Como contar a um filho que uma doença muito grave irá deixá-lo fraco, exigindo um tratamento longo e doloroso? Como contar aos netos que a vovó tão carinhosa ficará cada dia mais distante, incapaz até mesmo de conversar? Sem um manual que dê respostas prontas para perguntas tão complexas, muitas famílias tiveram de descobrir na prática como não deixar uma doença assustar os pequenos.

Continua depois da publicidade

Confira dicas práticas para quando for a hora de falar sobre doença com os pequenos – lembrando sempre que a verdade é o principal remédio.

Por que é importante explicar

::: Se a criança não compreende a situação pela qual a família está passando, sente-se insegura e incomodada, o que pode impor consequências sérias ao seu desenvolvimento.

::: Sentir tristeza diante da doença é natural. Sem um acompanhamento adequado, entretanto, esse sentimento pode piorar e evoluir para depressão profunda.

Continua depois da publicidade

::: Se o pai, a mãe ou outro familiar está em estágio terminal, tome muito cuidado ao levar a criança ao hospital. Uma opção é manter a comunicação por telefone ou mensagens de celular e e-mail, por exemplo. Outra sugestão é estabelecer uma rotina, mostrando o ambiente hospitalar aos poucos, sempre prestando atenção à reação dela ao local.

Use a imaginação

O diálogo entre os familiares é imprescindível para que as crianças consigam entender, à sua maneira, o impacto da doença no dia a dia, mas há outras estratégias. Os pais podem utilizar formas de expressão com as quais os filhos se identificam, como pintura, desenhos, música e até mesmo um filme.

Respeite a faixa etária

ATÉ DOIS ANOS

::: A mudança na rotina da casa é o maior desafio para a saúde emocional. Tente construir um novo dia a dia, adaptado à doença. Fale que a mãe não poderá mais brincar por muito tempo ou todos os dias, pois precisará descansar bastante. Nunca deixe de lado manifestações de amor.

DE DOIS A SETE ANOS

::: Há o risco de os filhos acharem que são culpados, principalmente quando os pais estão doentes. Deixe claro que os problemas podem atingir qualquer pessoa e que ninguém pode ser responsabilizado.

Continua depois da publicidade

DE SETE A 12 ANOS

::: As crianças já conseguem compreender a situação, mas as explicações ainda devem ser simples. É importante ficar atento a possíveis mudanças no desempenho escolar, na alimentação ou no sono. Alterações podem ser sinal de angústia.

ACIMA DE 12 ANOS

::: Os filhos já podem ajudar na busca por informações sobre a doença, pesquisando na internet ou com ajuda dos professores. O conhecimento do adolescente tranquiliza e ajuda a resolver os problemas que surgem na rotina da família. Sempre que possível, planeje atividades como idas ao cinema ou viagens à praia.

Como responder às dúvidas

Apresentar uma doença para crianças não é tarefa simples. A conversa varia de acordo com a gravidade e o tipo do problema, a idade e a capacidade de compreensão. Rosane Johansson Tramontina, psicóloga voluntária do Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul, dá dicas importantes a serem seguidas quando os filhos questionam os pais.

– Fale na linguagem que a criança entende, não avance além do que foi perguntado e não minta. Use exemplos, responda às perguntas e, quando não souber, procure orientação – recomenda.

Continua depois da publicidade

“Outras pessoas morreram por causa da doença. Vou morrer também?”

::: Nem sempre o que acontece com uma criança vai acontecer com as outras. Eu estou aqui com você e, juntos, vamos enfrentar tudo o que for preciso.

“Mãe, você está doente por culpa minha?”

::: Não, claro que não. Os problemas de saúde podem acontecer com qualquer um, e você não tem nada a ver com isso. Pelo contrário. Você só me ajuda, me deixa mais feliz e me dá mais força para superar esse problema. Sem você, tudo seria mais difícil.

“Meus amigos vão me abandonar?”

::: Os amigos de verdade nunca abandonam os amigos. Mas eles precisam saber o que está acontecendo para ajudar você. Assim, todos poderão se divertir juntos.

“Vai doer?”

::: Sim, mas você é forte e vai superar. Eu estou aqui e juntos vamos superar tudo.

“Na escola, meus amigos falaram que essa doença mata. É verdade?”

::: O problema que a gente enfrenta é sério e vamos lutar para vencê-lo. Seria bom conversarmos com os seus colegas e explicar o que está acontecendo com você. Assim, eles vão poder ajudá-lo durante esse período.

Continua depois da publicidade

“Vou poder voltar a jogar bola?”

::: Passada essa fase, o médico falou que você poderá voltar a jogar bola. Agora, temos de seguir o que ele nos recomendou.

Importante

::: Quando não souber a resposta a determinada pergunta, não invente. Diga que vocês podem questionar especialista na próxima consulta para que ele possa orientá-los.