Desde que saem da barriga de suas mães – aquele lugar aconchegante, silencioso e quentinho -, os bebês passam rapidamente por diversas experiências adaptativas. Acostumar-se com o mundo aqui fora não é fácil, e pode ser mais complicado ainda com as variações climáticas típicas do país tropical. Por isso, durante os dias de calor excessivo dos meses de verão, todo cuidado com os pequenos é pouco.
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Como eles ainda não desenvolveram a capacidade de falar – e de soltar aquele bom resmungo “ai, que calor!” -, é preciso ficar de olho em alguns sinais que possam indicar o desconforto devido à alta temperatura. Conforme o pediatra Juarez Cunha, da Comissão de Infectologia e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, quando os bebês sentem muito calor, podem ficar mais impacientes, chorosos e agitados.
Foi a irritação incomum do pequeno Eduardo, hoje com 11 meses, que chamou a atenção da relações públicas Jacqueline Colling Sebben, 31 anos. Mãe de primeira viagem, ela notou que, nos dias mais quentes, o filho perdia o apetite – e também o humor. Para amenizar os graus a mais na temperatura, Jacque decidiu mudar um pouco a rotina familiar. Os passeios diários começaram a ser realizados nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, água e frutas passaram a ser oferecidas para o filho a toda hora, e os banhos de piscina ficaram cada vez mais comuns. Além disso, enquanto o pequeno está dentro de casa, o ar-condicionado permanece ligado a uma temperatura de 24°C. Como resultado, Eduardo ganhou de volta a fome, e a mãe, o sorriso.
Segundo Cunha, o ar-condicionado é uma boa estratégia para refrescar os ambientes nos dias de calor, mas é preciso tomar alguns cuidados. A manutenção do aparelho é indispensável, pois o filtro deve estar sempre limpo. Além disso, as temperaturas muito baixas não são recomendadas, já que um ambiente frio em demasia deixa a mucosa da garganta mais sensível às bactérias, facilitando o aparecimento de infecções, como a dor de garganta. A temperatura que Jacque mantém para refrescar Eduardo – entre 22°C e 24°C – é, segundo o especialista, a ideal para amenizar o calor, sem fazer o bebê passar frio.
Sem sol direto até os seis meses
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A aflição dos pequenos nos dias mais quentes é justificável. Eles sentem tanto ou mais calor do que os adultos, e por isso é preciso ter cuidados extras nos dias calorosos, afirma o pediatra Juarez Cunha. O primeiro deles é estar sempre muito atento à exposição aos raios ultravioletas (UV). Até os primeiros seis meses de vida, o recomendável é evitar o sol direto. Durante este período, as barreiras físicas são indispensáveis, e o uso de protetores solares não é recomendável.
– Estes produtos não devem ser usados em bebês com menos de meio ano devido a sua maior absorção através da pele, e também pela possível dificuldade de ser eliminado pela imaturidade de seu sistema excretor – explica a pediatra Ana Maria Martins, do Hospital da Criança Conceição.
Para proteger os pequenos, deve-se colocar roupas que cubram todo o corpo, bonés, chapéus e demais acessórios que evitem o contato direto do sol com a pele da criança, já que ela é muito mais sensível neste período.
Depois dos seis meses, um pouquinho de contato direto com o sol até está liberado, mas com muita moderação e cuidado. É preciso sempre passar protetor solar – com fator (FPS) mínimo de 30 e adequado para a idade – e evitar que os pequenos fiquem expostos ao sol entre 10h e 16h. A aplicação do protetor deve ser feita a cada duas horas, ou sempre após a saída da água.
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Confortáveis no verão
Confira algumas dicas de como manter os bebês mais à vontade quando está muito quente
Roupas leves
Utilizar roupas de algodão e de linho é importante nos dias de calor, pois os tecidos são mais leves e facilitam a transpiração. É recomendável evitar roupas feitas de fibras sintéticas, porque elas retêm o calor e incomodam o bebê, podendo causar brotoejas e assaduras. Outra dica é evitar expor a criança ao sol com roupas brancas, pois, quando molhadas, elas perdem os fatores de proteção da radiação UV.
Sombra
Ainda que o céu azul seja um convite para sair à rua, em dias muito quentes isso nem sempre é uma boa ideia. O calor excessivo não é bom para os bebês e pode provocar mal-estar e insolação. Por isso, o ideal é evitar os passeios nos horários de sol forte. O período de maior risco de exposição aos raios ultravioleta é das 10h às 16h (17h durante o horário de verão).
Água fresca
Nos bebês com menos de seis meses e que mamam, o leite materno é suficiente, se nas doses corretas, para manter a hidratação. Já para os maiores, muita água, sucos e água de coco são fundamentais para manter o corpo hidratado. Com o calor excessivo, ocorre uma maior perda de água pelo suor e, por isso, é importante repor os líquidos com bastante frequência. Uma forma fácil de avaliar a hidratação pode ser pela quantidade habitual de saliva e de lágrima, que diminuem quando a criança está desidratada.
Bumbum ao vento
Se as temperaturas estiverem muito altas, deixe o bebê pelado por algum tempo. Permitir que a região das fraldas “respire” sem barreiras é importante pois, além de ser confortável para a criança, diminui a possibilidade de assaduras e alergias. Um horário bom para deixar o bumbum ao vento é na soneca da tarde, quando a lavagem fica mais fácil, caso seja necessária.
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Cremes com moderação
Óleos infantis usados para massagens e cremes hidratantes podem sensibilizar a pele do bebê, facilitando alergias e outras reações, como dermatite ou brotoejas. Nas altas temperaturas, se o bebê for sair ao sol, evite passar cremes antiassaduras dentro da fralda, para garantir que a pele respire melhor.
Sem talco
Muitas mães passam bastante talco nos bebês após o banho para mantê-los frescos. Entretanto, o contato do pó com a pele molhada pode causar irritação e desconforto na criança. Além disso, quando aplicado em excesso, o talco deixa partículas que ficam suspensas no ar, e o bebê pode respirá-las, desencadeando problemas respiratórios como a asma.
Refresco aquático
Não é preciso saber nadar para aproveitar a piscina. Crianças que já sabem sentar com firmeza podem curtir o refresco da água nos dias de calor em banheirinhas ou em uma piscina inflável. Isso pode ser feito tanto ao ar livre quanto dentro de casa. Mas fique atento às condições de higiene da piscina e nunca deixe a criança sozinha enquanto brinca na água.
Fonte: pediatra Juarez Cunha, da Comissão de Infectologia e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul
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