Os partidos políticos de Santa Catarina posicionam as peças para a disputa das eleições municipais de 2024. A exatos seis meses do primeiro turno, o cenário da corrida pelas prefeituras já tem nomes encaminhados na maioria das maiores cidades catarinenses.
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Nas últimas semanas, os partidos buscaram a filiação de novas lideranças. A corrida terminou no sábado (6), com o fim do prazo para que quem deseja disputar a eleição em outubro esteja vinculado ao partido político pelo qual vai concorrer. A data também marcou o fim da janela que permite a vereadores trocar de legenda sem risco de perder o mandato e é uma espécie de primeiro grande marco do calendário eleitoral dos partidos.
As trocas de partido anunciadas nas últimas semanas dão sinais da reacomodação de nomes e partidos que o eleitor vai conferir nas urnas. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o cenário atual em SC projeta disputas com forte mobilização na direita e em torno do PL, do governador Jorginho Mello e do ex-presidente Bolsonaro. Os presidentes dos sete maiores partidos do Estado também foram consultados para mapear a situação nas principais cidades do Estado.
Partido que mais ganhou novas prefeituras nas eleições municipais de 2020, o PL vai para a disputa turbinado pela vitória do governador Jorginho Mello e pelo bom desempenho de deputados e do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022. O partido deve ter candidatos a prefeito em pelo menos sete das 10 maiores cidades de SC.
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O governador, que é presidente da sigla em SC, avalia como positivo o balanço da temporada de filiações e da onda de novas adesões ao partido. Nomes como o deputado Egídio Ferrari foram anunciados no partido nas últimas semanas, e já devem estar nas urnas em outubro. A legenda também estava no alvo de uma das últimas novelas da reta final do prazo de filiações: a situação do deputado licenciado Ricardo Guidi, pré-candidato a prefeito de Criciúma. Ele avaliava trocar o PSD pelo PL para concorrer pelo partido do governador no município — o caso não teve definição até o fechamento da edição.
— O PL vai crescer muito em Santa Catarina. A gente já vinha numa batida de construção, reforço, e com as eleições de 2022 nos tornamos a maior bancada hoje da Assembleia, temos 12 deputados, temos seis federais, vice-governadora, governador, senador. O partido está no seu melhor momento — enaltece Jorginho.
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Um partido da centro-direita que também despontou na temporada de filiações foi o PSD, apontado por analistas como possível rival do PL nas eleições deste ano em SC. O partido ganhou reforços como o do secretário e pré-candidato a prefeito de Criciúma, Arleu da Silveira, apoiado por Clésio Salvaro e que fez o mesmo caminho para ingressar no novo partido. Até esta semana Arleu disputava com Ricardo Guidi a indicação do PSD para concorrer à prefeitura — no dia 4 de março, Guidi confirmou que vai se filiar ao PL para concorrer à prefeitura pelo partido, aceitando convite do governador Jorginho Mello.
O PSD tem nomes apresentados para a disputa a prefeito em pelo menos seis das 10 maiores cidades do Estado — hoje, cinco delas são governadas pela legenda. Nomes que buscarão a reeleição como Topázio Neto, em Florianópolis, e João Rodrigues, em Chapecó, são alguns dos destaques do partido. Em Joinville e Blumenau, o PSD vai apoiar candidatos a prefeito do Novo — Adriano Silva e Odair Tramontin, respectivamente.
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O presidente do partido em SC, Eron Giordani, acredita em uma eleição com menor efeito da polarização e diz que o eleitor vai priorizar “quem resolve seus problemas”. O dirigente descarta qualquer rivalidade com o PL, afirmando que as duas legendas defendem as mesmas bandeiras.
— A direita não é exclusividade de um partido. Um termo que ficou conhecido no governo Bolsonaro já foi mote dos nossos prefeitos lá em 2004, que já “despetizaram” o Estado. Aliás, importante ressaltar que eles (PL) querem participar dos nossos projetos em Florianópolis, Chapecó e Criciúma. O protagonismo do nosso partido se dá porque a gente tem projeto próprio para 2024 e 2026, independente de governo — defende Eron.
Os pré-candidatos a prefeito nas principais cidades de SC
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Joinville nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Florianópolis nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Blumenau nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em São José nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Itajaí nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Chapecó nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Palhoça nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Criciúma nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Jaraguá do Sul nas Eleições 2024
- Quem são os pré-candidatos a prefeito em Lages nas Eleições 2024
Movimentações na esquerda
O período de filiações mobilizou também partidos da esquerda em SC. Após a inédita ida ao segundo turno na eleição para governador em 2022, o PT aposta no desempenho econômico do governo Lula para tentar atrair o eleitorado e enfrentar a eventual resistência aos petistas no Estado, onde Bolsonaro teve mais de 70% dos votos na corrida presidencial. Eventuais reveses no lado bolsonarista, como a possível cassação do senador Jorge Seif, também estão no radar do partido, que crê em uma eleição que misture temas regionais e comparações entre os governos Lula e Bolsonaro.
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O presidente estadual da sigla, Décio Lima, afirma que o resultado de dois anos atrás no momento que segundo ele era o pior cenário histórico do partido no Estado criou um otimismo para as disputas nos municípios em 2024.
— O PT deve ter nestas eleições municipais o dobro de candidatos a vereador. Isso para nós é muito significativo. Além disso, a eleição do presidente Lula e nossa ida ao segundo turno trouxe para nós a possibilidade de quebrar o isolamento a que fomos submetidos, estabelecer uma política de aliança no campo democrático. Isso traz para nós um entusiasmo grande com alianças que estamos construindo — analisa.
