No início, a mãe de Eduardo ficou feliz com a popularidade do filho na escola. Algumas vezes, quando ele voltava para casa, vinha acompanhado por um regalo da professora ou de um amigo. Só que, quando os presentes ficaram mais frequentes, a mãe resolveu investigar o filho de sete anos e descobriu um problema. Para conquistar a admiração dos pais, ele mentia que os amigos lhe ofereciam lembranças.
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– Percebi que alguma coisa estava errada e conversei com a professora. Descobri que ele pegava os materiais do colega – lembra a mãe.
Depois de uma conversa séria, Eduardo confirmou que mentia, e a mãe descobriu que ele tinha medo de ser repreendido por ter pego um objeto do amigo. A solução foi conversar e dar mais atenção ao pequeno.
Usar artifícios da imaginação para criar novas versões para a verdade é uma atitude comum das crianças geralmente após os três anos. É a partir desta fase que elas começam a se autoafirmar e a testar os adultos – para ver como reagem frente a determinadas atitudes e para conhecer a possibilidade de controlá-los.
– É fundamental que os pais acompanhem a criança para saber se ela está mentindo ou não. Aceitar tudo o que ela fala não é o ideal – explica a psicóloga Isabel Vielmo Guidolin.
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Para conseguir “caçar” as mentiras dos filhos, é importante a presença física e emocional dos pais na fase de desenvolvimento da criança, afirma a psicóloga clínica Aléssia Carpes. Além disso, é essencial chegar perto da criança e mostrar que aquilo que está sendo falado não é verdade.
– Elas mentem para chamar a atenção, para conseguir algo dos pais. Em casa, quanto mais exemplos de verdade existirem, menos a criança terá tendência de mentir ou omitir – diz Aléssia.
Se mesmo com o diálogo as mentiras persistirem, fique de olho aberto e procure um especialista. Quanto mais tempo a criança mente, mais perigoso pode se tornar, podendo trazer consequências até para a idade adulta.
Fale sempre a verdade
::: Há uma grande diferença entre as mentiras das crianças. Algumas são aceitáveis e podem ocorrer por medo da repressão dos pais.
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::: Avalie para saber o quanto isso pode prejudicá-las e converse sempre com seu filho para deixar claro que, por trás de uma mentira, pode haver uma grave consequência.
::: Mesmo que a criança ainda não saiba diferenciar a fantasia do real, os pais devem lhe mostrar o que é mentira e o que é fantasia nas histórias. Deixe claro que seu filho é compreendido e que pode ficar seguro em contar a verdade.
::: Intensidade e frequência podem definir o grau de perigo das mentiras contadas pelas crianças. Quanto mais tempo dura, mais perigoso pode ser.
::: Se na pré-escola a criança chegar em casa com um material novo ou um presente e disser que algum colega lhe deu, confirme se a história é real. Caso contrário, diga à criança que aquilo não é seu e que não lhe foi dado. É importante que seu filho devolva o objeto.
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::: Xingões e castigos podem fazer com que os pequenos mintam mais para não receber este tipo de punição. É preciso mostrar os benefícios da verdade e os prejuízos da mentira.
::: Desde cedo, estabeleça uma relação de confiança com seu filho. Tenha conversas abertas, pergunte o que está acontecendo e deixe claro que não há necessidade de esconder assuntos para não ser punido.
Fontes: psicólogas Aléssia Carpes e Isabel Vielmo Guidolin