Um dos maiores desastres naturais registrados na história dos Estados Unidos, o furacão Katrina deixou mais de 1.500 mortos e fez com que um milhão de pessoas deixassem suas casas. A cidade de Nova Orleans, a mais populosa da Louisiana, foi severamente atingida pela catástrofe, e virou referência de resiliência e exemplo para situações como a vivida nas últimas semanas no Rio Grande do Sul.
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O furacão passou pelo Sul dos Estados Unidos em agosto de 2005, atingindo também os estados do Mississipi e Alabama. Em Nova Orleans, o furacão passou longe, mas causou fenômenos como chuvas e ventos fortes. As informações são do g1.
A cidade é cercada de água e já possuía um sistema de diques, construído 100 anos antes. Contudo, a estrutura não resistiu, o que intensificou as cheias. Cerca de 80% da cidade ficou embaixo d’água e do total de 1.500 mortes, 600 foram registradas em Nova Orleans.
Os moradores receberam o alerta de furacão, mas pelo menos 100 mil pessoas teriam ignorado a ordem para deixar suas casas e continuado nas residências, o que dificultou os resgates depois que a água subiu.
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Imagens relembram destruição do Furacão Katrina
Como foi a reconstrução
Segundo informações da GZH, o Corpo de Engenheiros das Forças Armadas atuou na reconstrução da cidade logo após a tragédia, principalmente em áreas conhecidas, como a 17th Street e o Distrito Industrial, e nos reparos do sistema de diques.
No ano seguinte foi lançado o projeto chamado de “Muralha”, que custou US$ 14,5 bilhões e foi concluído somente em 2015. Também foi feita uma recuperação dos pântanos do Golfo do México, com fundos do governo estadual.
Posteriormente, uma união de forças entre especialistas, empresas sem fins lucrativos e a sociedade civil desenvolveu e colocou em prática o Plano de Água Urbana da Grande New Orleans. O projeto se baseia na ideia de “viver com a água”, na qual a proposta é focar em armazenar e reter a água em vez de direcioná-la para rios e lagos.
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A gestão da água da chuva e estrutura de drenagem foi repensada com base em estratégias usadas na Holanda, com itens como biovalas, jardins de chuva e pavimentos permeáveis, prevendo também a intensificações de situações como essa com as mudanças climáticas.
Após 18 anos, os investimentos no sistema de proteção contra furacões e inundações ultrapassam os R$ 14 bilhões, entre doações e dinheiro público, o equivalente a R$ 70 milhões.
O sistema de diques foi reforçado e, agora, dá a volta completa na cidade. Nova Orleans conta também com uma rede de bombeamento de água, que evite que ela entre e suga a inundação para fora.
A cidade voltou a ser atingida por um furacão em 2021, o Ida, que foi classificado como categoria quatro em uma escala que vai até cinco. Nessa ocasião, os diques aguentaram as chuvas, cheias e fortes ventos, e não cederam, como em 2005.
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Exemplo de recuperação
— Disseram que Nova Orleans nunca se recuperaria. E aqui estamos, uma cidade vibrante, mas tem sido também um caminho difícil — contou ao Fantástico William Stoudt, que era um adolescente voluntário em 2005 e se tornou o diretor de uma ONG que trabalha para reconstruir casas.
Assim como no Rio Grande do Sul, a solidariedade foi o que garantiu alimento e ajuda para os desabrigados nos primeiros dias após a tragédia. Depois do Katrina, Nova Orleans teve uma queda de 20% na população, já que cerca de 100 mil pessoas não tinham para onde voltar.
Além das perdas materiais, a população que viveu o Katrina leva marcas que não vão embora tão facilmente. A saúde mental de quem passou pelo furacão se tornou uma das principais preocupações.
— Os impactos dos desastres duram muito tempo. Já faz quase vinte anos e as pessoas ainda têm ansiedade, depressão, entre outras doenças — disse ao Fantástico o pesquisador da Universidade de Tulane, Reggy Ferreira.
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No Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas e inundações desde o início do mês de maio, moradores aguardam a água baixar completamente para iniciar a reconstrução das casas e comércios. Em outras áreas, essa etapa já iniciou, e moradores contabilizam perdas e histórias levadas pela lama.
— O tempo de recuperação vai depender de muitos fatores, principalmente dos recursos financeiros disponibilizados. A fase de recuperação foca em reconstruir as necessidades básicas dos atingidos, e normalmente ela é demorada e complexa — explica a pesquisadora de gestão urbana e de desastres da UFSC, Franciely Veloso Aragão.
Há previsão de que alguns bairros e áreas precisem ser mudados de lugar, o que ainda deve ser previsto e planejado pelo governo estadual. Santa Catarina já recebe gaúchos que, após perderem suas casas, decidiram recomeçar a vida no estado vizinho.
O número de mortos por conta das chuvas no Rio Grande do Sul já chegou a 157 e ainda há 88 pessoas desaparecidas. Autoridades estimam que 2,3 milhões de moradores de 463 municípios foram afetados pelas enchentes.
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