As novas regras da caderneta de poupança, com rendimentos atrelados à taxa básica de juro (Selic), tendem a provocar um movimento de reavaliação dos investimentos financeiros no país.
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Com o dinheiro rendendo menos, poupadores terão de ter cautela na hora de buscar aplicações com ganhos maiores, alertam especialistas.
Mesmo com as mudanças, engatilhadas para a Selic chegar no patamar histórico de 8,5% ao ano, a poupança ainda terá rendimento um pouco acima de fundos de renda fixa com taxa de administração média do mercado, de 1,5% (veja comparações ao lado).
– Se a intenção é guardar o dinheiro para utilizar a qualquer momento, em uma emergência, a caderneta de poupança continua sendo a melhor opção – avalia Alcides Leite, professor da Escola de Negócios Trevisan.
E a rentabilidade mais vantajosa para a poupança em aplicações de curto prazo deve perdurar por um bom tempo. Conforme o Ministério da Fazenda, somente se Selic chegar a 7% ao ano, o que é pouco provável, na previsão de analistas, a caderneta e os fundos com taxa de administração de 0,5% (as mais baixas do mercado) terão a mesma rentabilidade – de 4,9% ao ano.
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Dessa forma, a escolha da melhor aplicação está diretamente relacionada com o período do resgate e o destino do dinheiro.
– O investidor deve ter definido para qual fim está guardando o dinheiro e em quanto tempo pretende concretizar o sonho. Isso vai ajudá-lo a escolher a aplicação que irá render mais – explica o educador financeiro Reinaldo Domingos.
A busca por uma alternativa à poupança é recomendada para aplicações com resgate após um ano, explica o especialista. Passado 12 meses, é recomendável avaliar opções de renda fixa, fundos DI e títulos do tesouro direto – ou também operações de renda variável, em bolsa de valores.
Para o professor de Finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Alexandre Chaia a tendência é de os investimentos de pequenos e médios poupadores fiquem estáveis, já que não teria sentido migrar para aplicações com rendimentos semelhantes ou até menores do que a poupança.
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– O efeito da queda de juro é o mesmo tanto para renda fixa como poupança. O fato é que o juro efetivo ficará cada vez menor, tendo a inflação como limitador – resume o especialista.
Governo quer incentivar compra de títulos públicos
A partir de amanhã, o governo federal tornará mais acessível a compra de títulos do Tesouro Direto, usados para financiar a dívida pública e investimentos da União. Uma das novidades é a redução do piso para compra de R$ 100 para R$ 30. Permanece a exigência, porém, do investidor pagar uma porcentagem mínima de cada título – agora de 10%, ao invés de 20%.
O teto das aplicações também será alterado. O valor máximo do investimento passará de R$ 400 mil para R$ 1 milhão. As demais mudanças são referentes à praticidade para efetuar e movimentar as aplicações no site do Tesouro Direto.
Apesar das mudanças, é preciso ter cuidado ao comprar títulos públicos, já que exige um conhecimento mínimo dos tipos de papéis. Há três opções: pós-fixados, prefixados e inflacionários. A Nota do Tesouro Nacional (NTN), por exemplo, acompanha a inflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
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– Embora a venda dos títulos do Tesouro Direto seja feita pelo site, o investidor precisa estar atrelado à uma corretora, o que irá lhe gerar um custo – alerta o educador financeiro Reinaldo Domingos, acrescentando que nos últimos 10 anos os títulos do Tesouro renderam o dobro da caderneta de poupança.
Vale lembrar, porém, que a liquidez no Tesouro Direto não é diária. O investidor pode vender seus títulos todas às quartas-feiras.
PRESTE ATENÇÃO
Nas poupanças antigas ainda vale a regra de rentabilidade de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). Nesses casos, especialistas alertam que não vale a pena o saque neste momento, pois não há nenhum produto semelhante no mercado – com alta liquidez e segurança – com essa rentabilidade.