Moradora de Biguaçu, a cerca de 28 quilômetros de Florianópolis, Cármen Sofia Flach precisa acordar às 5h30min todos os dias para conseguir chegar a tempo para a aula do terceiro ano do ensino médio no Gaia, curso e colégio localizado no Centro da Capital. A rotina de estudos da adolescente de 17 anos só acaba às 23h “nos dias mais tranquilos”, como explica. Isto porque ela tem o desejo de cursar Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde uma vaga para entrar no curso é disputada por 67 inscritos.  

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O Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2025 ocorre neste sábado (7) e domingo (8), e movimenta quase 24 mil alunos com desejo de entrar para uma das 6,7 mil vagas oferecidas em 200 cursos.

Para Cármen, a escolha de cursar Medicina foi feita somente no ensino médio por uma vontade de conciliar as áreas de Biologia e Química, as quais ela tem interesse, com o desejo de trabalhar com seres humanos. A adolescente também conta que sempre foi atendida por ótimos médicos que a incentivaram a seguir na área. Contudo, não foi uma decisão simples. 

— É um curso muito concorrido e difícil. A gente fica até com medo de falar: “quero Medicina”, porque a partir do momento que você fala que você quer esse sonho, você sabe de tudo que vai ter que abdicar, do esforço que vai ter que colocar nesse caminho. […] Eu gosto de me comunicar, gosto de ajudar e eu sinto que a Medicina é uma das profissões mais gratificantes que alguém pode ter — conta a estudante. 

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O curso da UFSC que recebeu apenas três inscritos em Florianópolis mesmo com 49 vagas

Além da UFSC, Carmén mira ser aprovada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), local em que a disputa para entrar no curso é de uma vaga a cada 64 alunos. Com a concorrência acirrada, ela fala que exige muita dedicação para dar conta das aulas do ensino médio junto com a rotina de estudos para o vestibular. 

— É muito cansativo. Tem dias que exigem demais e sinto que ter que conciliar tudo isso com o ensino médio é uma carga a mais. A gente tem prova, a gente tem trabalho, a gente tem demandas da escola. Não pode escolher as aulas que queremos ver. Temos que assistir tudo, temos que ter presença — explica.

Este é o primeiro ano que Cármen faz o vestibular “oficialmente”. Em outros anos, ela participou das provas como treineira. Para a prova da UFSC, que ocorre neste final semana, ela diz estar preparada e sente que deu o melhor durante os anos de estudo:

— Eu dei o meu melhor durante toda a preparação, não só neste ano, mas antes. Eu tenho confiança de que vai ser o que tiver que ser, e eu tenho certeza que o meu esforço eventualmente vai ser recompensado. Eu sinto que estou preparada e eu espero que tenha sido suficiente. 

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Três anos de tentativa 

Diferente de Cármen, Helena Ferreira de Macedo, de 27 anos, está no terceiro ano tentando uma vaga para cursar Medicina na UFSC. Formada em Direito pela mesma instituição, a estudante decidiu mudar de área após não se identificar mais com a profissão que atuava. Filha de uma médica, ela viu no curso a oportunidade de trabalhar com aquilo que realmente gostava de fazer. 

— Não estava gostando das experiências que eu estava vendo dentro da graduação e do meio profissional também. Comecei a trabalhar com outras coisas, trabalhei um tempo com vendas e realmente não estava me encontrando em nenhuma delas — explica.

Helena também tem uma rotina que considera “puxada” com mais de 12 horas de estudos. As aulas do pré-vestibular acontecem no período da noite, entretanto, ela explica que acorda “logo cedo” e cozinha todas as refeições que irá comer ao longo da semana para não ter que se preocupar mais.

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— Eu tenho muita paz de espírito para a prova. Eu estou tranquila, acho que estudei muito e tenho tido bons resultados esse ano — diz.

Como fica a saúde mental?

Em uma rotina que exige dedicação extrema e muitas horas de estudos para entrar no curso mais concorrido da UFSC, a pressão e ansiedade podem trazer impactos negativos para a saúde mental. Para a vestibulanda Cármen, o objetivo de passar em Medicina deixou rastros de exaustão e cobrança.

— Eu não sinto nem tanta pressão das pessoas que estão ao meu redor, mas eu acho que é tudo aquilo que a gente se cobra. A gente vê o tanto que está estudando e o quanto que a gente almeja esse objetivo e o quanto que é difícil. São poucas vagas e muitas pessoas que merecem passar. Acaba que a gente fica sempre querendo estudar mais — conta.

Durante os anos de estudos, Carmén precisou abdicar de algumas atividades, como sair durante o final de semana e ter poucos momentos de descanso. Para passar por esta fase, a estudante conta com a ajuda dos amigos e familiares, além do apoio dos professores e colegas do pré-vestibular que enfrentam a mesma situação.

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— Meus pais e minha irmã são muito compreensivos. Eles sempre me deram todo o apoio que eu precisava para seguir esse sonho. Meus pais, incontáveis vezes, secaram as minhas lágrimas de cansaço e de desespero durante o processo — complementa.

Em contrapartida, para Helena, continuar com a vida social ativa é uma das formas que encontrou para manter a sanidade durante a fase do vestibular.

— Eu fiz muita questão de não me isolar. Eu não cortei a minha vida social, eu não deixei de fazer esportes, não deixei de me alimentar. Eu cuidei muito para que a minha vida de saúde mesmo estivesse dentro dos eixos — explica. 

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