Quando uma empresa respeitada no mercado entra em uma bola de neve de endividamentos, é difícil para quem assiste de longe entender o que está acontecendo. As dúvidas afloram, as portas se fecham e a situação pode se tornar insustentável.
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O caso mais simbólico em Joinville é a falência da fabricante de ônibus Busscar, que completou um ano nesta sexta-feira. A agonia da empresa ficou marcada na memória de ex-trabalhadores, analistas e população.
Quando dificuldades vividas por outras companhias ganham visibilidade, a luz amarela já acende: “Será que pode virar uma nova Busscar?”.
Economia global
Não exatamente.Salvatore Milanese, sócio-líder de reestruturação da KPMG no Brasil, explica que as crises fazem parte do ciclo normal das empresas e o intervalo de tempo entre uma e outra vem encurtando, segundo ele, devido à interdependência.
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As empresas localizadas em países expostos à economia global têm maior incidência de crises, diz. Para Milanese, o que não é normal é correr atrás dos remédios quando a empresa “já está com o pé na cova”.
Negação
O correto seria acordar antes, mas Milanese identifica que quando as coisas não estão bem, os empresários entram no estágio da negação. Tentam salvar o patrimônio sozinhos, cercam-se de milagreiros e insistem em contrair novos empréstimos.
– O primeiro passo é reconhecê-la e cercar-se de experts – aconselha.
Endividamento
O consultor explica que o endividamento não é algo ruim, necessariamente, porque quando uma empresa de infraestrutura, por exemplo, investe a longo prazo e adquire alto endividamento, o retorno do projeto vai gerar caixa para pagá-lo.
– O problema é quando o endividamento é alto e não há perspectivas. Esta é a hora de pedir ajuda, instalar um comitê de crise, fazer a gestão de caixa, garantindo os pagamentos para não parar a operação, enquanto se planejam outras ações, como reestruturação e venda de ativos – afirma.
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Ele reforça que não se pode deixar chegar à total deterioração. Mas muitos empresários acham que uma nova dívida vai resolver.
– Por isso é aconselhado que se cerque de especialistas de forma profissional, sem vínculo emocional. Só internamente, a solução pode sofrer resistências ou demorar para implementada.