Também no espectro da esquerda, o PSOL aposta em cidades-chave como Florianópolis, onde o deputado estadual Marquito deve ser o candidato, para tentar conquistar a primeira prefeitura do partido no Estado.
Os pré-candidatos a prefeito em Joinville
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Direita tradicional crê em pautas regionalizadas
Dentro desse cenário, partidos da chamada direita tradicional vão para a eleição com a perspectiva de que o eleitor priorize problemas locais, o que diminuiria a influência das questões ideológicas na campanha. Maior partido do Estado e com o maior número de prefeituras, o MDB vai para a disputa de outubro com a intenção de fazer ao menos 100 prefeitos.
O presidente da legenda, deputado federal Carlos Chiodini, trocou o domicílio eleitoral de Jaraguá do Sul para Itajaí e deve concorrer a prefeito. Além dele, a legenda deve ter ao menos mais cinco candidatos nas 10 principais cidades de SC. O dirigente defende que o partido aproveitou a janela de filiações e acredita que a eleição deste ano será descolada de discussões nacionais.
— Já tínhamos um clima polarizado em 2018, muito verticalizado, e em 2020 a eleição foi de fato municipal. Creio que isso se repita. Claro que com algumas diferenças momentâneas, o PL se estruturou, tem o governo do Estado, trabalha politicamente. Um realinhamento de forças, mas com foco nas discussões municipais — argumenta Chiodini.

O PSDB, que diminuiu de tamanho no país nas últimas duas eleições e perdeu lideranças também em SC, com saídas como a de Clésio Salvaro, aposta que o momento atual é um ponto de inflexão para o partido. A legenda buscou novas lideranças regionais e aposta na filiação de Dário Berger para concorrer à prefeitura de Florianópolis. A candidatura à prefeitura da atual vice-prefeita de Blumenau, Maria Regina de Souza Soar, também é assegurada pelo presidente estadual do partido, Marcos Vieira.
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— Tínhamos lideranças saindo do PSDB, a gente reconhece, mas felizmente a militância ficou. Partimos para o projeto de produzir novas lideranças a partir da militância que ficou ou trazer novos líderes. Exemplo disso é o ex-senador Dário Berger (pré-candidato do partido a prefeito em Florianópolis) e a manutenção da vice-prefeita de Blumenau — defende o deputado estadual.
Outros partidos também se organizam para as disputas nos municípios. No PP, o partido aposta em pré-candidaturas como a de Pedrão, em Florianópolis, e em alianças com o PL em algumas das principais cidades de SC. No União Brasil, a meta será chegar a 30 prefeitos e 300 vereadores, mas boa parte desse contingente já foi alcançado com novas filiações registradas nas últimas semanas. O partido atraiu lideranças de direita, mas que não encontravam espaço no PL. A principal cidade com candidato do partido a prefeito deve ser Itajaí, onde o concorrente será o atual secretário de Obras da cidade, Márcio Dedé.
Quem são os pré-candidatos a prefeito em Florianópolis
Temas nacionais podem fazer parte da campanha
Uma eleição que mistura temas da agenda municipal, como problemas da cidade, com temas nacionais e de costumes que ocupam o debate político desde a eleição entre Lula e Bolsonaro, em 2022. Essa é a projeção de especialistas para as eleições municipais de SC em 2024. Vacinação e questões religiosas, por exemplo, são temas que podem dividir as discussões entre os eleitores com postos de saúde e buracos de rua.
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O professor de Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Tiago Daher Padovezi Borges, afirma que um ponto de diferença em relação à última eleição é justamente a aglutinação em torno do PL, fortalecido pela figura de Bolsonaro.
Segundo ele, isso deve fazer com que outros partidos tenham certo cuidado ao abordar temas e posicionamentos presentes na última campanha presidencial, protagonizada por Lula e Bolsonaro.
— O Estado mostrou um apoio muito alto à candidatura do Bolsonaro. Em alguns municípios, você pode ter mais de uma candidatura no campo da direita e uma discussão sobre quem representa mais o Bolsonaro, como houve na eleição estadual (para governador). Possivelmente os partidos vão ter algum tipo de cuidado com temas nacionais, temas mais conservadores que possam aparecer, para não perder esses eleitores — projeta.
O professor e cientista político Eduardo Guerini avalia que há uma aproximação de partidos de direita e da extrema direita para o apelo a pautas de costumes na campanha deste ano. Além disso, ele acredita num crescimento das principais legendas desse campo e diminuição dos partidos menores, numa continuação de um movimento já observado nas duas últimas eleições.
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— Inevitavelmente teremos uma disputa muito acirrada, mas em que o confronto dos planos e programas para os munícipes estará muito distante do ideal para um pleito municipal — aponta.
Os pré-candidatos a prefeito em Blumenau
As próximas paradas da corrida eleitoral
- Após o fim do prazo para filiações e troca de partidos, o calendário eleitoral prevê como próximas datas o fim do prazo para mudanças no título eleitoral, até 8 de maio para quem tem biometria cadastrada.
- Há também o período das convenções partidárias, que definem oficialmente os candidatos e poderão ocorrer de 20 de julho a 5 de agosto.
- Na sequência, ocorre o registro das candidaturas, até 15 de agosto.
- No dia seguinte, 16 de agosto, começa a campanha eleitoral em si, com possibilidade de propaganda eleitoral por parte dos candidatos.
- O horário eleitoral gratuito em rádio e TV começa a ser exibido em 30 de agosto.
- O primeiro turno das eleições ocorre em 6 de outubro, e o segundo turno, nas três cidades de SC em que ele pode ocorrer, está previsto para 27 de outubro.
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