Tem gente que critica porque não sabe fazer. Tem gente que admira e até para pra ver. Você que me critica vem fazer o que eu faço, no meio do caminho você vai sair, seu fraco!¿. Quem puxa o grito de guerra pelo salão da igreja ou pelas ruas do bairro é o pequeno lutador de boxe Gustavo Ventura, de 11 anos. Apesar de ser apenas uma criança, ele dá as ordens e a molecada respeita.
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Gustavo treina no projeto Boxe da Escola, da equipe Malagueta, em Tijuquinhas, Biguaçu. São cerca de 40 alunos que se reúnem duas noites por semana no salão da igreja Santo Antônio. Virou o principal evento em um bairro com poucas opções de lazer e de muitas ruas ainda de chão batido. Crianças e adolescentes fazem de graça. Os adultos pagam uma pequena mensalidade de R$ 30, e é esse valor que patrocina os moleques.
O idealizador do projeto, que surgiu em 2010, é o guarda municipal de Florianópolis Deniz José da Silva. Durante um bom tempo o centro de treinamentos foi a garagem da casa do Deniz. Ele investiu cerca de R$ 4 mil do próprio bolso para comprar ringues, luvas e sacos de pancadas.
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Projeto Boxe na Escola
Formando campeões no ringue

Um dos frutos do projeto é o atual instrutor Djonata Ventura, campeão catarinense de boxe meio-pesado de 2015. O pugilista diz que sempre praticou esportes desde criança, mas nunca teve apoio da família. Por isso, ensina o filho Gustavo, hoje com 11, desde os 5 anos.
O pai cria o moleque com mãos de ferro. Quer que o garoto seja um atleta de alto rendimento, mas não deixa ele treinar caso vá mal na escola. Pretende colocar o menino em um colégio militar e levá-lo para competir fora do país. Quando questionado como vê o seu futuro, Gustavo não hesita.
– Quero ser um campeão mundial de boxe – responde firme.
O caminho está sendo trilhado. Apesar de tão novo, o menino vai disputar uma etapa do campeonato amador Cinturão de Ouro neste sábado, em Balneário Camboriú.
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Além do campeão Djonata, a equipe Malagueta já despontou outros nomes, como Antônio Garcia, que ficou em 3ª lugar no Nacional meio-médio ligeiro em 2014, e Rony Cunha, que disputou o torneio na mesma categoria em 2012.
Filha e mãe treinam juntas

O projeto funciona nos colégios estaduais Santo Antônio e Cônego Rodolfo Machado. Foi através desse trabalho nas escolas que a filha da auxiliar de enfermagem Leila Sandes da Luz foi convidada. A menina está na terceira série e recebeu uma cartinha em casa.
– Eu comecei a incomodar a mãe. Ficava dizendo ¿eu quero lutar boxe, mãe. Eu quero lutar boxe, mãe¿ – conta Larissa, de 9 anos.
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A insistência deu certo, tanto que a Leila agora é quem incentiva a prática do esporte.
– As pessoas acham estranho uma mulher fazendo boxe, mas eu posso garantir que a minha qualidade de vida mudou muito. Eu estava muito sedentária, e a gente não tem academias aqui perto. Eu tenho só um mês aqui e já perdi cinco quilos!