Jair Bolsonaro estava pescando durante as férias em Alagoas quando ficou sabendo sobre a operação da Polícia Federal (PF) contra um grupo suspeito de planejar um golpe de Estado após a eleição de Lula, em 2022. O ex-presidente teria minimizado a investigação, de acordo com Bela Megale, colunista do jornal O Globo.
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Bolsonaro teria dito que a operação da PF teria a função de impressionar os chefes de Estado do G20, “mostrando que o atual presidente é um democrata e prende golpistas”, conforme o jornal. O ex-presidente teria sido avisado sobre a operação por aliados enquanto estava na casa do seu ex-ministro do Turismo Gilson Machado, na cidade de São Miguel dos Milagres.
O ex-presidente ainda não se pronunciou oficialmente sobre a operação da Polícia Federal. Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que “pensar em matar alguém não é crime”.
“Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido. Sou autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de três ou mais pessoas, pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas”, declarou.
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O que pesa contra Jair Bolsonaro
A Operação Contragolpe foi deflagrada nessa terça-feira (19) e prendeu quatro militares e um policial federal. O general da reserva Mário Fernandes, um dos presos, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para um plano golpista até 31 de dezembro de 2022. A conversa consta no relatório de inteligência da operação.
No áudio enviado a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Fernandes afirma que o ex-presidente teria dito a ele que a “ação” poderia ocorrer até o último dia do mandato.
“Cid, boa noite. Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no dia de hoje. Mas, porr*, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porr*, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades”, teria dito Fernandes, conforme o relatório.
Durante o governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele foi responsável, segundo a PF, pela elaboração do arquivo de word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, com planejamento “voltado ao sequestro ou homicídio” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Lula e Alckmin.
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Segundo a PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto e levado para o Palácio da Alvorada, residência oficial de Jair Bolsonaro na época. O ex-presidente não é citado no caso como investigado.
“A investigação, mediante diligências probatórias, identificou que o documento contendo o planejamento operacional denominado Punhal Verde Amarelo foi impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022 e, posteriormente, levado até o Palácio da Alvorada, local de residência do presidente da República, Jair Bolsonaro”, diz o relatório da PF.
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