A tragédia que interrompeu os sonhos e a vida de 10 adolescentes das categorias de base do Flamengo, vítimas de um incêndio há pouco mais de uma semana no Rio de Janeiro, levantou um ponto de interrogação: qual é a realidade dos jovens nos clubes brasileiros?

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Irregularidades verificadas após o episódio levaram à interdição de alojamentos no próprio clube carioca, no Vasco e no Botafogo nos últimos dias.

Em Santa Catarina, os espaços que os principais clubes de futebol do Estado dedicam aos meninos formam um cenário de contrastes. De um lado, equipes tradicionais como Avaí, Figueirense e Criciúma estão com as documentações exigidas em dia e mantêm dezenas de garotos em seus alojamentos. Por outro lado, o Metropolitano e o Brusque sequer abrigam atletas da base nas próprias instalações.

A reportagem verificou as condições dos trabalhos com jovens nos clubes que disputam a Série A do Catarinense. (abaixo, detalhes da situação de cada time de SC).

Apenas o Brusque não possui categoria de base. Juntas, as equipes mantêm quase 1 mil garotos em categorias abaixo da profissional. Pelo menos um terço deles treina, come e dorme nas estruturas dos times.

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Somente a dupla da Capital, além do Criciúma, o Marcílio Dias, a Chapecoense, Tubarão e Hercílio Luz demonstraram estar em dias com as exigências dos Bombeiros e das prefeituras durante a última semana.

Tubarão e Hercílio Luz regularizaram seus alvarás de funcionamento junto ao município apenas na sexta-feira. Em Joinville, o clube reconheceu ainda não ter os pareceres técnicos dos Bombeiros e da Vigilância Sanitária.

A situação é mais crítica no Metropolitano, em Blumenau: Bombeiros estiveram no Centro de Treinamento durante a semana e constataram a ausência de equipamentos básicos de combate a incêndio. Foi dado prazo até terça-feira para que sejam feitas adequações. Um dos andares do prédio, que está em obras, foi interditado.

Já o Brusque não mantém categoria de base própria, apenas desenvolve parcerias com escolinhas.

A Federação Catarinense de Futebol (FCF) afirmou à reportagem que os clubes se dirigem diretamente aos órgãos oficiais de fiscalização em relação aos alvarás. A SC Clubes, sociedade civil que representa os principais times de futebol do Estado, também informou não ter atribuição de fiscalizar a base dos clubes. A entidade apenas dá assistência às questões de infraestrutura dos estádios, que passam por fiscalização a cada ano.

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Bombeiros avaliam situação no Estado

Incertezas em relação à situação dos clubes catarinenses levaram a Diretoria de Atividades Técnicas dos Bombeiros Militares do Estado a determinar na última semana que os batalhões nas áreas de cada clube verifiquem a documentação exigida pela corporação.

Segundo o capitão Oscar Barboza Junior, chefe da Divisão de Engenharia Contra Incêndio, a medida é voltada aos clubes que têm categorias de base.

Esse tipo de fiscalização, diz o capitão, costuma estar numa ordem de prioridade abaixo de boates e casas noturnas, por exemplo, por serem atividades consideradas de menor risco.

Como a validade das licenças é anual, cabe aos próprios clubes a obrigatoriedade de solicitar nova vistoria e renovação. Devido à repercussão da tragédia no Rio de Janeiro, a diretoria decidiu se antecipar aos pedidos para levantar eventuais irregularidades.

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Mesmo sem luxo e ostentação, as estruturas dedicadas por parte dos clubes de SC aos jovens colocam o Estado em posição de destaque nos trabalhos de base. Há seis equipes catarinenses catalogadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com o Certificado de Clube Formador.

Apenas 42 times no Brasil têm o registro. O documento dá prioridade aos clubes para assinar o primeiro contrato profissional com jogadores formados em casa.

Avaí apresentou alvarás de funcionamento do alojamento

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Atlético Tubarão abriga 92 garotos da categoria de base no CT