O Perini Business Park termina nesta semana a construção do primeiro bloco do novo campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), situado dentro do condomínio industrial na zona Norte da cidade. Será o primeiro dos três prédios que estão sendo erguidos a ficar pronto para receber os cerca de 1,8 mil alunos da instituição. Os outros dois blocos serão entregues entre janeiro e fevereiro, com previsão de inauguração do campus em 5 de março do próximo ano.
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Enquanto as obras de construção do campus da UFSC estão paradas às margens da BR-101, a universidade está dividida em cinco blocos em diferentes endereços alugados na zona Norte. No final de agosto, ela firmou contrato de cinco anos com o Perini para unificar todo o campus joinvilense dentro do condomínio em um terreno com 44 mil metros quadrados, sendo 13 mil de área construída. A parceria prevê o custo da locação de R$ 412 mil mensais, sendo renovável por mais cinco anos. As obras começaram em julho e ficarão prontas em sete meses, de acordo com a previsão do complexo.
O contrato prevê a construção dos três blocos, incluindo a instalação elétrica, parte de TI e climatização. Haverá um bulevar arborizado interligando os prédios e ainda uma quadra poliesportiva, uma praça com palco de eventos a céu aberto e estacionamento com quase 800 vagas para professores, funcionários e alunos. Segundo o diretor de operações da Perville, construtora responsável pela obra, Emerson Edel, o projeto do novo campus foi baseado na lista de demandas da UFSC.
– A gente pegou o programa do projeto que seria lá na BR e criou esses espaços aqui. A quantidade e o tamanho dos laboratórios, o número de salas de aula e auditórios, tudo isso tem nesse nosso projeto – explica.
O primeiro bloco a ser entregue vai comportar 36 dos 44 laboratórios da universidade. Metade do prédio foi concluído no final de novembro e entregue à UFSC para começar a se instalar no local. O bloco central terá o restaurante universitário, cantinas e os centros acadêmicos. A previsão de conclusão é para 15 de janeiro. E o terceiro bloco terá 31 salas de aula, um auditório com capacidade para 200 pessoas, oito laboratórios, uma biblioteca e um espaço para diretoria e professores. Este prédio deve ser entregue em 9 de fevereiro.
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Infraestrutura e logística devem receber melhorias
Uma das preocupações a partir do anúncio de que a universidade mudaria de endereço é a dificuldade que os alunos terão para chegar até o local, já que o Perini Business Park fica a mais de seis quilômetros de distância dos atuais espaços ocupados pela UFSC. Além disso, há a estimativa de que 1,2 mil alunos (dos 1,8 mil) usem o transporte coletivo para estudar na instituição.
Segundo a diretora do campus, Cátia Carvalho Pinto, há uma comissão interna fazendo um planejamento e um estudo detalhado em relação às ofertas de horários e linhas de ônibus para atender à demanda. Paralelamente, a UFSC, o Perini e as empresas de transporte coletivo da cidade conversam para a criação de uma linha de ônibus UFSC/Perini.
— Ainda não está totalmente acertado. Ele sairia do terminal Norte e iria direto para o Perini, inclusive entrando no Park até as dependências da UFSC — conta.
Por se tratar de um bairro industrial e o Perini estar localizado em uma rua de grande circulação de veículos, a UFSC também estuda ajustar os horários de entrada dos alunos como medida para tentar evitar que eles fiquem presos no congestionamento a caminho da universidade. A possibilidade é de que as aulas que começam às 8h20 passem a iniciar 20 minutos depois, finalizando às 12h10.
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Para quem for de carro, haverá um estacionamento com 670 vagas para alunos e 87 vagas para professores. De acordo com o diretor comercial do Perini, Jarbas Nei Maçaneiro, isso fará com que não haja impacto nas vagas oferecidas para as demais empresas dentro do complexo. O condomínio também começou as obras para modernização e ampliação da portaria de entrada, que pode ser inaugurada no mesmo período do início das aulas da UFSC. A estrutura contará com uma cancela a mais na entrada e na saída, totalizando seis para veículos acessarem o local e outras quatro para deixarem o complexo.
Jarbas afirma que não haverá problema para os cerca de 1,8 mil alunos entrarem no condomínio diariamente. Atualmente, 5,5 mil funcionários já trafegam pelo Perini todos os dias. Segundo o diretor, no passado eram 7,5 mil pessoas e a portaria dava conta da demanda.
