O esporte pode ser um mecanismo de desenvolvimento individual, mas também tem impactos na coletividade. Isso acontece desde as competições regionais, nas quais uma equipe representa seu bairro, até os torneios mundiais, em que um único atleta pode levar o nome de um país todo. Dessa forma, o público pode conhecer pessoas e culturas antes tão distantes e que passam a ganhar espaço pelo meio esportivo.

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E os governos viram uma oportunidade de desenvolvimento nessa área. Em 2005, o governo brasileiro criou um mecanismo de incentivo para ganhar representatividade. O Bolsa-atleta oferece, desde então, subsídio para a carreira de novos talentos, desde a categoria de base até a elite. Seguindo essa linha, os governos estaduais e municipais criaram seus próprios mecanismos de incentivo, para alcançar o maior número de desportistas, desde amadores a profissionais.

A lei municipal que cria o programa de bolsas em Joinville foi instituída em dezembro de 2009 com foco em atletas, paratletas, guias e técnicos que desejam competir em eventos do Estado: Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc e Parajasc), Joguinhos e Parajoguinhos, Olimpíada Estudantil e Paradesportivo e Jogos Escolares de Santa Catarina e Paradesportivo. Os valores variam de R$ 600 a R$ 2 mil para atletas e de R$ 1.500 a R$ 3 mil para técnicos.

Atualmente, são oferecidas bolsas a 438 atletas de Joinville, de 24 modalidades. Esses atletas devem apresentar plano de rendimento e participação em eventos, além de prestar contas dos gastos. Os investimentos costumam ser em equipamentos, deslocamento para competições, estadia e alimentação.

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O incentivo tem dado a oportunidade de atletas como Mariany Miyamoto, de 15 anos, forjar uma carreira promissora na ginástica rítmica. Nos ginásios desde os três anos de idade, Mariany iniciou nas competições aos nove, em 2011. Naquele ano, foi campeã brasileira, sul-americana e pan-americana. Foi também quando começou a receber o Bolsa-atleta da Fundação de Esportes de Joinville (Felej).

– A bolsa ajuda bastante. Não dá para comprar tudo o que quero, mas ajuda bastante porque tenho muito gasto com as passagens para as competições, porque a nossa equipe não tem patrocínio, então, é só a bolsa e o nosso dinheiro. Também os nossos collants de competição são muito caros, usamos quatro por ano – relata a atleta.

Mariany iniciou na escolinha de ginástica do Ginásio Abel Schulz, depois passou pelo Ivan Rodrigues e hoje treina com a equipe num ginásio municipal específico para ginástica rítmica, o Perácio Bernardo, no bairro Boa Vista.

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Desde que se tornou atleta de rendimento, Mariany vem colecionando títulos, como o pentacampeonato estadual; campeã de um torneio internacional em Ohio, Estados Unidos; bicampeã brasileira, vice-campeã sul-americana; e campeã nos Jogos e Joguinhos Abertos de Santa Catarina. Devido aos resultados, ela está apta a receber também a bolsa dos Jogos Escolares da Juventude e a bolsa internacional pelo Campeonato Sul-americano.

Como participar do bolsa-atleta

Interessados em concorrer a uma vaga no programa municipal de incentivo devem procurar a Fundação de Esporte, Lazer e Eventos de Joinville (Felej) a qualquer época do ano, pois não existe edital com prazo de inscrição. É necessário apresentar comprovante de prática esportiva e vínculo com escola ou centro de treinamento.

O candidato deve ter participado de competições esportivas antes de pleitear a bolsa, não pode receber patrocínio sem o conhecimento da Felej e deve apresentar um plano anual de participação com, no mínimo, uma competição oficial da modalidade e um treinamento para competição estadual, nacional ou internacional. O dossiê será analisado por uma banca de cinco profissionais da Felej, que definirá a pontuação do candidato e o valor recebido.

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A Fundação Municipal de Esportes está localizada na rua Inácio Bastos, 1.084, bairro Bucarein. A sede é anexa à Arena Joinville. Para entrar em contato, o telefone é 3433-1160.

Henrique conheceu modelo norte-americano

Outro exemplo é o atleta do basquete Henrique Medeiros, de 27 anos, que começou a jogar aos 11, em 2001, e se profissionalizou em 2005. O atleta iniciou em Joinville e foi estudar nos Estados Unidos, onde jogou pela Columbia College. De volta ao Brasil, ele recebe o Bolsa-atleta municipal desde 2013 para manter o rendimento.

– Primeiramente, é um incentivo para pessoas como eu, que tiveram experiência fora do Brasil, voltar a jogar basquete aqui. Ajuda a pagar as contas de quem já joga e é um auxílio também para quem está começando – afirma.

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A experiência nos times norte-americanos deu uma visão crítica a Henrique, que aponta a necessidade de outros investimentos além do programa de bolsa. Para o atleta, falta estrutura nos programas de formação de atletas.

– Faltam critérios para o desenvolvimento de atletas e com certeza a infraestrutura é muito carente. Fiz a faculdade nos Estados Unidos e vi como é lá fora. Hoje, o Brasil quer ganhar campeonatos, mas não quer formar atletas. Os ginásios de Joinville hoje são bons, mas o resto do Brasil está atrás do que precisa ser feito para chegar ao nível de Olimpíadas e competir de igual para igual no esporte – defende.