Para ajudar a conter o avanço da dengue, que já atinge nível de epidemia em vários municípios brasileiros, uma vacina está sendo desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan. O imunizante já vem sendo testado há mais de 10 anos e tem eficácia de 79,6%.

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A taxa de eficácia da vacina brasileira é semelhante a do imunizante japonês Qdenga, que será ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) este ano. No entanto, a Qdenga é aplicada em duas doses, diferente da vacina do Butantan, que é de dose única e, consequentemente, de implementação mais fácil.

O imunizante brasileiro é projetado para proteger contra os quatro tipos diferentes do vírus da doença (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Segundo o portal do Instituto Butantan, este é “um diferencial entre todos os imunizantes atualmente em uso contra a doença”.

De acordo com o médico infectologista Esper Kallas, que participou do estudo da vacina como investigador principal, ter uma vacina que combata os quatro tipos de vírus ao mesmo tempo é necessário pelo fato de que o impacto da dengue varia conforme o histórico do paciente, ou seja, se ele já teve a doença ou não.

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— Aparentemente, anticorpos que foram produzidos pelo organismo contra o primeiro vírus facilitam com que um segundo vírus, que não é totalmente neutralizado, entre mais fácil nas células, se multiplique mais rápido e cause doença grave com uma frequência um pouco maior — explica o médico.

Para contrabalançar essa característica, uma vacina contra a dengue precisa agir contra os quatro vírus ao mesmo tempo, e as quatro proteções precisam trilhar um caminho muito equilibrado no organismo, e ainda apresentar uma grande eficácia.

Vacina precisa de aprovação da Anvisa para ser implementada

Ainda segundo o Instituto Butantan, a vacina é confiável: “a maioria das reações adversas foi classificada como leve a moderada, sendo as principais dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos imunizados, e todos se recuperaram totalmente”, diz o Instituto.

O Instituto está atualmente preparando a documentação necessária para submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim que a agência aprovar a vacina para uso emergencial, o instituto irá disponibilizá-la para o Ministério da Saúde. A expectativa é de que o documento possa ser aprovado até o final deste ano para que o imunizante seja disponibilizado no início de 2025 para a população.

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Busca por vacina na rede privada aumenta até 300% em SC

Em Santa Catarina já foram registrados 17.696 casos prováveis de dengue em 177 municípios em 2024. Os dados mostram um aumento de 650% em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, já foram confirmadas oito mortes pela doença.

Por conta disso, clínicas privadas de vacinação registraram um aumento significativo na busca por vacinas contra a dengue, no Estado. Embora o Ministério da Saúde tenha anunciado a distribuição, pelo SUS, de 720 mil doses do imunizante Qdenga, apenas 13 municípios do Norte do Estado serão contemplados nesta primeira remessa.

Porém, a mesma vacina pode ser adquirida na rede privada. O esquema de vacinação é de duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Conforme levantamento feito pelo NSC Total, cada uma das doses pode ser comprada por preços que variam entre R$ 299 e R$ 599 em clínicas de Santa Catarina.

A clínica Imunizar, que tem três unidades na Grande Florianópolis, registrou um aumento de cerca de 300% na busca por essa vacina na última semana. O mesmo crescimento foi notado na rede Panvel, que disponibiliza a vacina em 14 lojas, distribuídas em 12 cidades de Santa Catarina.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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