Foram 170 horas de investigação até a polícia catarinense capturar o ex-deputado estadual e ex-vereador Nilson Nelson Machado, o Duduco, 52 anos, no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
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Às 15h30min de domingo, quando o delegado Antônio Cláudio Seixas Joca apareceu na frente do político, a equipe de policiais civis de Florianópolis conseguiu enfim terminar a campana intensa montada com vários recursos policiais de investigação, à exceção de meios eletrônicos.
Duduco havia fugido de Florianópolis numa sexta-feira (13) quando vazou a informação que a Justiça decretara a prisão preventiva. A partir da segunda-feira (16), o delegado Ilson Silva, diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis e um dos policiais mais experientes da Capital, montou equipe integrada de investigadores da 1ª DP e 6ª DP.
O primeiro passo foi apurar a rede de amizades de Duduco. Surgiu a hipótese que estivesse em Porto Alegre. Houve buscas na capital gaúcha, mas a polícia descobriu que o Duduco informado que vivia no Rio Grande do Sul na realidade era outra pessoa com o mesmo apelido.
Foi então que a polícia atacou as amizades que Duduco havia feito no mundo carnavalesco, paixão antiga que o levava a participar de escola de samba e desfiles no Rio de Janeiro nos tempos de fartura.
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Na coordenação do grupo, o delegado Ilson resolveu escalar para as incursões no Morro do Alemão policiais nascidos no Estado do Rio de Janeiro. Dos dois investigadores que foram ao Rio, um deles, da 6ª DP é carioca. O terceiro policial, no comando da operação, foi designado o delegado Antônio Cláudio Seixas Joca, 39 anos, que também é carioca.
Joca atua na 1ª DP, no Centro. Ao longo dos anos ganhou destaque a frente de investigações por tráfico de drogas na 8ª DP, nos Ingleses. Recentemente, participou da força-tarefa que apurou os atentados e a facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
– O Joca antes de vir para Santa Catarina também foi policial no Rio de Janeiro, conhece bem aquela área. Essa prisão foi de investigação pura, na raça, sem nada de grampo (telefônico) – destacou Ilson.
Ao descobrir que Duduco havia recebido guarida na casa de uma amiga dos tempos de carnaval no Alemão, os policiais acharam uma laje para observá-lo à distância com uma luneta. Foi assim entre quinta-feira e domingo. Nesse período, houve outra chance de prendê-lo. A equipe abortou o primeiro atraque com receio que de alguma forma conseguisse escapar.
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Delegado que o prendeu é carioca
Na tarde de domingo, quando Duduco saiu do esconderijo, perto de uma igreja, policiais o cercaram. Duduco caminhava na rua. Estava de calça cinza, blazer preto e calçava um sapatênis. Ele foi colocado rapidamente na viatura da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
– Ele não conhecia o Joca e o viu falando com sotaque carioca não imaginou que fossem policiais de Florianópolis. A ficha dele só caiu depois – narrou o delegado Ilson, avisado por telefone do andamento da ação policial.
O delegado Joca disse à RBS TV que Duduco fugiu para o Rio de Janeiro por estratégia de defesa. O DC procurou na tarde desta segunda-feira o advogado Hélio Rubens Brasil.
– Esse caso está em segredo de Justiça. Por ética profissional não posso falar nada a respeito. A minha manifestação será nos autos do processo – disse o advogado.
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Destino será Penitenciária de Florianópolis
O voo comercial em que a polícia trará Duduco do Rio chegará em Florianópolis às 23h30min. De lá, seguirá para o Instituto Geral de Perícias para exame de corpo de delito. Depois, irá para a Penitenciária de Florianópolis, na Agronômica. Como é acusado de crimes sexuais, ficará isolado numa cela.
Duduco é réu num processo acusado de estupro, maus-tratos e coação. As denúncias são contra crianças. Ele nega os crimes. No Rio, afirmou aos policiais que só falará em juízo.
O caso terá andamento na Justiça com os depoimentos das partes, entre testemunhas, vítimas e o réu. Ao final, cuja data não é prevista, será dada a sentença. Como está com prisão preventiva, é possível que aguarde preso até o julgamento. A defesa não informou se entrará com habeas corpus.