No calendário a qual estavam acostumados os políticos e quem vive a política, junho era o mês das definições eleitorais, com as convenções partidárias marcadas para o final do mês. As novas regras eleitorais aprovadas ano passado espicharam as conversas e as indefinições para 5 de agosto, nova data-limite para definição das candidaturas nas Eleições 2016.
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A mudança teve reflexo em praticamente todas as principais cidades de Santa Catarina. Mesmo onde há maior definição sobre os nomes que devem encarar a disputa pelas prefeituras, ainda estão abertas as articulações sobre candidatos a vice e o tamanho das novas coligações. Em meio às indefinições, os partidos também convivem com as novas regras que encurtaram a campanha eleitoral, diminuíram o tempo dos programas de rádio e televisão e proibiram as doações empresariais às campanhas.
Veja o panorama pré-eleitoral nas cidades que representam os sete principais polos regionais do Estado:
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Joinville
Cidade com maior eleitorado do Estado, Joinville deve repetir este ano o cenário de múltiplas candidaturas e resultado imprevisível que marcou as últimas duas disputas pela prefeitura. Candidato à reeleição, Udo Döhler (PMDB) está confirmado na disputa, mas vem enfrentado a perda de aliados para o projeto. O mais importante foi o PSB, do vice-prefeito Rodrigo Coelho, que decidiu não continuar com o peemedebista. O partido ainda decide se lança o deputado estadual Patrício Destro na disputa ou se indica o vice do principal nome de oposição: o deputado estadual Darci de Matos (PSD).
Embora Udo e Darci respondam pelas candidaturas mais densas, o cenário político está bastante fragmentado. Dois ex-prefeitos vão encarar a disputa: Marco Tebaldi (PSDB) e Carlito Merss (PT). Ambos também disputaram as eleição de 2012, quando o petista _ candidato à reeleição _ chegou em terceiro lugar, logo à frente do tucano.Tentando surpreender nessa disputa, aparece o médico José Aluizio Vieira (PP), o dr. Xuxo. Irmão do ex-deputado federal José Carlos Vieira, ele é suplente na Câmara dos Deputados, mas nunca ocupou mandatos. O quadro é completado por Ivan Rocha, do PSOL.
Florianópolis
Ao anunciar que está fora da disputa pela reeleição, o prefeito Cesar Souza Junior (PSD) ajudou a consolidar o cenário de pré-candidaturas em Florianópolis. Sem o pessedista, ganha espaço o nome da ex-prefeita Angela Amin (PP). De espectro ideológico semelhante, as duas candidaturas poderiam atrapalhar uma à outra no primeiro turno.
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Com isso, muda a expectativa de polarização entre o atual prefeito e o deputado estadual Gean Loureiro (PMDB), adversário de Cesar Junior no segundo turno em 2012. Mais encorpadas, as pré-candidaturas de Angela Amin e Gean lutam agora pela composição das alianças. O peemedebista tem em sua órbita partidos como o PTB e o PDT, que deve indicar o vice. A ex-prefeita prioriza a composição com PSDB e com o PR — caberá a um deles o vice na chapa. Sem Cesar Junior, o PSD pode apostar em Rodolfo Pinto da Luz, ex-secretário de Educação e ex-reitor da UFSC. O presidente estadual do partido, Gelson Merisio, defende apoio a Angela Amin, mas essa composição sofre resistências locais e do governador Raimundo Colombo (PSD). Outro nome definido é o do ex-secretário estadual de Planejamento, Murilo Flores (PSB).
No campo das esquerdas, estão em pauta dois nomes que disputaram a prefeitura em 2012: a deputada federal Angela Albino (PCdoB) e o professor Elson Pereira (PSOL), terceira e quarto naquela eleição. A eles se soma o advogado Gabriel Kazapi (PT). Os partidos ainda conversam sobre a possibilidade de uma frente unificada.
Blumenau
Com um cenário pré-eleitoral pulverizado, Blumenau caminha para enfrentar pela segunda vez uma disputa em dois turnos pela prefeitura. Candidato à reeleição, Napoleão Bernardes (PSDB) ainda busca aliados para a empreitada. Como estratégia, os tucanos buscam estadualizar a negociação, usando o apoio do partido em outras cidades como moeda de troca.
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Adversário de Napoleão no segundo turno em 2012, o deputado estadual Jean Kuhlmann (PSD) também está pronto para a disputa. Ele sobreviveu às tentativas do partido de emplacar um nome novo — como o secretário estadual de Educação Eduardo Deschamps ou o empresário Ronaldo Baumgarten Júnior — e até mesmo à pressão para que o ex-prefeito João Paulo Kleinübing, hoje secretário estadual de Saúde, entrasse na disputa. Kuhlmann negocia a vaga de vice com nomes que estão colocados como pré-candidatos a prefeito: o apresentador Alexandre José (PRB) e o vereador Mário Hildebrandt (PSB), presidente da Câmara.
O PT ainda discute internamente quem vai para a disputa. Estão inscritos para a prévia do partido, dia 26 de junho, a deputada estadual Ana Paula Lima, o vereador Jefferson Forest e o professor Valmor Schiochet. Ana Paula ficou em terceiro lugar em 2012. O campo das esquerdas deve contar também com a candidatura de Geórgia Faust (PSOL).
