O Senado deflagra nesta segunda-feira a marcha do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Representante do Vale do Itajaí no plenário, o senador Dalírio Beber (PSDB) diz que a presidente cometeu crime de responsabilidade, vê o afastamento dela como uma alternativa para a recuperação do país, assegura que o partido não exigirá cargos no futuro governo e avalia que o episódio deixa lições para o futuro. No feriadão, ele me deu a seguinte entrevista.

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Qual foi o crime que a presidente cometeu e que justifica um processo de impeachment?

Houve um saque a descoberto junto a bancos públicos. Primeiro que as pedaladas fiscais são crime de responsabilidade fiscal e foram legitimadas pelo TCU e, segundo, que a contratação de empréstimos em bancos públicos é vedada em lei. Mesmo que fosse em bancos privados, teria que ter sido precedida de autorização legislativa. No caso do governo federal, são os bancos públicos que fazem toda a operação de transferência de recursos para os programas sociais e, como o governo não tinha caixa, deixou essas contas negativas, fazendo desta uma prática como fonte de recursos para financiar o déficit orçamentário.

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O que se pode esperar da apreciação do processo no Senado?

Seriedade e responsabilidade.

A troca de presidente resolverá os problemas institucionais, políticos e econômicos que afligem o país?

Nós não temos uma bolinha para definir o futuro, mas temos o dever de conhecer o presente. O presente diz que como está não temos nem o direito de ter esperança.

O PSDB participará do novo governo?

Não é projeto do PSDB, mas queremos reafirmar a disposição do partido em aprovar e apoiar todas as iniciativas que, de fato, permitam a reconstrução do país, sem ter a condição de cargos, nem pastas. O PSDB tem consciência de que o importante é respaldar as boas demandas que o novo governo deverá submeter ao Congresso Nacional.

Que lições ficam para o futuro?

O espelho retrovisor é sempre muito menor do que o para-brisa, mas é muito difícil, praticamente impossível, você dirigir com um para-brisa enorme sem ter pelo menos um pequeno retrovisor. O retrovisor está sempre aos seus olhos, mesmo sem perder o foco ou o horizonte à sua frente. Serve para te remeter ao que aconteceu lá atrás. E o que aconteceu no passado tem que estar sempre na nossa memória, para que todos os passos que dermos à frente levem em conta as frustrações, os erros e desilusões do passado. Se ele for suficiente para que tenhamos os parâmetros para analisar o que aconteceu no Brasil, desde 1990 até hoje, o futuro poderá ser proveitoso.

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