Uma megaoperação da Polícia Federal em conjunto com o Ibama, no início da semana, resultou no bloqueio de quase R$ 3 bilhões de pessoas e empresas do Brasil inteiro supostamente ligadas a um esquema de comércio ilegal de mercúrio para garimpo de ouro na Amazônia. Batizada de Hermes Hg II, a ação foi um desdobramento de outra operação parecida no fim de 2022 — que na época foi a maior atividade de desarticulação do uso ilegal de mercúrio na história do país, segundo a PF. Com impacto nacional, tudo isso começou no ano de 2018 em Joinville.

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O histórico da investigação iniciou com uma primeira operação do Ibama e da Receita Federal em Joinville em fevereiro de 2018. Na época, uma exportadora de mercúrio na cidade foi flagrada com 1,7 toneladas do material, sendo que grande parte iria para o garimpo ilegal na Amazônia.

Os agentes ambientais constataram na época que a importadora simulava a venda e o transporte de mercúrio para uma empresa de fachada em Várzea Grande-MT. No endereço do suposto comprador, informado ao Ibama no Cadastro Técnico Federal (CTF), funcionava uma mercearia.

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A partir das informações coletadas nessa operação em Joinville em 2018, o Ibama e a PF iniciaram uma investigação que levou quatro anos e culminou na primeira fase da Hermes Hg, em 2022. Na época, mandados foram cumpridos também em Indaial e Timbó, em Santa Catarina. Consequentemente, os resultados no ano passado permitiram a deflagração da nova etapa nos últimos dias.

Os mandados da nova fase da operação foram cumpridos na quarta-feira (8) em quatro estados: Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao todo, foram 34 mandados de busca e apreensão contra pessoas e empresas. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara Federal de Campinas — cidade em que, segundo as investigações, o aeroporto era usado para transporte de mercúrio ilegalmente.

O mercúrio comercializado irregularmente, sem controle dos órgãos ambientais, serve para abastecimento de garimpos ilegais. O componente é utilizado pelo poder de se unir a outros metais e separar os grãos de ouro de sedimentos. Sem controle no manejo, o mercúrio é tóxico e pode causar sérios danos à saúde.

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Ao todo, as operações da PF e do Ibama focam nas empresas responsáveis por venda, transporte e armazenamento ilegal do mercúrio, burlando as regras federais e fazendo até mesmo o uso ilegal dos sistemas do Ibama para “mascarar” a movimentação de quantidades exorbitantes de mercúrio pelo Brasil.

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