— Nós também estamos pensando em algumas formas de facilitar o fluxo de alunos dentro do condomínio para que não passem na portaria principal. Os ônibus, por exemplo, entrariam pela portaria de cargas — explica.
Oportunidade de se tornar um campus universitário
A diretora do campus da UFSC em Joinville, Cátia Carvalho Pinto, avalia a mudança como muito positiva. Segundo ela, haverá o aumento da infraestrutura física em salas de aula, laboratórios de informática, biblioteca e laboratórios de ensino e pesquisa. Também haverá a união dos atuais cinco prédios em um mesmo espaço dentro do Perini Business Park, caracterizando-se mais como um campus universitário.
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Além disso, ainda serão construídos um espaço de convivência para os alunos e uma quadra de esportes, que eram demandas antigas. Cátia ainda acredita que a universidade possa aproveitar a presença das empresas dentro do condomínio para realizar parcerias.
– Essa mudança da universidade para um parque industrial com a presença de 150 empresas aumentará muito a oferta de estágios para os nosso alunos, bem como possíveis projetos conjuntos – explica.
O planejamento da universidade é de realizar toda a mudança entre dezembro e fevereiro para que em março tudo esteja pronto para receber os 1,8 mil alunos de graduação e pós-graduação, além dos 45 servidores técnico-administrativos e os cem professores. Algumas coisas já começaram a ser levadas ao novo campus no início deste mês.
Atualmente, a UFSC tem sete cursos de graduação em engenharia: automotiva, transportes e logística, mecatrônica, de infraestrutura, aeroespacial, naval, ferroviária e metroviária. Também há um bacharelado interdisciplinar em engenharia da mobilidade, especialização na área de ciência e tecnologia e mestrados em engenharia e ciências mecânicas e engenharia de sistemas eletrônicos.
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A Universidade Federal de Santa Catarina está presente na cidade desde 2009, quando tiveram início as aulas em prédios alugados. No mesmo ano, estava previsto o início das obras do campus às margens da BR-101, com a construção da biblioteca, restaurante universitário, prédio administrativo e das primeiras salas de aula. Essa etapa era para ficar pronta até março de 2011, quando os primeiros 800 alunos chegariam ao campus. Porém, começaram apenas em 2012.
Desafio é integrar universidade com as empresas
Com a instalação da Universidade Federal de SC no Perini, o condomínio agora tem o desafio de fazer a UFSC interagir com as 150 empresas no local. Pensando nisso, a administração realizou uma pesquisa com aproximadamente cem executivos que estão dentro do parque para saber qual é a expectativa deles com a chegada da instituição. Segundo o diretor comercial do Perini, Jarbas Nei Maçaneiro, outras perguntas relacionadas a interação entre a UFSC e as empresas também foram feitas, surgindo respostas muito positivas.
De acordo com ele, os executivos afirmaram estar satisfeitos em receber a universidade, e um percentual elevado garantiu ter interesse em contratar estudantes como estagiários. Eles também disseram ter interesse em cursos de extensão e pós-graduação. No entanto, Jarbas aponta que os dados mais importantes são em relação à vontade das empresas em investir em parcerias com a UFSC.
– Mais de 50% dos executivos declararam que teriam interesse e, inclusive, já teriam recursos para investir em conjunto com a universidade na área de pesquisas – conta.
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As respostas foram encaminhadas para a universidade e reuniões foram feitas para discutir estratégias de como colocar tudo no papel e materializar as ideias em ações.
O diretor comercial também conta que o Perini está recebendo consultas de outras instituições ligadas à área do conhecimento para se instalarem no condomínio. Segundo ele, a chegada da universidade pode iniciar novo ciclo de negócios para o condomínio industrial.
Obras paradas às margens da BR-101
O projeto previa a conclusão das obras até 2014, quando teria sido encerrada a construção das moradias estudantis e do hotel de passagem para professores e pesquisadores. No entanto, até hoje foi concluída apenas a primeira etapa do projeto, que é de construção da estrutura de quatro prédios. O investimento na estrutura construída, incluindo custos dos projetos e de terraplenagem, é de R$ 11,5 milhões. Além disso, a universidade também já gastou R$ 18,8 milhões com aluguéis de imóveis.
A Autopista Litoral Sul, responsável pelo trecho Norte da BR-101, também já concluiu as obras de acesso ao campus, com investimento total de R$ 15 milhões. Com isso, já foram gastos cerca de R$ 45 milhões no projeto, com a previsão de chegar a quase R$ 70 milhões – somados os próximos cinco anos de aluguel no Perini – sem que o campus tenha sido inaugurado.
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