Para que o vidro ganhe forma é preciso 72% de areia, 14% de sódio, 9% de cálcio, 4% de magnésio, 0,7% de alumina e 0,3% de potássio. Mas para conseguir a fórmula dos vitrais é necessário muito mais. Além de conhecimento, criatividade e dedicação, é a paciência que molda pedaços de vidros coloridos em grandes estruturas. A tradição inserida no Vale do Itajaí pelos colonizadores se mantém principalmente em templos religiosos e enche os olhos do público.

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Na Catedral São Paulo Apóstolo, em Blumenau, turistas passam pelas paredes de pedra com vitrais em destaque. O médico paulista Osiris Dall Acqua, 62 anos, faz questão de fotografar e apresentar o local aos amigos. Para ele, a igreja é mais despojada que as tradicionais:

– Além de ser um ponto de turismo e ter uma estrutura belíssima com vitrais e colunas altas, é somente aqui que as andorinhas passeiam livremente e cruzam o interior de uma janela a outra.

Apesar da beleza, encontrar profissionais especializados no conserto das relíquias de vidro é um obstáculo.

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>> Artistas plásticas comentam a tradição dos vitrais no Vale do Itajaí <<

Depois de anos sem restauro, peças feitas pelo alemão Lorenz Heilmair com ajuda da artista plástica Elke Hering na catedral estão sendo levadas para reparos no estúdio Vitralis, em Curitiba (PR). O restauro de 28 partes da obra começou em julho e deve ser concluído até o final do mês por Lorenz Johannes Heilmair, filho do artista. Até lá um vidro liso permanece no local.

– Estas peças possuem técnicas resistentes com chumbo, com rara manutenção pois não sofrem desgaste. O que ocorre geralmente é a quebra do vidro por acidente. A manutenção demanda cuidado, mas não é demorada apesar da atenção necessária ao vidro artesanal soprado à boca – conta Lorenz que dá continuidade ao trabalho do pai.

Na Igreja Luterana do Espírito Santo a manutenção das peças está nas mãos da arquiteta Rosália Wal:

– A igreja tem cinco vitrais e acredita-se que os três menores vieram da Alemanha. Eles têm estrutura em ferro diferenciada que sustenta os vidros por trás, com dimensões maiores que o normal.

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Rosália descobriu que eles foram encomendados no início do século 20 e estão sem deformações. Os outros dois grandes vitrais vieram da Casa Conrado Sorgenhich (SP), sem data confirmada. Como a igreja é tombada, a arquiteta aguarda a liberação do projeto para dar continuidade ao restauro.

Confira as galerias de fotos das principais igrejas e templos religiosos cujos vitrais encantam moradores e turistas no Vale do Itajaí:

? Igreja Matriz São Pio X, em Ilhota

Os vitrais da igreja exibem a imagem de Jesus Cristo, Maria e a representação de São Francisco de Assis. São peças grandes que estão presentes em todas as paredes do templo que neste ano completa 60 anos. Não mais informações sobre a origem dos vitrais do local que passou por grande reforma em 1960.

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? Paróquia Luterana do Espírito Santo, em Blumenau

A igreja possui cinco vitrais e todos foram doados pela família Hermann Müller Hering, em 1925. Nos três menores que estão nos fundos do altar Jesus Cristo está retratado na cruz e nos dois maiores que ficam nas laterais do tempo é possível ver os apóstolos e a imagem de Cristo.

? Paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar

Além dos vitrais em mosaico, as grandes vidraças pintadas mostram a vida de Jesus e personagens bíblicos como Maria. As peças estão distribuídas nas paredes e no altar da igreja. Não há informações sobre artista ou a origem dos vitrais, mas sabe-se que foram instalados junto com pisos e portas a partir de 1948.

? Catedral São Paulo Apóstolo, em Blumenau

Da entrada é possível ver a obra de uvas, peixes e galhos feita pelo alemão Lorenz Heilmair com ajuda da artista plástica Elke Hering em 1957. São quase 800 metros quadrados de vitrais. Nas paredes estão distribuídas 16 rosáceas de 1,80m,com a Via Sacra e a ressurreição. No altar, vitrais representam coroa de espinhos de Cristo.

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