No Carnaval passado, como em muitos outros feriados nos últimos oito anos, José Antônio Esteves e a mulher pegaram o carro para curtir as praias do Uruguai e, na volta, pararam nos free shops de Rivera. Enquanto fazia malabarismos para encaixar cremes de beleza, perfumes, roupas e bebidas nas cotas de importação, Esteves comentou com a mulher, Anelise, que a cada ida à Fronteira eles compravam menos mercadorias.
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> Infográfico: calcule o que é possível comprar em freeshops de Chuí e Rivera com a cota de US$ 300
Não que hoje tenham menos dinheiro do que há oito anos, pelo contrário – de lá para cá os salários aumentaram, acompanhando ou superando a inflação. Mas, com os mesmos US$ 300 (valor limite que isenta impostos de importação) que enchia o porta-malas em 2005, hoje mal dá para forrar uma sacola.
– Os preços subiram muito nos free shops, alguns produtos chegaram a triplicar de valor. Como a cota não sobe, temos que abrir mão de muita coisa – explica Esteves.
O engenheiro gaúcho garante que em 2005, quando o valor passou de US$ 150 para US$ 300, pagava
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US$ 7,50 por uma garrafa de seu uísque favorito na Fronteira. No último Carnaval, desembolsou US$ 20,12.
– Seria lógico que a cota de importação subisse de acordo com a inflação brasileira – opina Esteves.
As cotas inalteradas a anos juntam-se a outros valores que parecem ter sido esquecidos pela inflação. Correções que não casam com a realidade financeira regram obrigações e direitos dos cidadãos como a faixa de isenção do Imposto de Renda, que tem excluído mesmo quem não teve aumento real de salário, e o insignificante rendimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
– São formas fáceis de o governo aumentar a arrecadação. Cabe ao contribuinte procurar formas de proteger seu dinheiro quando houver possibilidade – explica Alfredo Meneghetti Neto, consultor financeiro e professor de Economia da PUCRS.
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