A agricultura em Santa Catarina deve ser uma das impactadas com a previsão de que o inverno será mais chuvoso e com menos frio. Por conta da presença do El Niño, plantações de alho, cebola e trigo devem sofrer com problemas que vão desde o cultivo até o aumento nos custos de produção nos próximos meses, segundo projeção da Epagri/Ciram.
Continua depois da publicidade
Saiba como receber notícias do NSC Total no WhatsApp
Entre julho e agosto deste ano, a previsão é de que a chuva seja mais frequente no Estado, principalmente nas áreas próximas ao Rio Grande do Sul, além de um inverno com pouco frio. De acordo com a meteorologista Marilene de Lima, essa condição está associada a presença do El Niño, que deve influenciar no tempo com intensidade moderada a forte.
— O fenômeno também favorece temperaturas entre a média e acima da média no trimestre julho-agosto-setembro. As massas de ar frio trazem declínio de temperatura e episódios com geada e/ou neve, que serão de curta duração, com maiores chances de ocorrência de veranicos — pontua.
Como o El Niño influencia o inverno
Continua depois da publicidade
A última vez que o evento impactou no clima de Santa Catarina foi entre 2015 e 2016 onde as chuvas foram frequentes e volumosas durante o inverno e a primavera. Um cenário bem diferente dos últimos anos quando o La Niña contribuiu para dias de frio prolongado e longos períodos de estiagem no Sul do Brasil.
As mudanças no tempo, no entanto, impactam diretamente na agricultura. No caso do cultivo do alho e cebola, típicos dessa época do ano, o excesso de chuvas pode ocasionar problemas fitossanitários, o que aumenta os custos de produção por conta de um maior número de pulverizações com fungicidas, assim como problemas com erosão do solo por conta das enxurradas, o que pode gerar prejuízos aos produtores.
Veja a reportagem especial “SC e os extremos do clima”
De acordo com a Epagri, outro cultivo que pode ser impactado com a mudança no clima é o trigo. A preocupação está com a previsão de excesso de chuvas entre outubro e novembro, período que coincide com as fases de maturação e colheita da cultura.
Caso as previsões se confirmem, Santa Catarina pode ter perdas em produtividade devido ao aumento de ocorrência de doenças fúngicas, que prejudicam a qualidade do grão. Isto faz com que o valor comercial do produto seja reduzido, segundo o órgão estadual.
Continua depois da publicidade
A erosão também pode impactar os produtores que não realizam plantio sobre a palha, assim como temporais com ventos fortes podem trazer prejuízos para pomares e benfeitorias.
Milho pode ser beneficiado
Por outro lado, o aumento na condição de chuva nos próximos meses pode favorecer o cultivo do milho, além do desenvolvimento de pastagens nativas e cultivadas, caso sejam bem distribuídas ao longo da primavera.
— Lembrando que nos últimos três anos tivemos períodos de estiagem prolongada, em especial no Extremo Oeste de Santa Catarina e na região do Vale do Rio Uruguai — explica o analista de socioeconomia e planejamento agrícola da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias.
Inverno em SC terá frio menos duradouro e veranicos acima de 30°C
As regiões de Chapecó e São Miguel do Oeste concentram cerca de 50% da área cultivada de milho em Santa Catarina e tem como objetivo a silagem.
Continua depois da publicidade
— Nessas regiões o zoneamento agroecológico estabelece o cultivo favorável a partir de agosto e setembro. É importante salientar que o milho silagem é a base da alimentação para produção leiteira — complementa.
Por que Santa Catarina vai do calorão de 44°C ao frio extremo de -10°C?
Como demanda muita água, o milho acaba sendo uma das culturas mais eficientes durante os períodos de cheia no Estado. Ao contrário da soja, que é mais resistente a períodos curtos de estiagem.
— Caso ocorra excesso de chuvas durante o ciclo de desenvolvimento, poderá ocorrer doenças fúngicas em maior intensidade e elevar os custos de produção em virtude da aplicação de fungicidas e outros agroquímicos — pontua o analista.
Leia também:
Reforma tributária pode aumentar em até 60% os impostos de itens da cesta básica
Preço da gasolina tem queda em SC e fica R$ 0,09 acima da média nacional
População desempregada cai para 8,9 milhões no trimestre até maio, diz IBGE