Criciúma
O fator de indefinição no cenário eleitoral de Criciúma continua o mesmo: o ex-prefeito Clésio Salvaro (PSDB) entra na disputa? Depois de sinalizar que havia desistido, o tucano anunciou sua pré-candidatura. Eleito em 2008, ele venceu a disputa pela reeleição em 2012, mas teve a posse barrada pela Justiça Eleitoral, que o considerou ficha-suja. Na eleição suplementar realizada em 2013, Clésio apoiou o eleito Márcio Búrigo (PP), com quem romperia no mesmo ano. O tucano garante que tem respaldo jurídico para concorrer desta vez, argumento contestado pelos adversários. Se não for para a disputa, o PSDB conta com a deputada federal Geovânia de Sá.
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A possível volta de Clésio pode afetar outra candidatura, a do primo e deputado estadual Cleiton Salvaro (PSB). O parlamentar já tem alinhavado o apoio do PSD, que indicaria como vice a vereadora Tati Teixeira. Cleiton havia sinalizado que não enfrentaria o primo, mas pessedistas e pessebistas não acreditam que o tucano seja mesmo candidato.
Nesse cenário confuso, o prefeito Márcio Búrigo (PP) conta com a parceria do PDT e negocia com o PMDB. Pré-candidato peemedebista, Acélio Casagrande tem conversado sobre ser o vice na chapa do pepista, com a bênção do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB).
Chapecó
Depois de uma eleição com apenas dois candidatos em 2012, os chapecoenses devem voltar a enfrentar um cenário eleitoral mais amplo na disputa deste ano pela prefeitura. Outra novidade é a ausência do PSD (ou do grupo político que o originou) na cabeça-de-chapa, o que não acontecia desde 1988. Com isso, a missão de representar a continuidade das gestões de João Rodrigues, hoje deputado federal, e José Claudio Caramori, ficou nas mãos do ex-peemedebista Luciano Buligon. Eleito vice em 2012, ele migrou para o PSB e assumiu a prefeitura em dezembro do ano passado com a missão de viabilizar politicamente para a disputa. No cargo, conseguiu consolidar-se como pré-candidato e acabar com os rumores de que Rodrigues poderia ser novamente candidato. O PSD deve indicar o vice.
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Principal rival do grupo pessedista liderado por Rodrigues e pelo deputado estadual Gelson Merisio, o PT está praticamente fechado com a pré-candidatura do deputado federal Pedro Uczai. O petista foi derrotado por Caramori em 2012. A opção petista seria a deputada estadual Luciane Carminatti.
O status de terceira via será disputado pelo deputado estadual Cesar Valduga (PCdoB) e Gilberto Agnolin (PMDB), ex-reitor da Unochapecó. PCdoB e PMDB ainda conversam sobre a possibilidade uma aliança que fortaleça a tentativa de romper a polarização que domina a cidade desde 1996.
Lages
Base eleitoral do governador Raimundo Colombo (PSD), Lages também apresenta um cenário indefinido para a disputa de outubro. Personagens de uma eleição com apenas dois candidatos e definida por exíguos 1.302 votos, o prefeito Elizeu Mattos (PMDB) e ex-deputado estadual Antonio Ceron (PSD) seriam nomes certos para concorrer, mas ainda enfrentam obstáculos. O caso de Elizeu é o mais incerto. Réu no processo derivado da Operação Águas Limpas, do Ministério Público de Santa Catarina, ele chegou a ser preso por dois meses e afastado da prefeitura por 296 dias. O peemedebista retomou o cargo em outubro do ano passado e desde então mantém suspense sobre a decisão de concorrer. A opção no PMDB é o deputado estadual Fernando Coruja, que reluta em assumir-se pré-candidato.
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Nome de confiança de Colombo, Antonio Ceron é o pré-candidato do PSD, mas enfrenta restrições na base. A exoneração do vereador João Alberto Duarte (PSD) do cargo de secretário regional de Lages na semana passada, em tempo de continuar elegível para prefeito ou vice, reacendeu a dúvida sobre a candidatura de Ceron. Filiado ao PSDB e com a pré-campanha na rua, o empresário Roberto Amaral seria a alternativa ao grupo pessedista, indicando o vice. Amaral também é muito próximo de Colombo. Completa o cenário de especulações a possibilidade de que a deputada federal Carmen Zanotto (PPS) entre na disputa. Em 2012, ela apoiou Elizeu.
Itajaí
Itajaí tem hoje um dos cenários mais indefinidos para as eleições de outubro entre as principais cidades do Estado. Boa parte dessa indefinição é fruto da desistência do ex-deputado federal Paulo Bornhausen (PSB) em participar da disputa. Ele havia transferido o domicílio eleitoral para a cidade portuária no ano passado e articulado o apoio do grupo político que hoje comanda a cidade, prefeito Jandir Bellini (PP) à frente, somado ao endosso do PSD em nível estadual.
Com Bornhausen fora da disputa, essa base política está em busca de um novo nome. Nessa composição, os principais nomes são o da vice-prefeita Dalva Rhenius (PSB), do empresário Eclésio da Silva (PSB) e do ex-vereador Nikolas Reis (PDT). O principal adversário será o ex-prefeito e ex-deputado estadual Volnei Morastoni, que trocou o PT pelo PMDB no ano passado – dentro da estratégia estadual dos peemedebistas de filiar lideranças em cidades onde não apresentavam nomes viáveis.
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A maior surpresa na disputa é a possibilidade do deputado federal Décio Lima entrar na briga. Ex-prefeito de Blumenau, ele transferiu o domicílio eleitoral para Itajaí, onde nasceu, no ano passado. O petista diz que só aceita ser candidato em uma composição suprapartidária. Um dos partidos que estuda o apoio a Décio é o PSD, que ficou isolado após a desistência de Bornhausen.
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