O governo erra ao judicializar o conflito com os servidores públicos e põe em risco a imagem do prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) ao afastá-lo da mesa de negociação com o funcionalismo. O resultado está aí. Uma greve que só aumenta e uma opinião pública que já escolheu o culpado pelo fracasso do acordo. Ainda não entendi por que o prefeito, um sujeito com admirável habilidade política, dá ouvidos ao grupo que gravita ao seu redor e que não acerta uma única vez.
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Não bastam a bandeira e o tamarindo? Parece até de propósito. Às vezes eu penso que o Pink e o Cérebro chegam lá de manhã e se perguntam como vão sacanear o prefeito. A proibição de que os servidores se aproximem da prefeitura entrou para o folclore local. Só falta agora a prisão da Sueli para que a turma ganhe a medalha de honra à patetice. Dá pra virar o jogo? Acho que sim, mas para isso tem que sentar e negociar. Além disso, Napoleão Bernardes tem que se livrar daquele grupo de pesos mortos que está no seu entorno.
Daqui a três anos eles voltam para o canto de onde vieram, enquanto o prefeito – o único com mandato e, por isso, com a corda no pescoço – fará o quê? Que a prefeitura está mais quebrada que arroz de segunda, ninguém duvida. Não há dinheiro pra nada e, claro, o pouco que resta não dá para gastar unicamente com o salário dos servidores. Agora, por que o prefeito não explica isso diretamente para os trabalhadores, no olho deles, faz um gesto, abre um caminho e constrói uma solução que lhe permita demonstrar a sua reconhecida capacidade de diálogo? Ele é bom nisso.
Como é que ele foi aceitar a brilhante sugestão do Pink e do Cérebro de trancar-se no gabinete e partir logo para o desgaste de um enfrentamento judicial? É verdade que o sindicato tem méritos na aglutinação da categoria em torno da negociação salarial. A Sueli e o Sérgio confirmaram o jeito pra coisa, mas também é verdade que a prefeitura foi colecionando motivos para que a paralisação ganhasse força. A arrogância foi o principal deles.
Um prefeito na mesa de negociação tem um valor simbólico, do homem que não é insensível, ao contrário, que ouve, entende, que busca avançar e que, se não conseguir, aí sim pode ter motivos para uma reação mais dura. Nada disso ocorreu. Excetuando o encontro da última quarta-feira, os servidores passaram os últimos 15 dias vagando atrás de uma porta que se abrisse. Napoleão Bernardes tem que fazer um gesto antes que a situação se torne irreversível para ele.
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E Pink e Cérebro, deu pra vocês dois, né?