Em meio à correria da vida cotidiana, deixar o filho na companhia da Galinha Pintadinha ou dos amigos Pablo e Tyrone, dos Backyardigans, é sem dúvida uma comodidade enorme. Estudos mostram, porém, que exagerar no tempo de televisão não é saudável para o desenvolvimento da criança. Isso porque, quando está em frente à tela, ela recebe passivamente as informações e deixa de desenvolver algumas habilidades de interação necessárias na primeira infância.
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Para a psicóloga e psicopedagoga infantil Aidê Wainberg, se a TV faz parte do dia a dia da família, é exagero ignorar a existência do aparelho. Dessa maneira, é necessário adequar a educação da criança à realidade familiar e monitorar o tempo de programação por dia.
– A mãe tem de se policiar, estabelecer um tempo limite, que pode ser de meia hora por dia, e que ela precisa se comprometer a controlar – explica.
A pedagoga Karin Fleck Hexsel corrobora a ideia de que não deve haver radicalismos. O ideal é buscar canais educativos e que ofereçam desenhos pedagógicos, próprios para cada idade. Uma criança de dois anos, por exemplo, não tem concentração para passar mais de 15 minutos seguidos assistindo à TV e entender o contexto da narrativa. A concentração dela só vai aumentar a partir dos três anos de idade.
– De vez em quando, a mãe pode colocar o filho em frente ao aparelho, mas o problema é que há mães que deixam a criança no cadeirão a manhã inteira e não prestam atenção com que tipo de programa ela está tendo contato – afirma Karin.
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Para aproveitar o tempo de convivência com a criança, busque alternativas aos programas de TV. Em vez de colocá-la em frente ao televisor, sente-se com ela ao sol, proponha um jogo ou brincadeira ou dê a seu filho papel e lápis para colorir. Se não tem como matricular o bebê na escolinha, outra atitude válida é chamar um amiguinho para brincar, estimulando habilidades de interação e sociabilidade.
Além disso, procure sempre interagir ao máximo com seu filho e, mesmo quando ele estiver assistindo a desenhos animados, faça-se presente. Junte-se à criança e converse com ela, pois é dever do adulto proporcionar esse contato.
E, por enquanto, não há motivo para abolir as TVs da casa.
– Como para tudo na vida, é preciso usar o bom senso – conclui a pedagoga.
Por que a TV pode fazer mal
Estudos sugerem que o tempo em frente à tela tem efeito no desenvolvimento do cérebro da criança:
Sociabilidade
Os primeiros três anos de vida são críticos para o desenvolvimento do cérebro. Por isso, bebês e crianças pequenas precisam interagir com outras pessoas. A TV traz risco de desenvolver desengajamento e vulnerabilidade à vitimização, além de poucas habilidades sociais e diminuição da capacidade de expressar empatia.
Desatenção
Assistir à TV na primeira infância pode aumentar o risco de problemas na atenção quando as crianças alcançarem os sete anos de idade.
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Sedentarismo e inatividade
Quando uma criança aprende a andar, deve ser fisicamente ativa por pelo menos três horas ao dia. O comportamento sedentário é diretamente ligado a maiores riscos de obesidade, diabetes do tipo 2, doenças cardiovasculares e AVC.
Má alimentação
Crianças reagem a anúncios de comidas nada saudáveis e fazem as refeições em frente à TV, o que atrapalha a memória do que elas já consumiram.