A pesquisa que elencou a praia do Pântano do Sul, no Sul de Florianópolis, como a mais poluída do Brasil, analisou uma área de cerca de 156 mil metros quadrados em 201 municípios brasileiros, do Chuí ao Oiapoque, entre abril de 2022 a agosto de 2023. O estudo Raio-X dos Resíduos na Costa Brasileira: Descobertas da 1° Expedição Ondas Limpas na Estrada foi produzido pela ONG Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). 

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Conforme o relatório, Pântano do Sul, em Florianópolis, foi a praia que mais se destacou em termos de poluição por macrorresíduos, macroplásticos (pedaços grandes de plástico) e microplásticos no Brasil. No local, a densidade média de microplásticos encontrados por metro quadrado de areia foi de 144,16, considerado o maior número de toda a costa brasileira. Em Santa Catarina, a pesquisa analisou 23 praias de 13 municípios.

O risco onipresente: como os microplásticos afetam a saúde e o ambiente em SC

Os dados estão disponíveis em uma plataforma interativa onde o púbico pode explorar as praias, cidades e estados mais e menos poluídos, categorizados por tipo de resíduo, facilitando a análise e visualização dos dado.

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Como foi feita a pesquisa?

A pesquisa contou com a rotatividade de 100 voluntários entre cientistas, fotógrafos, marinheiros, cozinheiros, motoristas e engenheiro mecânico. Ao longo das 306 praias analisadas, foram encontrados 16 mil fragmentos de microplástico e 72 mil de macrorresíduos. 

Até hoje, segundo o relatório, os estudos sobre microplástico no Brasil haviam sido feitos apenas nas regiões Sudeste e Nordeste. Esta é a primeira expedição científica para mapear a poluição por plástico em toda a costa brasileira. “Os resultados dessa pesquisa revelam um cenário alarmante e a urgente necessidade de agirmos para proteger o oceano”, diz trecho do relatório. 

Cada área de estudo foi delimitada considerando o distanciamento de interferências, como barracas, entradas de praia, entre outras, d também a linha mais alta da última maré e o início da zona de praia. Para a coleta de macrorresíduos, foram definidas quatro seções (bandas de 5 metros de largura), distribuídas aleatoriamente ao longo da área de estudo (100 metros). A coleta de microplásticos foi realizada em 12 quadrados de 0,25 metros quadrados, onde foram utilizadas peneiras de malhas específicas e água. 

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Todos os macrorresíduos encontrados dentro das seções foram pesados e categorizados in loco, seguindo o protocolo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), enquanto os microplásticos foram enviados para análise em laboratório, onde foram classificados e identificados por cor, forma e tamanho com a utilização de lupas e microscópios. 

Resultados 

Os resultados mostraram que 100% das praias do Brasil contêm resíduos plásticos, com microplásticos encontrados em 97% delas. Do total de resíduos, 91% são plásticos, sendo 61% itens descartáveis e de uso único, como tampas de garrafa. Além disso, 22% têm vida longa, como plásticos duros e 17% são apetrechos de pesca, como linhas de nylon.

“Embora sejam frequentemente destacados como um grande vilão dos descartáveis, os canudos representam apenas 2,15% dos resíduos encontrados nas praias brasileiras. Outros tipos de plástico, como os filtros de cigarro, são mais predominantes e contribuem significativamente para a poluição”, informa o relatório.

O que diz o IMA?

Segundo o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), a praia do Pântano do Sul é considerada própria para banho quando analisada pelos critérios sanitários. Contudo, em relação a presença dos poluentes emergentes, como os microplásticos, não há ainda uma normatização na legislação brasileira relacionada a este parâmetro.

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Confira a nota na íntegra

“O monitoramento da balneabilidade que o IMA faz segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.

A água é considerada:
Própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros.
Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.

Portanto, são análises diferentes. O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade, do ponto de vista sanitário”.

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