Pablo Romano, 71 anos, jogava bola com um certo Jorge Bergoglio nos anos 1950. Pablo herdou a barbearia do pai e permaneceu no bairro Flores, em Buenos Aires. Jorge virou o papa Francisco. Embora pouco reste da primeira morada do pontífice, fiéis amarram rosários à janela da casa na Rua Membrillar. Conheça o bairro onde nasceu Bergoglio, guiado pelo seu amigo de infância.
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Zero Hora – De onde o senhor conhece o papa?
Pablo Romano – Morávamos no mesmo bairro. Éramos amigos de infância. Ele estudava no Nossa Senhora da Misericórdia, e dizem que também jogava lá. Eu era de outra escola.
ZH – Que lembrança o senhor tem dele?
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Romano – Do futebol. A criançada se juntava para jogar na pracinha, que agora se chama Hermínia Brumana. Marcávamos as goleiras com papel ou fazendo os bancos da praça de trave. Era nesse espaço que ele aparecia com o irmão mais velho, vindo da casa dele, ali bem perto.
ZH – Como ele era?
Romano – Meio fraquinho de corpo. Mas era uma criança normal, como tantas que existiram e sempre existirão nas ruas de Buenos Aires. Quando ficávamos com sede, a gente parava e algum vizinho nos dava água. Um tempo que não volta mais.
ZH – Ele jogava bem?
Romano – Olha, digamos que não era assim um Garrincha, um Pelé (risos). Acho que, como jogador, ganhamos um grande Papa (risos).
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ZH – E o estilo? Driblador, marcador, calmo, irritado…
Romano – Nunca o vi brigar ou fazer arte. Talvez, em uma oportunidade, ele tenha chutado uma bola que terminou em uma vidraça quebrada… Mas é difícil lembrar ao certo se foi ele mesmo. Faz muito tempo.
ZH – Bergoglio jogava sempre? Era fominha?
Romano -Ele realmente gosta de futebol. Tanto que é torcedor declarado doSan Lorenzo, como era o pai dele. Mas nem sempre podia brincar conosco.
ZH – Por quê?
Romano – É que ele estudava muito. Quando não aparecia no campinho, era certo que tinha ficado estudando em casa.
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ZH – Como o senhor sabe disso?
Romano – Ora, morávamos no mesmo bairro nos anos 1950! Todos sabiam da vida de todos. E perguntávamos quando alguém faltava. Ele estudava muito.
ZH – Verdade que era peronista?
Romano – Teve contato com a Guarda de Ferro, um dos grupos jovens. Mas não sei se isso evoluiu.
ZH – Já dava para perceber a vocação religiosa?
Romano – Éramos só meninos jogando bola. Mas ele sempre foi calmo, sereno. Nunca brigou, por exemplo. Aos 19 anos, foi embora do bairro.
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ZH – E voltou como autoridade da Igreja?
Romano – Sim. Ajudou muita gente aqui em Flores, com dinheiro ou outro tipo de auxílio.
ZH – Qual a sensação de ter jogado bola com Francisco?
Romano – De honra. Posso contar aos netos que fui amigo de infância do Papa. Não sei se acreditarão, mas é o que vou contar a eles.
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