Vista aérea mostra a Praia Central de Balneário Camboriú sem arranha-céus e sem a badalação dos dias atuais (Foto: Arquivo de Balneário Camboriú, Divulgação)
Santa Catarina perdeu nesta terça-feira (14) o ex-governador Colombo Salles, aos 97 anos. Nomeado durante a Ditadura Militar para o cargo que ocupou entre 1971 e 1975, o político foi contemporâneo de uma transformação vivida pelas cidades catarinenses à época, tanto econômicas, quanto sociais. Mas, afinal de contas, como era o Estado governado por Salles 50 anos atrás?
Por aqui, moravam 2,9 milhões de pessoas, 4,7 milhões a menos do que nos dias atuais, segundo o Censo 2022. A maior cidade de Santa Catarina ainda era Florianópolis, que tinha 138 mil habitantes. E engana-se quem pensa que a segunda maior era Joinville: o título pertencia a Lages, com 129 mil, seguido pela Manchester catarinense, que tinha 126 mil. Blumenau era a quarta, com recém-conquistados 100 mil moradores.
Veja como era SC durante o governo Colombo Salles
Arraste para o lado e confira imagens e informações sobre as cidades catarinenses nos anos 1970, quando Colombo Salles governou SC ao ser nomeado pelo presidente Médici.
Florianópolis era ainda a maior cidade do Estado, com 138 mil habitantes e 26 mil domicílios (Foto: Antigas de Florianópolis, Arquivo Pessoal)
Assim era a Beira-Mar Norte em Florianópolis na década de 1970… (Foto: Antigas de Florianópolis, Arquivo Pessoal)
A hoje maior cidade do Estado, à época, não era a maior. Joinville tinha 126 mil habitantes, 12 mil a menos que a Capital. Dez anos depois, esse número quase dobraria. (Foto: Classicalbuses, Reprodução)
O JEC, 12 vezes campeão catarinense, ainda não existia. Joinville ainda era dividida entre Caxias e América. (Foto: Roberto Alves, Arquivo Pessoal)
Blumenau tinha acabado de chegar a 100 mil moradores e ainda dependia fortemente da indústria têxtil na economia. (Foto: Arquivo de Adalberto Day)
Tinha acabado de ser criado em Blumenau o Centro Eletrônico da Indústria Têxtil (Cetil), projeto inovador que foi o berço da TI em Santa Catarina. (Foto: Arquivo Histórico)
Cetil, pioneira na inovação e tecnologia para a indústria, ficava em Blumenau (Foto: Arquivo Histórico)
Na década de 1970, o Aeroporto de Itajaí (foto) é desativado e dá espaço ao recém-inaugurado Aeroporto de Navegantes (Foto: Itajaí Antigamente, Divulgação)
É também na década de 1970 que a BR-101 passa a ter um trecho completo ligando Florianópolis e Torres (SC). Até então, a rodovia não era contínua entre SC e RS. (Foto: DER, Divulgação)
Em 1973, durante a gestão de Colombo Salles, os governos começam a discussão da construção de um novo trecho da BR-470, entre Gaspar e Navegantes (Foto: JSC, Arquivo)
Vista aérea mostra como era Chapecó na década de 1970. À época, a maior cidade do Oeste tinha 49 mil habitantes. (Foto: Memória Digital, Divulgação)
O cooperativismo, já forte em SC, decide unir forças. Em 1971, a Ascoop vira Organização das Cooperativas do Estado (Ocesc). Na foto, a Cooper, de Blumenau. (Foto: Ocesc, Divulgação)
Santa Catarina tinha 197 municípios, contra os 295 dos dias atuais. Cidades como Correia Pinto (foto) e Otacílio Costa, desmembradas de Lages nos anos 1980, nem existiam (Foto: Regiane Machado, Arquivo Pessoal)
Criciúma vivia ainda o auge da extração de carvão, que segundo os historiadores se estendeu até meados da década de 1970. A cidade era uma das maiores do Estado, com 81 mil habitantes. (Foto: Divulgação)
É em 1971, primeiro ano de Colombo Salles, que ocorre a desativação da Estrada de Ferro Santa Catarina, única ferrovia brasileira construída com tecnologia alemã. (Foto: Arquivo Histórico)
Itajaí, por incrível que pareça, ainda não vivia da pesca. É só durante a gestão de Colombo Salles que a cidade dá o impulso à pesca industrial. (Foto: Arquivo Histórico)
Os Jogos Abertos de Santa Catarina se consolidavam como uma grande olimpíada estadual, com cidades medindo forças. Naquela década, Blumenau venceu todas as edições (Foto: Divulgação)
Lages era a segunda maior cidade de Santa Catarina, com 129 mil habitantes, mais até do que Joinville. Empresas de papel e celulose dominavam a economia no município. (Foto: Divulgação)
Em 1975, último ano de Colombo Salles no Governo, foi retomada a obra do Hospital Universitário da UFSC, concluída em 1980. (Foto: Agecom, Divulgação)
Assim era uma temporada de verão em Balneário Camboriú na década de 1970. A cidade começava a ficar badalada e tinha os primeiro prédios à beira-mar (Foto: Arquivo Nacional)
Balneário Camboriú era uma cidade sem arranha-céus de apenas 10 mil habitantes no Litoral Norte (Foto: Arquivo de Balneário Camboriú)
Zany Gonzaga foi um dos presidentes da Alesc (1973-1974) durante a gestão de Colombo Salles. Os outros foram Nelson Pedrini e Epitácio Bittencourt (Foto: Acervo de SC)
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Biografia de Colombo Salles
Natural de Laguna, Colombo Machado Salles governou Santa Catarina entre 1971 e 1975. À época, ele era filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena) e foi indicado ao cargo pelo presidente, Emílio Médici. Engenheiro civil de formação, Salles costumava dizer que foi alçado ao Executivo por conta de seu perfil técnico. Sua missão era fazer uma renovação política no Estado, até então comandado por oligarquias.
— Eu fui um acidente na vida política de Santa Catarina — declarou o ex-governador, em entrevista à rádio CBN, em 2016. — Estava dando uma aula inaugural na Universidade Federal de Goiânia, quando interromperam minha aula para comunicar que eu havia sido indicado governador. Eu me preparei para ouvir uma vaia.
A gestão foi marcada pelo Projeto Catarinense de Desenvolvimento (PCD), que teve como objetivo principal a integração regional de Santa Catarina. Foram mais de 500 quilômetros de estradas, que resultaram na modernização da rede de comunicações e na implantação de 85 mil linhas telefônicas. O político também criou a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).
Era primo de Lauro Müller, o primeiro governador republicano de Santa Catarina, vice-governador, senador, deputado federal e ministro das Relações Exteriores. Também era primo de Felipe Schmidt, governador, deputado federal constituinte em 1891 e senador.