultado, pois as empresas de tecnologia atraem um grande número de profissionais altamente qualificados.
A startup de biotecnologia BiomeHub exemplifica bem esta realidade. Fundada em 2019 na capital catarinense, é uma das únicas healthtechs a desenvolver soluções tecnológicas baseadas no microbioma humano no Brasil e, com menos de dois anos no mercado, já é reconhecida nacionalmente como referência em tecnologia e conhecimento sobre o tema para a promoção da medicina preventiva e de precisão. Também foi pioneira no país ao desenvolver uma metodologia de testagem em massa para a Covid-19. Um dos pontos que faz a empresa ter alta capacidade de inovação é a qualidade e quantidade de colaboradores com mestrado e doutorado.
Apesar da boa colocação no ranking, assim como o restante do país, o estado também enfrenta um gargalo para contratação de profissionais altamente qualificados no setor. A ACATE, juntamente com outras entidades e empresas, tem se mobilizado para capacitar mais pessoas para a área, mapeando uma jornada e sensibilizando os jovens desde a escola para que tenham interesse pela tecnologia. Já há bons exemplos no estado, como o Entra21, de Blumenau, que capacita jovens e encaminha para o mercado de trabalho, e o DevinHouse, que vai formar desenvolvedores em nove meses. Estas iniciativas são essenciais para que o ecossistema continue crescendo de forma sustentável.
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Outro pilar em que a capital catarinense ocupa uma boa colocação no ranking é o acesso a capital. Mesmo em meio à pandemia, foram quase R$ 100 milhões de investimento em startups em 2020. Atualmente, existem dois fundos na cidade para investimentos em empresas inovadoras, e a ACATE está apoiando um fundo de R$ 100 milhões da Invisto. Além disso, a Rede de Investidores Anjo se fortaleceu muito nos últimos anos.
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Ainda que tenha obtido um bom resultado geral, a 23ª posição no pilar Ambiente Regulatório; 15ª em Infraestrutura; 42º em Mercado; e 87º em cultura empreendedora mostram que os desafios são inúmeros. Ao menos no ambiente regulatório, a cidade já vê alguns avanços.
O projeto Floripa Simples, lançado em 2020, permite a abertura de uma empresa de baixo risco em quatro horas, tempo mais rápido do país entre as capitais. Por se tratar de uma ilha, existem algumas particularidades, mas é preciso avançar muito na questão da conectividade, assim como na infraestrutura. O índice é um bom parâmetro para toda a sociedade avaliar e elencar as prioridades para o desenvolvimento.