Três semanas se passaram desde o dia 18 de janeiro, quando o enfermeiro Júlio César Vasconcellos de Azevedo se tornou a primeira pessoa a ser vacinada contra Covid-19 em Santa Catarina. Desde então, cerca de 70 mil catarinenses foram imunizados contra a doença. O número está abaixo das expectativas, já que o Estado recebeu 213 mil doses e aparece no ranking dos que menos vacinaram no Brasil, conforme dados do consórcio de veículos de imprensa que faz contagem paralela junto ao Ministério da Saúde.

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Para o infectologista Antonio Fernando Boing, da Universidade Federal de Santa Catarina, a situação assusta por ser necessária a imunização coletiva para tentar frear o avanço do coronavírus.

– Apenas 33% das doses recebidas por Santa Catarina foram aplicadas até a última quarta-feira (dia de 3 de fevereiro). É vergonhoso diante do cenário e pelo fato de termos as doses disponíveis. Dá a impressão de que os municípios catarinenses não estão trabalhando com metas, e isso é urgente – observa o especialista.

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Para o médico, a situação emite um alerta. É possível que a chegada de mais doses e ampliação dos grupos coloquem em cheque o sistema.

– Os municípios estarão preparados? Terão os planos? – pergunta o infectologista.

Em nota, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) diz que a aplicação das vacinas depende da capacidade dos serviços de saúde de cada município e a proporção de vacinados só é calculada após o registro das informações.

Sobre o andamento da vacinação, a Dive-SC esclarece que as vacinas foram distribuídas com base na priorização estabelecida pelo Ministério da Saúde, sendo nesta primeira fase idosos e pessoas com deficiências institucionalizadas, indígenas aldeados e trabalhadores de saúde.

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Devido à escassez de doses das vacinas, o governo federal liberou estados e municípios a adequarem os planos às realidades locais. Isso pode estar na raiz do problema. Para alguns médicos, o fato de o governo ter pingado as doses pelos mais de 5,5 mil municípios foi um erro. Em um artigo assinado sábado, dia 30, na Folha de S.Paulo, o médico Drauzio Varella escreveu:

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– A experiência em campanhas de vacinação contra a gripe mostra que essa estratégia não se justifica quando há falta de vacinas.

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Há, ainda, outra situação instigante. Santa Catarina tem experiência reconhecida nacionalmente em vacinação, e sempre foi destaque nas campanhas. O que estaria acontecendo? Veja como as 10 maiores cidades do Estado estão agindo e se preparando para a imunização.

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