Vendas pela internet, entrega pelos correios e milionárias transferências bancárias entre os investigados. Esses são alguns dos detalhes do esquema de tráfico de medicamentos investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e que terminou com a prisão de um juiz na terça-feira (23), em Joinville, no Norte do Estado. Também foram detidos um policial penal, um policial civil — que já estava na cadeia devido à outra investigação — e a esposa dele.
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De acordo com o documento que o NSC Total teve acesso, a investigação teve início em agosto de 2021 após denúncias de uma possível comercialização de medicamentos proibidos ou de uso controlado, sem receita médica, em uma plataforma de vendas na internet. Depois o grupo teria criado um site para a venda dos produtos, além de páginas em outros marketplaces.
Juiz preso em investigação de tráfico de medicamentos em SC é solto
O policial penal seria a principal peça da organização e teria como sócios o policial civil e a esposa dele, que atuava como agente de segurança socioeducativa. Além disso, há suspeita de envolvimento de fornecedores de medicamentos e “laranjas”, usadas para a movimentação financeira. O juiz é apontado como o “principal cliente” do grupo.
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De acordo com as investigações, os produtos eram entregues aos clientes de duas formas: pelo correio e por motoboys.
A investigação diz, ainda, que um dos suspeitos teria apresentado à Receita Federal uma movimentação financeira acima de R$ 14 milhões entre 2016 e 2020, o que teria gerado desconfiança. Os ganhos estavam “fora do padrão condizente com as atividades e dados informados pelo investigado”. Já outro suspeito teria movimentado, no mesmo período, mais de R$ 11 milhões.
Além disso, mesmo após a prisão de um dos sócios em outubro do ano passado, o grupo seguiu vendendo os medicamentos ilegalmente na internet. Há a suspeita do comércio de um produto que estava vencido, o que seria, segundo o MP, uma “ofensa à saúde pública das pessoas”.
Os bastidores da operação que gerou a prisão de um juiz em SC
Farmácias teriam envolvimento no tráfico
Ainda de acordo com a investigação, há a suspeita do envolvimento de farmácias no esquema. Um dos trechos do documento cita que um dos suspeitos teria comprado medicamento dos donos de um estabelecimento em São José e, depois, repassado a um dos chefes do esquema, lançando o pacote por cima de um muro em direção a casa dele. Os pagamentos, segundo a promotoria, ocorriam por meio de transações bancárias feitas em nome de “laranjas”.
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O dono de uma farmácia, com sede em Simonesia, em Minas Gerais, também aparece como suposto fornecedor de medicamentos ao grupo.
Outro ponto levantado pela promotoria é o possível uso de dados de detentos para abertura de contas para a lavagem de dinheiro do esquema. Ao menos duas pessoas, que tiveram passagens pelo sistema prisional de Santa Catarina, são apontadas como donas de contas bancárias que aparecem nas transferências financeiras.
O caso segue sendo investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Um dos alvos é o juiz Tago Fachin, que foi preso mas liberado após audiência de custódia.
O Tribunal de Justiça informou que o juiz usará tornozeleira eletrônica e ficará afastado da função e das demais pessoas investigadas no caso. O inquérito da investigação tramita no TJ, em sigilo, sob os cuidados do desembargador Sérgio Izidoro Heil.
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